Capítulo 32

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Scarlet Moore

Ao pousarmos em Roma o clima entre nós é outro. Dante pediu desculpas de todas as formas possíveis e prazerosas por ser um babaca ciumento.

Infelizmente, o nosso relaxamento dura pouco. Dante me conta o motivo da viagem as pressas para Roma. Giulia, sua irmã, sofreu um aborto espontâneo e está internada, recebendo todo o apoio médico e psicológico que o dinheiro pode proporcionar. Inicialmente fiquei irritada por Dante não me contar sobre a gravidez, mas nem o mesmo sabia! Giulia achou prudente aguardar o fim do primeiro trimestre para contar a notícia. Será que a pobrezinha já estava sentindo algo ruim sobre sua gestação?

Atravessamos o estacionamento do hospital no centro de Roma ainda de mãos dadas. Dante se informa onde sua irmã está e em poucos minutos somos conduzidos até o andar mais privado do hospital.

O elevador se abre e vejo minha sogra parada no corredor, sendo consolada por uma mulher loira de trinta e poucos anos. A mais jovem a abraça com intimidade e cuidado, acariciando suas costas enquanto a mesma chora. Ela se separam ao perceberem que não estão mais sozinhas.

Por um instante, percebo Dante ficar tenso e hesitar por um momento, apertando minha mão. Imagino que por proteção, sabemos bem que sua mãe não aceitou bem o início do nosso relacionamento.

"Mama." Ele se aproxima da mãe e a abraça. A mulher desaba nos braços do filho. Pela primeira vez, a vejo como um ser humano de verdade e preocupada com o próximo. "Ela ficará bem." Beija sua cabeça e se afasta, mas não solta completamente sua mãe. "Obrigado por cuidar delas enquanto estive longe, Isabelle." Agradece a desconhecida. A loira coloca a mão sobre o bíceps do meu namorado com intimidade e acaricia.

"Sempre que você precisar." Um sorriso aparece em seus lábios e seus olhos brilham ao olhar para Dante. Sinto que houve algo entre eles no passado e o ciúmes faz uma bola de tênis subir até minha garganta, me sufocando.

Ao perceber meu desconforto, Dante se afasta discretamente da mulher e estica o braço livre para me trazer para perto.

"Essa é Scarlet, minha namorada." Os olhos verdes da mulher caem sobre mim. Percebo deboche, raiva e... Inveja? "Linda, essa é Isabelle, uma amiga da família."

"É um prazer." Minto descaradamente. "Sra. Sartori, sinto muito pelo que Giulia está passando, saiba que estarei a disposição para ajudar no que for, principalmente agora me mudando para a Itália." Declaro demarcando meu território.

Três pares de olhos surpresos se direcionam a mim.

Os olhos de Dante estão brilhando, cheios de amor e esperança, sua mão aperta minha cintura com força.

Georgina me olha com desgosto, como se ainda não acreditasse na merda que seu filho está fazendo.

O olhar de Isabelle deixa mais que claro que já esteve na cama o meu homem e que sente ciúmes do que estamos tendo.

"Entre para ver sua irmã." Digo a Dante. Ele tenta me levar junto, mas me afasto. "Querido, ela está abalada, não é um bom momento para nos conhecermos. Vá tranquilo, enquanto isso vou até a lanchonete tomar um café."

"Certo." Ele deixa um beijo em meus lábios e se inclina no meu ouvido. "Depois do seu café, peça para Joseph te levar para nossa casa, me espere usando uma lingerie sensual e sua coleira, nós vamos comemorar." Ele deposita mais um beijo em meus lábios antes de entrar no quarto acompanhado de sua mãe.

Sorrio de maneira forçada para Isabelle e começo a me encaminhar para a lanchonete, seguindo as placas. Enquanto espero meu café respondo mensagens de alguns amigos e da minha mãe, avisando que chegamos e que estamos bem.

Ao sentar na mesa, beberico meu café ainda concentrada na tela do celular quando Isabelle senta na cadeira na minha frente. Ela está séria e me encara com desprezo.

"Posso te ajudar?" Questiono arqueando as sobrancelhas.

"Quanto você quer para terminar com ele?" Questiona sacando sua a carteira de dentro da bolsa e pegando um talão de cheques. "Diga quanto quer e será seu."

