[and I'll never be the same]

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— Foi horrível, Mate. — passo minhas mãos sobre o rosto, tomando somente o cuidado em não arrastar toda a maquiagem fazendo uma bagunça. — Quase a perguntei onde estava o seu cabelo, e disse que o banheiro era bonito. — gesticulo com veemência.

O lutador se esforça para conter o seu sorriso, mesmo que para mim já esteja óbvio.

— É sério, MJ. Quase um desastre, por muito pouco. — estou tentando convencê-lo de que escolher situações do absoluto nada para que eu tenha que socializar é como uma operação suicida.

Não desperdicei mais que um minuto e meio trocando menos de dez palavras com a garota do chamativo cabelo azulado.

Caminhar até ela já havia sido um desafio completamente novo, que exigiu muito de minhas pernas. A meia-calça não faz mais o seu trabalho assim que o frio de Holloway se torna mais do que estou acostumada a aguentar.

Nesta época em específico, onde parecemos estar em uma corda bamba com um par de dias extremamente frios, e então algumas horas de um sol fraco com a ilusão de aquecer, sempre faço a escolha errada do que vestir.

Muitas das vezes, pano demais para um dia semi-ensolarado, outras a falta dele para dias que parecem rachar minha pele.

Apesar da sensação térmica levemente alta no início da noite, mais uma vez errei. Ou Mandy errou, desta vez.

Então houve um esforço descomunal para manter as pernas firmes, caminhando para a desconhecida sem assusta-la.

Ao chegar, confesso que nem ao menos lembrava o quê deveria lhe perguntar. Troquei um breve olhar com Mate, por sobre os ombros, a quem me enviou uma expressão confiante. 'Você consegue', ele sibilou.

Em partes, só estava fazendo aquilo por sua iniciativa. E não gosto de decepcionar pessoas, mais aquelas que se tornam tão queridas mesmo em tão pouco tempo.

A expressão no rosto da garota não era a das mais convidativas, mas lembrei de todas as regras de educação aprendidas no primário.

Desculpei por interromper sua conversa, apesar dela parecer muito agradecida, e gastei um pouco de confiança que adquiri nos últimos anos em fazer uma pergunta tão estúpida.

Não entendi sua explicação nem se genuinamente precisasse, e talvez nem ao menos ela tenha compreendido o quê disse. O quê é em partes reconfortante, já que se cometesse qualquer erro banal, ela com certeza não se lembraria nem ao menos na próxima hora, quanto mais no dia seguinte.

Gostaria de dizer que adorei seu cabelo, mas tudo o quê fiz foi apontar para ele e murmurar um 'legal' antes de maneira ridícula voltar correndo como uma ratinha assustada para Mate.

— Foi ótima, pareceu muito bem desse ângulo. — ele, mais uma vez apoia um de seus braços sobre meus ombros. Aproveito o gesto para aproximar do tecido do imenso casaco que costuma usar para todo o lado.

Realmente, parece muito confortável.

— Não há ângulo nenhum que essa situação tenha parecido ótima. — solto uma respiração cansada, frustrada.

Mate caminha com certa delicadeza, o quê eu permito ser guiada por ele com cuidado. Prefiro não pensar muito.

Um garoto passa por nós e o comprimenta rapidamente com um 'E aí, MJ?' animado.

— Você parece ótima de todos os ângulos, linda. — o lutador me dirige uma piscada, antes de acenar com uma saudação tão animada quanto para o garoto. Reviro os olhos, não muito convencida. 'Sim, claro.'

Voltamos à área da piscina, que mantém menos pessoas do que antes. Noto que o grupo anteriormente reunido dispersou, com dois rosto conhecidos sobrando. Porém Mate não vai em direção deles.

PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento] Onde histórias criam vida. Descubra agora