Se a vida fosse um filme, muito provavelmente eu seria a personagem que se encontra com o protagonista por três minutos, e tem apenas duas falas.
Um protagonista?!
Por exemplo: Mate Jonas, irmão da garota com quem trabalho.
Em uma livraria fundada há mais de vinte anos por um velho rabugento irlandês, milhares de histórias em livros, e estética retrógrada - na verdade, o Sr. Williams que se recusa a mudar qualquer coisa de lugar -, para o grupo de adolescentes ao lado da estante de suspense, ele é a coisa mais interessante no lugar.
Se a vida fosse um filme, eu seria a figurante do protagonista Mate Jonas.
Com muita sorte, talvez a coadjuvante.
Mas nunca a protagonista da própria história.
E isso é o quê a ratinha de laboratório que adotei, a qual chamo de amiga - Amanda Jensen - não entende.
Mandy jura que tenho potencial para ser a protagonista de algo.
Sendo bem sincera, talvez ela queira me forçar a ser. Mas ela não entende que já tentamos isso uma vez, e foi descoberto que não é para mim.
Mandy pensa que preciso de um namorado. Na verdade, ela tem certeza, porque não aguenta a ideia de que eu veja a vida como espectadora - palavras dela.
A questão é que não ligo de ser a coadjuvante. Ou figurante.
Ou a espectadora.
Não aparecer em cena é o meu negócio.
Quando você vive em um mundo que te deixa ansiosa grande parte do tempo, e a outra parte te obriga a criar uma camada especial, se manter neutra é o caminho.
Pelo menos para mim.
Entendo, sinceramente, que existem pessoas que se dão melhor à vida - principalmente "adulta" - do que outras, ou que se adaptaram ao mundo.
Mas eu decidi adaptar o mundo a mim. E o quê não dá para adaptar, eu escolho ignorar e me colocar a parte.
Teve uma vez, somente uma, que decidi tomar as rédeas das coisas - pelo menos a parte amorosa das coisas -, mas não terminou bem.
E por conta desse fato em específico, Mandy entrou em uma missão horrorosa, desastrosa - péssima! - de casamenteira.
Ou devo chamar somente de cúpido? - Pois se a ideia de atender ao telefone me deixa assustada, imagine um casamento?
Uma cúpido das trevas.
Do lado escuro da força.
Mandy acha que deve me ajudar a superar uma fobia social, junto com a péssima auto-estima, ou talvez um trauma inexistente, me arranjando encontros.
Do pior tipo possível: às cegas.
Ela realmente criou um perfil para o "Projeto Dakota" no Tinder - um perfil com fotos minhas onde ela genuinamente explica que está tentando fazer a sua amiga se tornar uma solteira a menos no mundo.
Literalmente.
Na legenda do negócio.
Com fotos minhas.
E um logotipo.
Logotipo!
E ela me obrigou a ir em um!
Na frase "tudo o quê está ruim, pode piorar", existe um nível abaixo do piorar na minha vida.
O cara era bonitinho - me surpreendeu um pouco na aparência, tenho que ser um pouco superficial e admitir isso -, mas tudo foi por água abaixo quando ele me perguntou ainda após me buscar na casa de Mandy - casa essa que deixei sob a ameaça dela na soleira da porta - se eu já tinha saído com um cara que tem um carro tão legal quanto o dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento]
RomanceA VIDA ADULTA É UMA DROGA. Ou pelo menos a ilusão dela é. Porque sejamos sinceros, não importa a sua idade, ou que você tenha saído da casa dos seus pais. Se é jovem, e universitário, há sempre aquele sentimento de que você é uma criança fingindo se...