[but this love is brave and wild]

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Solto uma longa respiração frustrada depois do que parece a décima vez em que tento ler o parágrafo.

Acabo deixando cair o lápis em minha mão por sobre um dos livros espalhados na mesa de canto de Sarah, que de repente virou minha mesa de estudos.

Domingos são feitos para o ócio, ao menos para mim.

Mas esse traço foi retirado da minha rotina quando tudo o quê não importava virou uma prioridade maior do que entender psicofarmacologia, por exemplo.

E agora, esse tudo o quê não importava, além de tirar minhas horas de estudo de prioridade, está também retirando minha concentração.

Não consigo ler o segundo parágrafo do dia, frustrada, porque em algum momento li "Mate" ao invés de "Método" entre as palavras. E não é necessário muito para que minha cabeça se encha do que me deixa ansiosa, agitada e especialmente irritada.

Sim, irritada.

O seu nome me deixa irritada, sua voz me deixa irritada, sua menção me deixa irritada. Porque ele parece estar em todo lugar.

Na minha mente, subconsciente, minhas dúvidas e inseguranças.

No apartamento que fomos de alguma forma obrigados à dividir por um erro do destino.

Tudo cheira, soa ou reluz Mate Jonas.

Não, estou ficando louca. É 'somente' isso, loucura.

Tudo não cheira, soa ou reluz ele. Sou eu.

Não consigo tomar café da manhã sem pensar algo como: por que sua presença causa tanto alvoroço? Ou até mesmo a falta dela?

O quê ele executa de tão errado? Por que meu espaço pessoal é tão perturbado por pessoas em busca dele?

Qual o seu problema?

Você supõe o quê ele faz de tão errado, Dakota. Não banque a ingênua.

Não bancar a ingênua é difícil. Tenho propensão a fingir que sou mais inocente do que realmente sou.

Quando as pessoas supõem que você não seja maquiavélica, calculista e sagaz, tendem a baixar seus muros de maneira mais rápida. Não que esteja admitindo ser qualquer uma dessas coisas.

Mas todo esse teatro, que em algumas ocasiões me levaram à algum lugar além do pânico social, com Mate Jonas só me leva â uma rua sem saída.

E, no fundo, estou sendo maldosa em colocar toda a culpa no lutador.

Não estou paranóica somente pelas coisas que não sei sobre ele.

Estou paranóica por aqueles que sabem do meu passado. Ou quem se parece com eles, ao menos.

Mais uma vez, avistei o garoto loiro que penso ser Dean. Uma sombra do que deixei em San Peter.

Não foi pelas ruas de Way Brook's. Pior, em meio aos gramados congelados do campus.

Estar em uma mesma cidade, não importando o quão pequena seja, já é ruim o suficiente. Dividir o mesmo campus, a mesma universidade, trás uma sensação de proximidade perturbadora.

O suficiente para que seja obrigada à buscar por entre minhas coisas mal organizadas o caderno de anotações de uma Dakota mais jovem.

Durante as sessões de terapia com a Dra. Lyan, decidi que não só a senhora deveria fazer pequenos comentários escritos.

Havia, e ainda tenho, muita dificuldade em guardar na memória qualquer coisa daquela época. Vivi em um topor constante. Então, escrever para a posteridade sempre é uma boa escolha.

PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento] Onde histórias criam vida. Descubra agora