Solstício

124 10 23
                                    


Chanyeol não sabia como tinha conseguido pilotar de volta para casa, talvez tivesse sido guiado pela vontade maior de estar longe de Baekhyun, pois estava exausto, morto, com a cabeça latejando, assim, precisou de muita concentração para dirigir com cuidado e evitar um acidente. A estrada estava um pouco escorregadia, mas, por sorte, não havia muitos veículos circulando. Chegou em casa, deixando a moto largada na primeira vaga que viu no estacionamento e, em passos lentos e arrastados, pegou o elevador.

Assim que entrou na caixa metálica, encostou a cabeça na superfície gélida e bufou totalmente frustrado.

Estava cansado de viver em uma linha onde não poderia ter o menor gatilho que fosse, que beirava um precipício como aquele; onde se drogava o que estivesse em sua frente ou, então, vivia tentando evitar só de ver algo que fosse parecido com as coisas que já tinha usado. Não queria mais continuar daquele jeito, queria se livrar dos vícios que tinha. Sabia que nenhum deles era saudável, que precisava de ajuda e tinha prometido a si próprio que não chegaria a um extremo outra vez.

Não se permitiria ter uma segunda overdose para poder pedir ajuda, faria isso o quanto antes. Depois de tantas decepções, tanta dor, de ter chegado ao nível de correr para os braços de Baekhyun no meio da madrugada quando estava chapado, de quase cair no soco com o seu pai, viu que aquele era o seu limite.

Não aguentava mais conviver consigo mesmo e, agora, depois de mais uma recaída, tinha medo do quão longe poderia acabar levando sua vida se continuasse daquela maneira.

Tirou as chaves de casa do bolso e ,assim que a girou, sentiu uma tontura súbita — a qual ignorou completamente, pois queria sair o mais rápido possível daquele corredor, não queria que mais ninguém visse seu estado deplorável.

Quando abriu a porta e deu um passo à frente, sua visão escureceu por um instante e, se seu pai não estivesse do outro lado esperando-o entrar, e lhe segurado, com certeza teria caído no chão.

Alan colocou seus braços por debaixo dos de Chanyeol, fazendo força para mantê-lo de pé e o ajudou a caminhar até o sofá.

Seohyun correu até a sala para ajudar seu filho com um copo de água em mãos que colocou na pequena mesa de centro da sala, e sentou ao seu lado, o puxando para um abraço, enquanto Chanyeol apenas murmurou algo tão baixo, o qual ela sequer ouviu.

— Eu fiquei tão preocupada com você! Onde diabos você estava, Chanyeol? — perguntou com a voz chorosa, sem desgrudar do filho. — Nunca mais me invente de sair daquele jeito! — Lhe deu um leve beliscão.

— Mãe... — chamou com a voz cansada, levando sua mão até um dos braços da mulher e deitando-se no sofá apoiando a cabeça em seu colo — Eu não aguento mais, eu não aguento mais isso, eu não aguento mais esse lugar — choramingou. — E-eu não quero continuar aqui.

Um pouco distante, Alan observava aquela cena com o coração partido. Chanyeol estava tão mal que nem tinha dado a mínima para o fato de seu pai ainda estar ali.

— Calma, meu amor — falou carinhosa, pegando o copo d'água e entregando a ele. — Me conta com calma, o que aconteceu? — Passou as costas da mão em sua bochecha. Estava dando graças aos céus que ele tinha finalmente voltado, pois, se Chanyeol demorasse mais um pouco, iria acabar acionando a polícia.

— Eu quero conversar com você. — Encarou os olhos de sua mãe, estava sério, já que aquela conversa seria extremamente importante para ele. — Em particular. — Olhou pelo canto do olho para seu pai que ainda estava escorado no balcão da cozinha.

— Eu já estava indo embora de toda forma. — Tentou disfarçar, mas, no fundo, tinha ficado um pouco chateado. Queria ficar mais para checar se seu filho realmente estava bem e ficar vigilante, também, caso ele precisasse de algo, mesmo sabendo que Chanyeol não o queria por perto.

(A)polarOnde histórias criam vida. Descubra agora