Mistakes

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𝑷𝒐𝒗: 𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂𝒏𝒂.

"Vete de mi casa!" foi o que escutei após revelar os meus sentimentos por impulso, por medo de perdê-la. E foi o que aconteceu, eu perdi-a.

Arrumei as coisas de Regina e as minhas, me direcionando em seguida para a saída, era notório que a mulher dos olhos azuis chorava anteriormente, os seus olhos estavam avermelhados tanto quanto seu nariz.

Reservei um hotel, já que não havíamos lugar para ficar e não poderia arriscar nada por conta de Regina. Deitei-me sobre a cama e perdi-me nos meus prantos, as minhas lágrimas que não podiam ser evitadas.

A bebé estava preocupada, mesmo sem entender acariciava o meu rosto tentando secar as lágrimas, dei um sorriso fraco para ela.

Eu estava-me a sentir idiota, fraca, inútil por dizer aquilo num momento de extrema tensão emocional. Eu realmente precisava de um tempo sozinha, então liguei para Anuar ficar com a Regina.

𝑷𝒐𝒗: 𝑨𝒏𝒂.

Num ato impensado, expulsei de casa a pessoa que eu mais confiava. Ao vê-la sair com Regina e a suas coisas fez-me sentir culpada.

Voltei para o quarto das bebés, que seria agora apenas de Valentina e acariciei a sua bochecha, em seguida olhando para o berço que Regina usava.

Não, não irei pedir que Mariana regresse. É errado pensar que fui a errada desta história sendo que ela me escondeu algo completamente importante, uma traição por parte do meu marido.

Sendo que ambas prometemos não esconder nada uma da outra, foi isso que mais me machucou. Pensar que Mariana não confiou em mim para contar isso é o que me deixa mais inconformada.

Decidi trancar-me no escritório e ler um pouco. Isso faria com que eu me acalmasse. As lágrimas não paravam de descer sobre o meu rosto e não entendia o porquê, pedi para Altagracia trazer um pequeno lanche, pensando que passarei a tarde toda aqui.

𝑷𝒐𝒗: 𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂𝒏𝒂.

Não consegui dormir nada, fiquei a noite toda pensando em Ana. Havia esquecido que tinha de buscar Regina na casa de Anuar, decidi ligar-lhe de imediato.

["Pai, perdoe-me! Esqueci completamente que Regina estava com você, já vou buscá-la."

"Não se preocupe, mi hija. Sei que não está bem, pode deixar a bebê comigo quantas vezes quiser, adoro passar o meu tempo com ela, apenas deixe as coisas dela aqui e resolva as suas pendências!"

"Gracias, papá. Não tem ideia do quanto lhe agradeço, prometo que quando tudo se ajeitar, explico-lhe tudo. Amo-te."]

Arrumei-me e fui até a mansão, de modo a pegar algumas coisas de Regina e tentar conversar com Servín.

Toquei a campainha e Rodrigo recebeu-me, ele abriu um sorriso e abraçou-me.

- Entre, Mari. Vamos para o andar de cima! - Assenti e fui com ele.

Cecília estava no quarto das bebés e quando me viu, também abraçou-me.

- Senti a tua falta, Mari. Por favor, explique-nos o que ocorreu entre ti e a vossa mãe. - No mesmo momento, Ana adentrou ao quarto, fazendo com que nos assustasse.

- O que esta senhorita faz aqui? - Diz a loira, irritada.

- Eu deixei-a entrar, temos o direito de saber por que a tirou de casa! - Rebateu Rodrigo.

- Ela traiu-me a confiança, então a expulsei! Fez algo imperdoável.

- E pode-nos falar o que é esta suposta coisa "imperdoável"? - Disse Cecília.

- Ela confessou que está apaixonada por mim, não sou lésbica e muito menos a coloquei para morar aqui para termos um relacionamento amoroso.

- Você beijou-me primeiro e disse que me amava, no dia seguinte esqueceu de tudo que houve naquela festa da Elena. Estou confusa, Ana. - Confessei.

- Existem outras sexualidades para lhe classificar mamãe, não há nada de errado em que Mariana te fez.

- Isto é problema meu e da Mariana, vão para o quarto antes que eu me irrite mais. - As crianças abaixaram a cabeça e saíram.

Descendo às escadas da grande casa, Ana dizia-me o quanto fui insolente em entrar na sua casa sem a autorização dela e mil outras coisas que apenas me machucavam mais.

- Tudo bem, Ana. Já entendi, não quer mais me ver e é isso que irei fazer. Vou sumir da sua vida para sempre, quanto a Regina e Valentina, resolva do seu jeito, já que foi sempre assim, não é? - Disse esgotada da situação, a loira ficou um pouco impressionada com as minhas palavras.

- Isso, suma. Não quero mais te ver, nunca mais. Até hoje não entendo como pude confiar em você, traidora. És a pessoa que mais me arrependo de ter conhecido! - Ela grita a última frase, os meus olhos ficaram marejados e não pude conter as lágrimas.

Ana arrependeu-se de ter dito aquilo na mesma hora que passou a olhar-me frente a frente. A sua expressão de raiva, se tornou uma de preocupação com o que dissera.

- Perdoe-me, não foi isto que queria dizer... - Ela diz triste.

- Não quero mais ouvir, senhorita Ana Servín. Se a senhora diz, esta feita, até breve. - Bati a porta da entrada com toda a força que ainda restava nos meus braços, segui meu caminho aos prantos.

𝑷𝒐𝒗: 𝑨𝒏𝒂.

Minha irritação não era proposital, havia acordado meio desnorteada após perceber que dormi no escritório, os meus olhos doíam depois das lágrimas desgastadas na noite anterior. Minha coluna estava dolorida pela posição em que adormeci.

Não queria ter dito nada daquilo para Mariana, mesmo com o que aconteceu, ela é mãe das minhas filhas e isso jamais irá mudar.

Após perceber a idiotice que cometi, tranquei-me no quarto com Valentina, já que era minha folga não teria nada para fazer o dia todo. Apenas passarei o meu dia com ela e mais ninguém.

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