[and i never...]

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Tenho dificuldade em recordar da última vez a qual estive no alojamento de Mandy. Há quase a certeza que seria algumas semanas antes da mudança para o apartamento de Sarah, mas na verdade apostaria ser mais.

É triste, de qualquer forma, perder a frequência em um lugar que anteriormente esteve tão presente em sua rotina. Confesso estar, em partes, decepcionada comigo mesma ao notar que estou neste lugar hoje porque Mate iniciou uma rotina frenética de treinos e dedicação após as últimas notícias.

Não há uma certeza de luta pela frente, mas MJ age como se existisse quase uma guerra. A corrida matinal agora ocupa um espaço uma hora e meia mais cedo em sua rotina. Há um horário disponível a mais durante sua tarde, consequentemente, entretanto o lutador quase nunca o deixa vago para qualquer coisa.

Há um tom de decepção em meus pensamentos, por cada vez menos o vê-lo. Mas a título de comemoração, hoje ao menos poderemos almoçar juntos no Joe's Bar caso tudo saia como previsto.

Ergo outro suéter colorido de Mandy, provavelmente enviado por alguém de sua família. A garota decidiu que parecia um ótimo dia para dobrar a pilha de roupas que deixou-se acumular pelo seu quarto, e estou a ajudando na tarefa.

A vida útil de tudo o quê veste aparentemente havia entrado em um ciclo de usar, sujar, limpar e jogar pelo cômodo em pilhas de roupas pós lavagem.

Com o novo projeto, que ainda considero uma péssima ideia, e tudo o quê tem cercado sua vida nos últimos meses, livrar-se da pilha ao pé da cama já seria uma pequena vitória, pelo menos.

— Sendo sincera, se fosse há três meses, pensaria ser uma péssima ideia. Algo que com certeza não faria bem à você, à seu cérebro, e a vida que criou longe daquele lugar, mas... — ela continua enquanto sem sucesso tenta mais uma vez separar o nó entre duas mangas de diferentes blusas. — Agora, não parece mais tão péssima a ideia assim. Você está bem, na medida do possível, porém está, acho.

Percebo como ela ergue os olhos à última palavra, aguardando para que eu confirme de maneira suspeita. Nunca se há a certeza absoluta de saber como alguém está se sentindo fora de sua cabeça.

— É, aparentemente. — dou de ombros. Poucas situações têm se parecido com o fim do mundo ultimamente, mas não saberia dizer se minha mente encontra-se em algum lugar perto da normalidade de fato. — Também gosto de pensar que sim. — resmungo mais como um comentário pessoal.

Amanda maneia com a cabeça, parecendo entender.

— Isso não garante que assim que pisar em San Peter, aquele lugar diabólico não vá a enlouquecer. Mas, com os cuidados certos, não será o fim do mundo. — comenta entre uma respiração e outra. Estou surpresa em descobrir que concordo com o quê diz, apesar de ainda existir a ansiedade e medo em algum lugar aqui dentro.

— Nem tudo precisa ser uma eminência do apocalipse, afinal. — faço uma tentativa de piada sarcástica, que não é muito comprada por Mandy. 

A garota ergue os olhos para mim, antes de abaixa-los novamente para o montante à sua frente. Tudo bem, não preciso viver de piadas às custas de meu próprio sofrimento para demonstrar uma versão mais positiva também.

— E é necessário que meus pais pensem que estou bem, ou não aguentaria o julgamento que isso desencadearia para como estou vivendo por agora. — acrescento, ignorando por completo o quê foi dito anteriormente.

— Mas não somente eles pensarem que está, como você realmente estar de fato. — Amanda mais uma vez chama a minha atenção para o quê realmente deveria importar, e de maneira nenhuma está errada.

PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento] Onde histórias criam vida. Descubra agora