"Você está maluca?" Solto uma risada.

"Escute bem, Americana." Ela se aproxima de mim. "Você deve aceitar esse dinheiro e desaparecer da vida de Dante para o seu próprio bem! Estou te fazendo um favor. Vocês não darão certos juntos, é mais vantajoso pra você terminar agora e ter um dinheiro extra no banco." Olho para ela indignada, ainda sem reação. Seus olhos verdes estão arregalados e fundos, com certo desespero. " Diga! Quanto? Cem mil euros é suficiente para você?"

"Isabelle, eu não vou terminar com o Dante porque você quer ou por qualquer quantia de dinheiro, eu o amo e..." Ela solta um som de desdém.

"Ele me pertence, Scarlet! Pare de dizer que ama o meu homem!" Seu o caralho, sua vagabunda!

"Não me importo que vocês compartilhem um passado, eu não sou ciumenta." Minto na cara dura, apertando meus joelhos para controlar meu ódio e ciúme.

"Não deve ser mesmo, já que se envolveu com um homem comprometido!" Sua fala me atinge com força, sinto meu rosto empalidecer e minhas forças irem embora. Que merda essa mulher está falando? "Finalmente atrai sua atenção?" O sorriso do gato de Cheshire aparece em seus lábios. "Você realmente conhece o Dante Louis Sartori, Scarlet?" Questiona cruzando as pernas. "Você gosta de histórias? Porque vou te contar uma..."

"Eu não..."

"Dante e eu estamos juntos desde a adolescência. Somos predestinados um ao outro. Nossos pais sempre foram melhores amigos e decidiram que seus primogênitos ficariam juntos." Meu coração começa a afundar no peito, não gostando do que está por vir. "Dante foi meu primeiro beijo, tirou a minha virgindade, me pediu namoro e depois em casamento, como era a vontade dos nossos pais." Ela suspira de maneira dramática. Sinto como se uma faca fosse enfiada em meu peito apenas de pensar no italiano casado com outra mulher. "Eu ainda o amo, mas se tornou insustentável nossa relação, ele estava me enrolando para marcarmos a data do casamento, e então, as traições começaram a surgir. Eu o perdoei várias vezes, afinal, o amor nos deixa um pouco cega, não é? Mas o fim pra mim foi quando ele se masturbou no banheiro com você no telefone!" Lágrimas inundam seus olhos. "Foi após o casamento de Giulia, você ligou para o meu noivo e ele se tocou enquanto falava com você! Você não passa de diversão, Scarlet! Você é a porra de uma amante!" Ela chora muito agora, desolada.

Meu peito queima. Arde. Dói!

Dante Sartori era comprometido quando começou a se envolver comigo e continuo com ela durante um tempo! Enquanto eu sentia sua falta em Nova York ele estava aqui fodendo sua noiva italiana e perfeita. Meus olhos se enchem de lágrimas, desvio o olhar dela, tentando disfarçar.

A dor que sinto é gigante. Ele mentiu e omitiu coisas de mim! Dante disse que nunca havia sentido por outra pessoa o que sentia por mim, disse que eu era a primeira que ele dizia amar! Porra! Mentiroso do caralho!

"Não parece, mas estou apenas tentando livrar você do sofrimento que eu passei, Scarlet."

"Você acabou de dizer que ele é seu, Isabelle, não se faça de sonsa, porra!" Ela me mede de cima a baixo.

"Nós vamos nos casar, Scarlet. Você não entende, mas no nosso mundo há muitos casamentos por conveniência." Suspira. "Meus pais estão me obrigando a perdoar as traições e me casar com ele. Você entende que será apenas a amante?" Um sorriso maldoso aparece em seus lábios. "Sempre serei eu ao lado dele nos eventos, nas viagens e nos passeios. Pare de se humilhar e vá embora!" Isabelle se levanta e ajeita seu vestido. "Boa sorte, Americana."

Travo a mandíbula e deixo algumas lágrimas teimosas escaparem. Estou queimando de raiva. Raiva dessa cobra, raiva do maldito italiano mentiroso! Como ele pode me trair dessa maneira? Pensei que o que tínhamos era minimamente especial para ele.

Ledo engano.

Vou embora desse país desgraçado, mas antes disso vou me vingar. Me aguarde Dante Sartori.

Minha doce obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora