— O quê mais ordena para o seu súdito? — Mate aparece por uma vigésima vez sob os meus ombros entre as estantes da velha livraria.
Não sei exatamente o quê Sarah deva ter mencionado sobre o trabalho, mas pela sua postura parece que foi algo como: "faça tudo o quê a Dakota mandar."
Não posso fingir que não é excelente poder repassar algumas das atividades que exigiriam muito de mim para outra pessoa, como arrastar copiosamente as caixas de livros novos para o estoque. Mesmo que demande uma força extra para sempre estar explicando e pedindo, é maravilhoso.
— Você acha que consegue retirar parte da neve da fachada da loja? — balanceio a cabeça sem muita certeza. Coloco mais um livro na estante da pequena pilha que carrego em meu braço. — Sabe, por causa das dores da luta que não foi para valer.
Acabo acrescentando o último comentário em voz baixa, somente para meus pensamentos. Não consigo entender como esse brutomontes tem a falácia de se referir assim à algo que poderia ter desfigurado o seu rosto.
— Poxa, linda. — a sua imagem se torna mais clara a minha frente quando seu corpo fica em paralelo ao meu, acompanhando o meu andar caminhando para trás. — Sempre duvidando da minha capacidade. — ele ergue um dos braços, flexionando o músculo em uma imitação barata do restante dos atletas em esportes de times no campus.
— Serio, Mate Jonas? — deixo minha mão no ar ao não colocar o livro seguinte na prateleira correta. As minhas sobrancelhas se erguem por si sós. Acabo deixando escapar um riso anasalado antes de voltar à concentrar em minha tarefa. — Irei comentar com Mandy para ela perguntar ao Anthony quando abrirão as seleções para o time de hóquei. Ele vai ficar feliz em saber que já está começando a agir como os coleguinhas dele.
Debocho como uma professora do primário, alertando um de seus pequenos alunos. Recordo dos incessantes, — e nada solicitados, — comentários dos meus pais em o quanto ajo como alguém mais velha do que sou. E não é um elogio.
A crítica continua em algo que não consigo evitar, — como a minha personalidade, — fez com que em muitas situações ao longo dos anos eu preferisse me manter calada. Não incomodando a todos em uma roda com piadas que talvez eles não gostem, ou simplesmente sejam esquisitas.
Apesar disso, Mate sorri.
— Engraçado como essa história de dizer à alguém que disse à quem por esse garoto que iniciou o namoro, não? — ele comenta com uma falsa expressão de pensativo no rosto. — Penso que nós poderíamos dar o troco com uma rede de contatos assim. — ele ergue as grossas sobrancelhas sugestivamente. Não evito revirar os olhos.
— Nem pensar, Jonas! — ergo os três livros que carrego e com alguma dificuldade, os empurro contra o seu peito, o obrigando a pegá-los. O gesto foi mais forte do que pensava, ao escutar o som do material contra seu peito.
— Kota! — ele solta como um gemido arrastado de dor. Nem tão bem assim da sua luta que não valeu nada, então.
— Não era eu que estava duvidando da sua capacidade física? — rio com sarcasmo. O lutador faz uma careta enquanto esfrega o meio do peito incomodado.
Passo por ele enquanto direciono com a cabeça para me seguir até a última estante alta contra a parede do fundo.
— Espero que um dia você me veja lutar, Kota. — ele solta como se fosse algum tipo de piada interna. Aproximo da estante, indo em direção à pequena escada de poucos degraus presa à ela. Arrasto-a para Mate.
— Tenho que admitir que sinto certo tipo de pânico em ver alguém apanhando feio, Mate. — gesticulo como se fosse óbvio. Aponto para o topo da estante, em um espaço vazio. — Pode colocá-los ali. — indico.
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PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento]
Roman d'amourA VIDA ADULTA É UMA DROGA. Ou pelo menos a ilusão dela é. Porque sejamos sinceros, não importa a sua idade, ou que você tenha saído da casa dos seus pais. Se é jovem, e universitário, há sempre aquele sentimento de que você é uma criança fingindo se...