Capítulo 2

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Olho para o teto e pisco duas vezes tentando acordar em definitivo. Eu não sou a pessoa mais matinal do mundo. Juro que coloco em risco meus compromissos e minha carreira por mais dez minutos de sono! O grande problema dessa manhã, é que não são dez minutos a mais e sim trinta! Ao ver as horas no despertador pulo da cama e corro em direção ao banheiro, fazendo minha higiene da maneira mais rápida possível.

Quando estou em uma batalha tentando fechar a porta do apartamento, o vizinho da frente, Benjamin, aparece e encosta contra o batente, com um sorriso idiota contra os lábios.

"Atrasada de novo, Scar?" Ele ri.

"Cale a boca, Ben." Reviro os olhos e jogo as chaves dentro da minha bolsa. "Quero um macarrão delicioso e um bom vinho para o jantar." Aviso enquanto me afasto dele.

"Ei! Hoje é sua vez de cozinhar!" Saio correndo antes de responder ele.

Benjamin passou de flerte para o meu melhor amigo. Ele me ajudou com as caixas da mudança a mais de um ano atrás. No começo flertamos e dei em cima dele, como a boa vagabunda que eu sou. Não que eu fosse transar com ele, afinal, não sei se ele aceitaria os meus termos, mas era realmente gostoso aquele clima leve entre nós. Ben e eu passamos a conversar e a fazer várias refeições juntos, nossa amizade cresceu e hoje somos inseparáveis. Tenho sorte em ter ele na minha vida.

Ainda pensando nisso passo pela porta de funcionários da boate, Adam, o segurança acena com a cabeça quando mostro meu crachá de forma desajeitada. Subo de dois em dois degraus até estar no terceiro andar onde fica os escritórios. Quando piso no último pavimento estou suada, quente e ofegante. E para piorar ao abrir a porta pesada encontro todos os meus colegas reunidos e virados de frente para Dante Sartori.

Fecho a porta o mais discretamente que consigo e me infiltro entre meus colegas que estão ao fundo, torcendo para passar despercebida. Troco um olhar questionador com Emilly, ela da de ombros.

"Acho que agora que a diretora de compras chegou podemos começar, não é?" Dante diz de maneira ácida, com aquele sotaque italiano atrapalhando seu inglês, fazendo que vários olhares se virem pra mim. "Parece um padrão o que meu pai deixou nas boates! É realmente impressionante..." Seu olhar esverdeado vem em minha direção. "Funcionários desleixados, corruptos e mal organizados." Todos arregalam os olhos e observam o homem, completamente confusos. Que merda ele está falando?

"O que está acontecendo, Sr. Sartori?" O diretor de marketing pergunta.

"Patrick Parker foi demitido na sexta-feira e está nas mãos dos meus advogados!" Todos cobrem a boca surpresos, inclusive eu. Acho que não estava tão errada em desconfiar do nervosismo de Pat na sexta. "Patrick é um corrupto que vinha desviando dinheiro do negócio da minha família para a conta de um laranja." Seu olhar é atento em todos. "Minha equipe ainda está investigando para saber se há mais alguém envolvido em seu esquema. Vou ter piedade e dar a oportunidade para quem quiser se entregar." Novamente seu olhar sustenta o meu. Arqueio a sobrancelha de maneira desafiadora. Ele por acaso acha que estou envolvida nessa merda? "Posso garantir que as consequências não serão tão ruins quanto para Patrick." Ele passa os olhos por todos. "Estarei na antiga sala de Parker. Eu serei o diretor geral até achar alguém de confiança  para colocar no lugar. Chamarei cada setor para alinharmos alguns pontos. Bom dia a todos!"

Respiro fundo algumas vezes tentando me acalmar quando deixo a bolsa em cima da mesa da minha sala. Dante Sartori é um grande babaca que realmente acredita que tive algo a ver com a falcatrua do Patrick! Eu vi isso nos olhos dele! Ah, não! Ele não vai desconfiar de mim na frente de todos. Não vou admitir!

