Entardecer

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Baekhyun estava hipnotizado.

Sentiu seu corpo ficar gelado de uma hora para a outra, e não conseguia tirar os olhos daquela tatuagem, como se, magicamente, ela fosse desaparecer e, desse jeito, estaria diante de qualquer outra pessoa aleatória, menos dele.

Não poderia ser aquele Chanyeol, não poderia ser o cara que tinha o ajudado há seis meses. As memórias daquela noite passaram em sua mente como um flashback que durou segundos e, logo, engoliu em seco; queria esquecer da existência daquele dia.

Toda a vergonha que passou o atingiu como um soco no estômago, o fazendo abaixar a cabeça por um momento e, quando decidiu erguer o olhar, foi surpreendido pelas orbes negras olhando para as suas.

Pelo visto, ele realmente gostava de olhar nos olhos das pessoas.

Tudo que Baekhyun menos queria era encará-lo depois de ter estragado seu coturno, "roubado" sua jaqueta e de tê-lo dado tanto trabalho como deu naquela noite.

Não soube o que fazer quando viu um sorriso ladino surgir nos finos lábios, um sorriso surpreso e um arquear de sobrancelhas que diziam claramente: olha só quem eu encontrei.

Byun não queria de jeito nenhum que alguém soubesse o que aconteceu há seis meses atrás e, se pudesse, sairia correndo naquele momento, mas acabaria dando muito na cara de que tinha ocorrido algo. Assim, apenas ficou em seu lugar, parado, tentando controlar a respiração e o nervosismo que estava sentindo.

— Tudo bem, Baekhyun? Você ficou meio pálido... — Kyungsoo, seu amigo, comentou, abaixando minimamente o rosto para olhá-lo. — Parece que viu um espírito.

Antes fosse isso, pensou Baekhyun.

O sorriso de Chanyeol alargou no instante que escutou o nome do Byun. Se sentiu realizado ao descobrir, depois de seis meses, qual era o nome do cara que não-precisava-saber-o-nome, bêbado, e que estragou seu coturno favorito.

— Pois é. — Park riu anasalado. — Está tudo bem, Baekhyun? — Deu um ênfase em seu nome, usando um tom de voz sarcástico. E foi nesse momento que o rapaz decidiu finalmente encará-lo de volta.

— Estou ótimo. — Forçou um sorriso e cruzou os braços, sem saber o que falar ou se deveria reagir de outra maneira.

Olhando no fundo das íris escuras, teve a impressão de que, agora, elas carregavam um pouco mais de cansaço e ainda mais intensidade do que quando se viram pela primeira vez.

Kyungsoo percebeu o clima esquisito que se instaurou no ambiente. Não estava fazendo frio naquela manhã, mas jurou sentir um breve arrepio depois de alguns segundos que aqueles dois ficaram se encarando.

— Vocês se conhecem? — perguntou curioso.

— Quem? A gente? — Baekhyun reagiu no segundo seguinte, falando com a voz um tom mais alto, segurando o antebraço de Kyungsoo por puro nervosismo. — Não! — Riu ansioso, quando percebeu que estava escrito na sua testa que tinha algo de errado.

Chanyeol quis rir também, tendo a segunda confirmação de que, realmente, aquele cara era um péssimo mentiroso. Todo seu corpo entregava que estava mentindo: as mãos que não paravam quietas; a alteração na voz e na postura extremamente reta quando ouviu a pergunta do amigo e a maneira que desviava do contato visual até mesmo do cara que estava ao seu lado.

— Não? — Park provocou, fazendo uma expressão confusa e colocando a mão no queixo.

— Não — respondeu entre os dentes, olhando para o mais alto de um jeito fuzilador e suplicando para que ele ficasse quieto; não desse com a língua nos dentes. Mentalmente, rogava por favor enquanto o olhava, na esperança de que, por um milagre, Chanyeol lesse sua mente.

(A)polarOnde histórias criam vida. Descubra agora