Mais um mês havia se passado e, com ele, finalmente o final do inverno, o qual durava quase que o ano inteiro. O tempo ainda continuava frio, a neve ainda se fazia presente, porém em uma quantidade reduzida, formando apenas finas camadas no chão e sobre o teto dos carros e telhados. As frentes frias que ocorreram recentemente foram quase que devastadoras; aulas foram canceladas, comércios fechados, tudo isso para que todo mundo pudesse se proteger do frio e não acabar morrendo congelado ou preso na neve.
Alguns guardas de trânsito e oficiais juraram até mesmo terem visto um urso invadindo o estacionamento de um supermercado no meio da madrugada — o que, em determinadas épocas, era até "comum". Quando Chanyeol soube disso, só faltou ter um infarto e seu novo medo se tornou acabar topando com um urso no meio da rua. Fazendo drama com todas suas forças, disse à mãe que não queria de maneira alguma morrer por um ataque de animal.
Nesse tempo, Park tinha apresentado uma melhora considerável em vários aspectos de sua vida. Era um aluno muito dedicado na faculdade, com algumas faltas, mas sempre dava o seu melhor; tinha voltado a beber ocasionalmente e estava conseguindo se controlar — não bebia mais do que três copos, pois sabia que, a partir disso, poderia acabar perdendo o controle. Também sentia menos falta de outras drogas, só não conseguia largar o cigarro, mas, até em relação a isso, estava começando a tentar mudar.
Procurou recentemente sobre adesivos de nicotina, que são um método que ajuda aos poucos um viciado a se acostumar com quantidades pequenas de nicotina no organismo, até não sentir mais falta da substância. Se tudo continuasse dando certo, passaria mais esse passo.
Sua relação com Baekhyun também ia mais do que bem. Na universidade, acabavam se encontrando e conversando rapidamente no corredor, quando seus horários de intervalo batiam, até comiam juntos na lanchonete. No trabalho, tudo ia às mil maravilhas; era divertido ter alguém da sua faixa de idade como "supervisor", pois era engraçado zoar Baekhyun sobre como ele era ranzinza nas quartas-feiras, e o Byun adorava falar sobre como o Park chegava se arrastando nas sextas, no dia que deveria ser o mais animado por ser o último e que se sentia extremamente cansado.
De certa forma, com a aproximação que tiveram, Chanyeol enganava a si mesmo cada vez mais. Estava determinado a colocar em sua cabeça que levaria os sentimentos pelo baixinho como uma mera amizade.
Volta e meia, dava carona ao Byun para casa depois que fechavam o lava-jato e, também lhe dava broncas por fumar demais, sempre em um certo tom de preocupação, o qual fazia o coração do mais alto balançar. Até tinham combinado de irem para a faculdade juntos no dia seguinte ele passaria lá e os dois iam caminhando e jogando conversa fora.
Por mais que estivesse se empenhando para enganar a si próprio, no fundo, bem lá no fundo, sabia que o que estava sentindo por Baekhyun era algo a mais do que apenas amizade. Era algo mais intenso, tão intenso, que até mesmo já chegou a dormir pensando nele. E isso lhe tirava o ar, não queria se entregar a qualquer sentimento fora o da amizade, e estava lutando com todas as suas forças para conseguir.
Chanyeol estava na sua segunda xícara de café, sentado no balcão da cozinha fazendo algumas anotações da última aula que perdeu, tentando se manter acordado, pois estava com um pouco de sono desde cedo graças ao anti-histamínico que tomou quando largou do trabalho. Foi tirado de sua concentração quando o celular ao lado de seu caderno vibrou, logo, pegou o aparelho e, quando o virou para cima e viu quem era, franziu o cenho um pouco surpreso.
Aquela pessoa quase nunca fazia ligações por área mesmo, sempre preferia mensagens ou ligações pelo Messenger. Pegou o celular e deslizou o dedo sobre o botão verde para atender.
— Angel?
— Oi, cabeção — saudou com uma voz meio sonolenta. — Vem cá, onde diabos é a sua casa? A sua explicação da semana passada sobre ser perto de um mercado foi péssima, porque o que eu mais estou vendo aqui são mercados.

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(A)polar
Fiksi PenggemarChanyeol era intenso, profundo, quase ártico e tinha uma personalidade tão densa que por muitas vezes se perdia em sua própria imensidão. E isso era o que mais o assombrava, o medo de cair em si. O que ele definitivamente não estava esperando era qu...