Baekhyun no dia seguinte não foi para a faculdade, pois acordou sentindo-se indisposto e com uma dor de cabeça latente. Talvez fosse consequência dos longos minutos de choro que, assim que chegou em casa, desabou, após se trancar no quarto sozinho e para o enorme espelho que havia de frente para sua cama.
Fitava o próprio reflexo com uma angústia tão grande que sentia arrepios e vontade de vomitar. Quando se olhava, via Baekbeom em si, e isso o assustava de inúmeras formas. Já não bastava viver na sombra do irmão desde que era criança, agora não conseguia superar o seu fantasma também. Nem depois de três meses após sua morte, o Byun mais novo deixou de ser comparado com ele.
Desde por amigos de seu falecido irmão, até seu pai, sempre ouvia um "O Baekbeom faria isso no seu lugar; mas se o Baekbeom estivesse vivo; você é muito diferente do Baekbeom; o Baekbeom...". Se sentia péssimo por sentir tanta raiva quando alguém tocava no assunto Baekbeom. Queria ter apenas as boas memórias que teve como irmão.
Queria se lembrar de como ele o ensinou a andar de bicicleta, de como os dois juntos fugiram quando eram crianças para um parque do outro lado da cidade, de quando resgataram um cachorrinho de rua juntos, de como eram cúmplices; e como eram unidos ao extremo na infância, mas, infelizmente, com o tempo, o que mais pesou no coração do mais novo foi a maneira que era deixada de lado pelas pessoas próximas.
Elas preferiam Baekbeom, sempre era Baekbeom e nunca Baekhyun. A não ser que fosse para criticar ou algo ruim, aí sim, o foco era Baekhyun.
Até nesse dia que fugiram juntos, a ideia foi de Baekbeom e, mesmo sendo o mais velho e assumindo a culpa, se livrou e ela caiu sobre o caçula. Foi nesse dia que Baekhyun se deu conta de que sempre viveria na sombra; na sombra de Baekbeom, seu irmão mais velho, impecável diante dos olhos de todo mundo.
Desejou várias vezes ser ele, droga, deveria ter nascido uns anos antes! O admirava com todas as forças e, mesmo conhecendo seus inúmeros defeitos, nunca deixou de amá-lo e de querer de alguma forma, ser como ele. Era seu maior exemplo, e não o culpava pelas comparações, tinha noção de que Beom era um cara incrível.
Ainda era tudo muito recente e Baekhyun se culpava pela morte do irmão, afinal, se não tivesse o obrigado a ir buscá-lo no aeroporto da cidade, eles não sofreriam aquele acidente lastimável.
Ainda encarando seu próprio reflexo e vendo as lágrimas rolarem, sentiu seu coração ser esmagado e uma saudades imensa invadiu seu peito. Ele era a única pessoa que o defendia de seu pai. E a única pessoa que Byun Donghae escutava, era o filho mais velho.
Donghae nunca disse com todas as palavras, mas Baekhyun sentia que ele também o culpava pelo acidente e pela morte de seu irmão. Se lembrava com detalhes do olhar de desgosto de seu pai, quando acordou e ele lhe contou que Baekbeom estava na UTI em estado grave. Nunca desejou tanto estar no lugar de seu irmão como naquele momento.
Baekhyun tinha certeza de que se tivesse morrido no lugar de seu irmão, sua família não estaria tão abalada e triste. Talvez, só sentissem um rápido remorso de uma semana, com direito a foto de luto no perfil do Facebook, mas só isso mesmo. Nunca quis tanto estar no banco do motorista. Ao menos, se Beom estivesse vivo, poderia continuar vivendo sua vida feliz ao lado da noiva, construindo seus sonhos e tendo o apoio de sempre.
Diferente de Baekhyun, que estava vivo, porém, cada vez mais distante das pessoas que deveriam o amar incondicionalmente. Sendo agredido verbalmente e fisicamente, sentindo todos os dias um vazio sem fim, uma culpa que causava ânsia, inúmeros arrependimentos e um medo desenfreado de seguir com a sua vida e sofrer com mais abandonos.
Considerava a morte de Baekbeom como um abandono também. Chorou de frente ao seu caixão, gritou para o corpo mórbido, perguntando o porquê dele ter o deixado sozinho. Lamentavelmente, não conseguiu seguir até o fim do seu cortejo por ter passado mal e, nem em um momento como esse, seus sentimentos foram respeitados.
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(A)polar
FanfictionChanyeol era intenso, profundo, quase ártico e tinha uma personalidade tão densa que por muitas vezes se perdia em sua própria imensidão. E isso era o que mais o assombrava, o medo de cair em si. O que ele definitivamente não estava esperando era qu...