Com toda a coragem que cabe dentro do meu 1,60 de altura vou marchando até a sua sala. Alguns funcionários me encaram como se eu fosse louca ou talvez estejam pensando que vou me entregar. Emilly arregala os olhos dois quando me vê indo em direção a porta do poderoso chefão. Antes que ela consiga me impedir, já estou adentrando e ficando de frente com Sartori.

Confesso que por um instante perco o fôlego. Dante Sartori é um belo exemplar de homem. Sentado na cadeira executiva, com o corpo inclinado para trás, seus braços apoiados na laterais e o indicador direito encostando nos lábios. Seus cabelos loiros rebeldes são um chame a mais. Ele me encara de maneira curiosa, mas não surpresa.

"Acho que ainda não solicitei a presença do setor de compras, Srta. Moore." Diz arqueando as sobrancelhas. "Ou veio me dizer alguma coisa coisa?"

Me aproximo da mesa sem medo do seu olhar acusador e apoio as duas mão sobre o carvalho escuro.

"Você me deve um pedido de desculpas." Uma risada cínica escapa dos seus lábios.

"Como é!?"

"Você deixou meus colegas pensando que eu estava envolvida com os planos de Patrick! Me olhando de maneira acusadora!" Respiro fundo tentando controlar meu tom de voz.

"E você não está?" Ele se levanta, mostrando toda sua altura e seu poder.

"Eu posso ser tudo, Dante, mas não uma corrupta." Cruzo meus braços, fazendo meus peitos ficarem empinados, imediatamente os olhos de Sartori vão até eles. "Mantenha seus olhos acima dos meus ombros, Sartori!" Repreendo. Um sorriso matador aparece entre os seus lábios.

"Ah, Scarlett..." Seu tom diminui, se transformando quase em um sussurro. Não consigo impedir de um arrepio atravessar meu corpo e meu coração errar uma batida.

"Eu não fazia parte do esquema de Patrick. Sou uma boa funcionária e leal." Me afasto de sua mesa. "Espero que não volte a se repetir o que aconteceu na frente dos outros." Ele arqueia as sobrancelhas e sustenta aquele sorriso ridículo. "Eu sou boa o suficiente para não ter medo de perder o emprego." Afirmo. "Aguardo meu horário para nossa reunião, Sr. Sartori." Viro as costas e saio marchando de sua sala.

Sento na minha sala me sentindo realizada. Falei tudo o que queria e me impus como profissional, tenho certeza que Dante Sartori não será uma pedra no meu sapato por um tempo.

Ao som de Massive Attack acelero a velocidade na esteira, sentindo minha panturrilha arder pela corrida, sinto também meu peito arder e o ar começar a faltar, mas não paro, preciso finalizar meu treino e gastar toda a energia sexual acumulada.

Sempre fui muito sexual. Perdi a virgindade aos 16 com Colin, meu primeiro namorado. Desde então, transo e me masturbo com frequência para conseguir me satisfazer. Depois de Jason, isso se tornou extremamente complicado.

Jason me apresentou ao tipo de sexo que eu gosto. Foi com ele que entrei no meu primeiro ménage, na minha primeira orgia, primeiro tudo! Antes, eu achava que sexo era algo muito íntimo, hoje percebo que é mais uma forma de se satisfazer e pronto! Mas infelizmente, depois que Jason se foi, ninguém mais me teve inteiramente. Sempre que me envolvo sexualmente com alguém, há uma terceira ou quarta pessoa em cena, considero uma forma de proteção, vai acabar o sexo e não terá carinho e chamego, é cada um para o seu canto, não tendo possibilidade de me apegar ou apaixonar. Não que eu queira! Não desejo mais um relacionamento ou amor, Jason levou meus desejos com ele pra sua cova. Ainda me lembro da dor insuportável que senti, eu nunca mais quero sentir aquile sentimento de perda novamente. Poucos entendem, não foi simplesmente um fim de relacionamento! Nós não escolhemos estar separados...

Quando completo trinta minutos de corrida aperto o botão vermelho e desço da esteira. Dou um sorriso para o personal e sigo para o vestiário, tomo um banho rápido e visto minhas roupas. Aproveito para enviar uma mensagem para Ben, avisando que estou a caminho de casa. Não vejo a hora de me encher de macarrão!

Minha doce obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora