Aconteça o que acontecer

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𝑷𝒐𝒗: 𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂𝒏𝒂.

A festa foi um pouco entediante, haviam poucas pessoas e não me divertia, então decidi voltar para casa.

Despedi-me de Elena e peguei um táxi, não demorei muito para voltar.

Abro a porta e vejo Ana ajoelhada sobre o chão chorando, fiquei em choque, larguei a minha bolsa num canto e fui ajudá-la.

- Ana, você está bem? O que aconteceu? - Eu dizia preocupada ajoelhada ao seu lado.

- Ma, abrace-me por favor... - A abracei e acariciei o seu rosto, eu estava muito preocupada, nunca vi Ana tão vulnerável.

- Hey, se acalme. Explique-me o que aconteceu, estou muito preocupada em vê-la neste estado. Vem, vamos para o jardim. - Ajudei-a para se levantar e fomos para o jardim.

- Juan Carlos veio aqui, abriu um escândalo na frente das crianças. Disse que sou uma péssima mãe, que não assinará o divórcio e várias outras coisas absurdas. Tenho medo, tenho medo de perder os meus filhos, Mariana... - Respirei fundo para tentar digerir o que a loira dizia e a consolei.

- Não chore... Os seus filhos amam-lhe! Eles jamais lhe irão abandonar, Juan Carlos apenas está com o orgulho ferido, tudo isso irá passar, okay? Não se importe com o que esse homem diz, és uma mãe incrível, uma mulher maravilhosa. - Limpei as suas lágrimas, Ana sorriu.

- Obrigada por estar comigo sempre que preciso. Também é uma mulher extraordinária, Mari. - A executiva acariciou a minha mão.

- Não tem que agradecer, estarei aqui com você aconteça o que acontecer. - Nos abraçamos.

𝑷𝒐𝒗: 𝑨𝒏𝒂.

Eu sentia-me tão grata por ter Mariana na minha vida. Após uma longa conversa, fomos para nossos quartos e dormimos.

A manhã seguinte foi silenciosa, demorei um pouco para despertar, Cecília e Rodrigo saíram mais cedo para estudar e não consegui vê-los.

Mariana já havia despertado, ela estava na cozinha com Altagracia, o que me estranhou um pouco.

- Bom dia Ma! O que faz aí?

- Bom dia, Ana! Alta ajudou-me a preparar um pequeno-almoço delicioso para você. Espero que goste. - Mariana ajeitou a cadeira para eu poder-me sentar e deixou o pequeno-almoço sobre a mesa.

- Parece delicioso! O que é isso? - Perguntei.

- Chama-se avotoast. O avotoast é tradicionalmente um tipo de sanduíche aberto, ou torradas, feitas com puré de abacate e sal, pimenta e suco cítrico. Nesta versão, acrescentei o ovo para deixá-lo ainda mais nutritivo.

- Hum! Mariana, isso está incrível! Poderia cozinhar mais vezes. - Disse após provar a comida.

- Muito obrigada! Bom, Alta teve que ajudar-me para não queimar e errar algumas coisas, mas a ideia da receita foi minha. - Ela sorriu orgulhosa.

- Senhorita Mariana é uma ótima cozinheira! Fez quase tudo sozinha. - Alta respondeu.

- Farei-a cozinhar mais vezes, tenha certeza disso! - Sorri.

As bebés acordaram, após comermos, brincamos um pouco com elas no quarto. Elas davam gargalhadas que nos deixavam com o coração preenchido de puro amor.

Algumas horas depois, haviam deixado um documento no meu nome, Alta entregou-me. Mariana e eu ficamos confusas e decidi abrir o envelope.

Li tudo com atenção e fiquei surpresa, olhei indignada para Mariana que aguardava por uma resposta.

- Juan Carlos solicitou um pedido para ficar com as crianças, ele quer a guarda deles! Ainda quer ficar com a mansão e todos os nossos bens. Isso é um absurdo!

- O quê? Ele não pode fazer isso, são seus filhos!

- Bom, ele quem começou com a guerra, ele provocou tudo isso, então basta aceitar e rebater da mesma forma. Amanhã procurarei pela Laura imediatamente.

- Ele não conseguirá a guarda deles, fique tranquila. - Mariana acariciou o meu ombro.

As crianças chegaram em casa, Rodrigo ainda parecia chateado, chamei o para conversar.

- Filho, você sabe que eu jamais quis que tudo isso acontecesse. Nem eu, nem seu pai queríamos isso, mas é pelo bem da nossa família.

- Eu queria que tudo voltasse a como era antes, por que tudo mudou tão rápido? - Levantei o seu queixo para olhar-me.

- Meu filho, as coisas já não fluíam como antes, muitos casamentos começam a se desgastar com o tempo. Mas, não se esqueça que jamais iremos nos separar. Continuará a ver o seu pai e continuará comigo também, apesar de tudo ainda somos uma família, apenas queremos nos separar para evitar brigas e que isso não prejudique vocês. São o que mais importa, entende-me agora? - Ele assentiu.

- Tentar-me-ei acostumar com tudo isso, sei que não será nada fácil, mas se é para o nosso bem, eu só não gosto das brigas, isso é completamente desagradável. Eu te amo, mãe. - Nos abraçamos.

- Eu também te amo, Rô. - Aquele abraço fez-me tirar um peso das minhas costas, ele foi para o seu quarto em seguida.

𝑷𝒐𝒗: 𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂𝒏𝒂.

Deixei Ana e Rodrigo a sós para poderem conversar. Enquanto isso, Ceci e eu estávamos a fazer as bebés dormirem com ajuda da babá.

- Ai, Mari. Essas brigas são tão irritantes, não tem noção do quanto. - Falávamos baixo para não interromper o sono das meninas.

- Eu entendo. Mas, sabe que isso é para o bem de vocês, Ana luta para ter o amor de vocês a cada dia, ela sofre muito com tudo isso também.

- Sei disso, todos estamos. Só espero que o Rô consiga entender isso também. - Assenti concordando.

Após um tempo, fui até o quarto de Servín para conferir se estava tudo bem. Bati na porta e ela autorizou a minha entrada.

- O que passou-se com você e Rô? - Sentei-me na cama ao seu lado.

- Deu tudo certo, estou tão aliviada... - Ana disse sorrindo.

- Eu sabia! Está a ver, eles fazem de tudo para aceitar, para entender, porque te amam! - Sorrimos.

- Sabe... Sei que tudo isso que acontece é muito difícil, mas houve um benefício nisso. Consegui-me reaproximar de você, tenho o seu apoio, o seu carinho e isso faz com que tudo se torne mais fácil. E eu serei eternamente agradecida por isso, por tudo que faz por mim. - Senti um leve arrepio percorrer pelo meu corpo, dei um sorriso envergonhado.

- Com você, tudo se torna incrível, Ana. Eu quem tenho que lhe agradecer, por tudo! - Os nossos olhares encontraram-se por alguns segundos, logo voltamos para a realidade.

- Bueno, agora descansarei. Boa noite, Ma.

- Boa noite, Ana.

Nunca me senti tão desnorteada na minha vida. Não sei se estou apaixonada pela Ana novamente ou se apenas quero uma amostra de carinho após tanto tempo afastadas.

Prefiro não pensar nisso, sinceramente, não quero machucar-me nem cogitar coisas que estão completamente fora de alcance.

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