[this is a state of grace]

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Arrasto os pés sobre a neve, enquanto tento obrigar minha mente à voltar para a realidade.

Holloway fez o seu trabalho muito bem em tornar Way Brook's esquecível ao menos por uma noite. Mas não posso ser injusta em não admitir que trouxe tantos problemas quanto a fria cidade costuma.

Andar pelo campus tem sido uma tarefa curiosa desde o incidente com Dean.

Não confio na minha mente o suficiente para desconsiderar a hipótese em ser alguma forma de tortura mental sendo infligida por mim. Mas não posso ser tão ingênua em pensar que não seria possível.

É no mínimo curioso. Mas impossível?

Impossível é uma palavra formada por 70% do que as pessoas pensam ser impossível, e a porcentagem restante daquilo que realmente é.

Apesar, não o vi além dos dois episódios pontuais. O quê torna difícil definir o quanto meus passos estão seguros, e minha mente está saudável.

Como se necessitasse de uma terceira vez para definir o quanto minha mente não está de forma alguma perto de sã.

Mas é diferente o quanto qualquer coisa que ocorra com alguém que se ama pode ofuscar até os pensamentos dos seus problemas pessoais.

Quando entro na sala de aula pela manhã, não penso em Dean. Ou em Mate. Ou nos problemas que tenho arranjado para mim mesma nos últimos dias.

Penso em Mandy.

Penso na volta para casa conturbada e abrupta, na sua ansiedade visível, no quanto uma festa que foi uma ideia ao menos um pouco mais descente que a maioria, se tornou péssima para ela.

Criamos um óbvio problema de comunicação, e não estamos dizendo muitas coisas uma para a outra.

Tenho que admitir que talvez a maior culpada tenha se tornado eu, ao longo dos meses.

O quanto ela parecia triste e decepcionada não foi o suficiente para querer compartilhar o quê aconteceu. Ou se Anthony tinha alguma parcela de culpa nisto.

E posso estar dando um embasamento raso ao meu pré conceito sobre o jogador, mas aposto todas as pizzas amanhecidas existentes no mundo que com certeza ele tem.

O quê preocupa é que não importa o quanto a pressione, Amanda se recusa à dizer exatamente os seus motivos. Assim como em muitas ocasiões, também tenho recusado à dizer os meus.

Não posso exigir algo que também não tenho a capacidade em dar nos últimos tempos.

O único apontamento relevante até o fim da noite, quando a deixamos em seu dormitório com o rosto abatido, é Mate questionando se eu achava pertinente, — com esta exata escolha de palavras, — quebrar o nariz de Anthony.

O seu senso de proteção, e talvez justiça, é talvez uma das suas melhores qualidades em muitas situações.

Deixo a sala em mais um pico de pensamentos ansiosos tentando convencer à mim que preciso tomar ao menos outro litro de água.

A concentração tem falhada na última hora mais do que nos dias comuns. Minha mente se recusa à entender a química cerebral quando minha própria não está funcionando como deveria.

É ainda pior no olhar acadêmico por ser a aula do único professor que se recusa à ver os alunos como seres humanos além de máquinas de trabalhos escritos e exames inesperados.

Inspiro enquanto finjo observar minha garrafa d'água ser enchida aos poucos. Como se na minha mente pudesse ao menos focar nisto, e não em todos as outras dúvidas sobre o quê não sei.

PELO O QUÊ LUTAR | [Em Andamento] Onde histórias criam vida. Descubra agora