[now all we know is don't let go]

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Dakota, juro por Deus! — a garota a minha frente, que consegue ser um pouco menor do que eu, gesticula em desespero. — Ele quis te fazer uma surpresa? Ok! — ela indica com a cabeça a porta principal da sala, por onde Mate Jonas saiu para descarregar o pequeno caminhão. — Tudo bem, entendido! Coisa de casal. — Mandy pronuncia as palavras separadamente. — Agora, morar juntos? Como assim precisam passar um tempo juntos? Você enlouqueceu?! — o quê se iniciou como um sussurro gritado, agora permanece somente como um grito.

Já disse para você, nós não planejamos isso! — repito pelo o quê parece a milésima vez. — Sim, sei que "morar junto" com o cara que namoro a pouco tempo é maluquice, — gesticulo aspas com os dedos. — Mas não escolhemos isso! — esbravejo pela última vez. — E será temporário, como a ideia inicial.

Acabo diminuindo o tom ao pensar escutar o som de passos no corredor. Porém, alguns segundos em silêncio não revela nada.

Distorcer a história para Mandy não foi difícil. Na verdade, foi bem mais fácil do que não me sentir a pior das pessoas.

A pior parte da mentira é o fato de que tudo após ela tem que se tornar uma versão distorcida da realidade. Ela se torna enorme, e difícil de desfazer o emaranhado que por mais tempo somente se dificulta. Em algum ponto no futuro, será difícil somente desmentir um fato, porque não será um. Serão tantos que talvez eu me perca no que é real, e no que é inventado.

Então, na versão conhecida por Mandy, houve algum tipo de mal-entendido com Sarah — e isso não é mentira, — mas Mate descobriu, e quis fazer uma ótima surpresa. E agora, o casal feliz concorda que morar juntos temporariamente seria o sonho se tornando realidade.

Mesmo nessa versão dos fatos, é óbvio que Amanda está a ponto de uma síncope. Também seria a primeira pessoa a impedir minha melhor amiga a morar com um garota que namora nem a meses, — se realmente um namoro existisse.

Sendo sincera com ela, — e comigo mesma, — também considerei por alguns segundos a ideia de me esconder em seu alojamento por um tempo.

— Lhe esconder no dormitório é uma opção, Dakota. — ela pronuncia, como se sua mente estivesse conectada à minha.

— Está tudo bem, Mandy. — a asseguro repetidamente. — Prometo! — aceno com a cabeça em afirmativo, tentando passar mais confiança.

A garota solta um suspiro baixo, como se estivesse tentando se desprender da ideia. Então, ela cruza os braços, e permanece alguns bons segundos em silêncio, comigo lhe encarando.

— Certo. — finalmente diz como se tivesse que concordar com algo difícil. Logo em seguida, maneiando com a cabeça continua. — Que forma melhor de fortalecer uma relação do que convivência forçada, não é mesmo? As romcom's comprovam. — ela diz como se entendesse alguma coisa do assunto, quando sei que o último filme de romance que a garota consumiu, os dois provavelmente morriam no final.

Entretanto, sei que é a sua maneira em demonstrar apoio utilizando a minha linguagem.

— Tudo bem, vou verificar se falta algo lá embaixo. — ela aponta para a porta antes de começar a caminhar com passos firmes e fortes, ainda demonstrando frustração.

Mandy para no caminho, ao dar espaço para Mate, que adentra a sala carregando duas caixas, uma por cima da outra, consideravelmente grandes.

Ele desvia por algumas outras já deixadas no caminho, e estas em específicos deposita sobre o sofá da sala. Noto que na lateral destas, há o adesivo de identificação que coloquei para coisas frágeis.

PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento] Onde histórias criam vida. Descubra agora