Lar, doce lar! Era um alívio para Dinho estar em casa! A viagem de volta tinha sido cansativa mas compensava retornar para o aconchego de sua residência. Estar em Miami fora uma experiência e tanto, apesar dos percalços levaria consigo ótimas memórias e grandes amizades. Quem sabe até voltasse a visitar aquela bela cidade de novo.
- Pronto! Tá instalado! - diz Tião colocando as malas do amigo próximo ao guarda-roupa.
- Brigado aí, amigão! - Dinho o agradece com um sorriso, sentando-se na cama, ele usava uma bengala como apoio para se locomover melhor. Assim que se acomoda, encosta o dispositivo na escrivaninha.
- Cê tem certeza mesmo que num quer ir lá pra casa não? - Tião não aprovava a ideia de Dinho ficar sozinho ali, tentou dissuadí-lo de todos os modos, mas quando seu amigo enfiava uma coisa na cabeça não tinha quem tirasse. - Já te disse que num acho legal cê ficar aqui sozinho, óh.
- Num tem necessidade não! Pode deixar que eu me viro. - Apesar de só ter uma semana do acidente, sentia-se melhor e a dor no corpo diminuíra bastante.
- Dinho larga mão de ser tinhoso! Lá em casa pelo menos vai ter alguém pra te ajudar. - Tião insiste mais uma vez tentando convencê-lo, por mais que conseguisse fazer algumas coisas sozinho era arriscado demais deixá-lo sem auxílio.
- E dar trabalho procês? De jeito nenhum! - o rapaz não queria depender de ninguém, sentia-se inútil quando alguém o ajudava.
- Cê pelo menos podia ter ligado pra alguém da sua família vir ficar aqui contigo, né? - fala o óbvio, mas Dinho estava determinado a recusar a mínima ajuda possível, pois sempre fora independente e não seria agora que mudaria isso.
- Minha mãe até que queria vir, mas eu disse pra ela que tava tudo bem. - responde meio contrariado.
- Deus do céu, Dinho! - exaspera-se ao receber aquela informação. - Mas é um lambão mesmo, óh! - o peão achava tolice a tenacidade de seu amigo em negar qualquer assistência.
- Stop, finish e the end! - diz irritado e Tião revira os olhos, seu amigo continuava com aquela mania de falar em inglês. Ele pensou que isso fosse passar quando voltassem para Boiadeiros. - Morreu o assunto, vou ficar aqui sozinho e pronto.
- Ai minha Nossa Senhora Aparecida! - profere impaciente, Dinho às vezes parecia uma criança birrenta. - Porque cê tem que ser tão teimoso? - questiona indignado. - Não é a toa que se deu tão bem com dona Neuta, dois teimosos, nossinhora! - Ao ouvir o nome de sua dama, o peão suspira apaixonado.
Aquela mulher era seu sopro de vida, seu caminho para uma eternidade feliz e apaziguadora, só de pensar nela um discreto sorriso surge no canto de sua boca. Mesmo que ela não estivesse presente podia sentir o seu cheiro, o gosto doce do beijo e a textura da pele macia só de evocá-la em sua mente. Tião acha graça ao ver a expressão abobalhada dele com a simples menção do nome dela.
- Como é que cês tão? - pergunta curioso.
- Na mesma! - responde frustrado, parte daquilo era culpa sua por mantê-la a certa distância. - Ôh saudades da minha dama dos olhos verdes! - exclama se jogando de costas na cama esquecendo-se de sua condição precária. - Ai! Ai! - profere ao sentir uma fisgada de dor no ombro, ele passa a mão no local para aliviar o desconforto.
- Cuidado aí, seu doido! - adverte rindo. - Se tá com saudade, então volta logo pra ela. - Tião já estava cansado daquele lenga-lenga entre o casal.
- Não é tão simples assim não, óh. - tampa os olhos com o braço, a imagem que surge na sua cabeça naquele momento o deixa enojado.
- É sim, basta tu querer! - o peão sabia das complicações do fatídico namoro secreto de seu amigo, mas tentava ser positivo para animá-lo a lutar pela mulher que amava.
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A Dama & O Peão
FanfictionPresa em um casamento infeliz e fracassado, Neuta vive um dia de cada vez em uma rotina maçante. Até que um belo dia ela esbarra em alguém que mudaria sua vida para sempre.