Aurora

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Capítulo 10: Aurora


Chanyeol agarrou-se no apoio metálico, que havia ao lado da privada em que estava sentado, e jogou a cabeça para trás, respirando profundamente e devagar. Já tinha perdido o costume daquilo e sentiu o local em que inseriu a agulha arder, mas logo passou e, então, enrolou a seringa com a bolsa plástica de antes e a descartou no cesto de lixo ao seu lado.

Não demorou mais do que trinta segundos para Chanyeol começar a sentir uma energia incomum e a temperatura de seu corpo aumentar. Bufou pela sensação abafada e quente e, em seguida, sorriu.

Tinha conseguido a sua dose letal de serotonina. Soltou o cabelo apenas para prendê-lo de novo — por causa do calor — em um coque agora mais apertado e saiu do banheiro, olhando para os lados com um sorriso ladino nos lábios. Estava animado; iria "curtir" a noite como nos velhos tempos, como um adolescente inconsequente que não se importava nem um pouco com sua própria saúde e que estava ali apenas para tentar se iludir com um pouco de euforia.

Se esquecendo que não era mais um adolescente inconsequente.

Escutou a música vindo da pista de dança e sentiu uma vontade incontrolável de dançar, coisa que nunca ousava fazer por ter vergonha e não saber. Acabou esbarrando em algumas pessoas no caminho, mas não demorou a estar no meio da pequena multidão pulando, dançando, à sua maneira, para aproveitar os vinte minutos de felicidade — porque o efeito do que tinha usado, não passaria de meia-hora e Chanyeol sabia que, naquela noite, tinha caído em um poço que talvez não tivesse fundo, caíria pelo restante da noite até encontrar um fim.

Até alguém pará-lo, senão, iria cair mais e mais.

Aparentemente, sua vida e tudo à sua volta tinha se tornado um gatilho e tinha medo de conviver com tantos sentimentos ruins; tinha medo de si mesmo e, talvez, para não acabar pensando besteiras, decidiu tomar a péssima decisão de se drogar novamente. Nada era justificável, mas Chanyeol já tinha um (péssimo) histórico e, se o perguntassem, ele poderia citar incontáveis motivos para usar, mas, no fundo, não se orgulhava disso e iria sentir-se a pior pessoa do mundo por não ter resistido por mais essa vez.

[...]

Dia seguinte | 10:27 AM

Baekhyun sentiu uma mordida forte em seu pescoço e as mãos em seu peito o empurraram para trás, fazendo-o cair de costas no colchão fofo e relativamente pequeno de Sehun. Não demorou muito para que o peso do Oh estivesse totalmente sobre si — coisa que ele, particularmente, estava achando desconfortável, pois seu pescoço ainda doía e, definitivamente, não estava esperando que ele fizesse o tipo bruto.

Estava vivendo um sonho ao lado de Sehun nos últimos dias, o seu sonho. Os dois tinham se aproximado muito, estavam juntos como um casal. Um casal bem escondido, pois Sehun tinha dito que sentia-se tímido e não queria espalhar para todo mundo sobre o seu caso com Baekhyun. E o Byun, totalmente cego pela sua paixão, concordou com aquilo e, agora, vivia um relacionamento em que apenas ele estava comprometido, onde apenas ele amava e demonstrava.

Mas ainda não tinha descoberto isso.

Perdeu as contas de quantas vezes Sehun tentou lhe convencer a transar com ele, e em como ele sempre ficava emburrado e falando coisas como "você não gosta de mim de verdade" e, inclusive, citando até mesmo Chanyeol: "Se fosse com ele, você com certeza já teria aceitado. Você gosta mais dele do que mim?". E Baekhyun sentia-se imensamente culpado quando ele lhe dizia essas coisas, o olhando de um jeito triste e ressentido.

Queria fazer o melhor para ele, dar o seu melhor para ele, mas era muito inseguro ainda, extremamente tímido, sobretudo, em relação a esse tipo de coisa. Era virgem, totalmente virgem. E, de certo modo, esperava que, quando sua primeira vez chegasse, fosse de uma forma agradável; natural, onde se sentiria à vontade com a outra pessoa.

(A)polarOnde histórias criam vida. Descubra agora