Capítulo 6

268 9 2
                                    

Acordo assustada com o despertador. Como pude esquecer de desligar essa merda? Hoje é sábado! O dia que eu gostaria apenas de dormir e levantar apenas para não morrer de fome. Desligo o alarme e bufo, viro de lado e cubro até as orelhas, porém, sei que não vou mais conseguir dormir. Tenho essa certeza quando começo a repassar essa última semana.

Na terça, quando voltei a trabalhar, Dante Sartori me fez aquela proposta tentadora e absurda. No mesmo instante senti a necessidade de dizer que sim, que queria transar com ele! Senti o desejo de me inclinar sobre sua mesa e abrir minhas pernas... Mas isso seria impossível pra mim por simples três pontos: Ele é meu chefe, é um babaca e não vou voltar a ir para a cama com apenas uma pessoa. Isso envolve intimidade demais. Intimidade que tive a dois anos atrás com Jason, ele foi a última pessoa que me teve sozinha e espero continuar assim.

Durante toda a semana peguei olhares do italiano na minha direção. Mesmo após a ameaça da queixa de assédio o seu olhar era de desejo. O peguei me observando da sua sala, que sempre está com a porta aberta enquanto estou próxima das baias, ele também me encara na copa dos funcionários e durante a saída, mas não tentou mais nenhum contato ou proposta. Estou feliz com isso... Certo?

Ouço a campainha tocar. Merda. Eu acordei, mas não tinha a intenção de levantar. Pego o roupão atrás da porta e calço os chinelos. Antes que eu consiga chegar até a porta apertam a campainha novamente. Que chatice! Quando finalmente abro a porta vejo Kate diante dos meus olhos. Minha melhor amiga está com sua bolsa nos ombros e uma mala apoiada ao lado do seu corpo. Seu nariz e olhos estão vermelhos como quem chorou o vôo inteiro de Springfield até New York.

Sem questionar, abro meus braços e ela se joga entre eles. Chorando como uma criança. Posso sentir sua dor mesmo sem saber o real motivo. Abraço seu corpo com força, desejando que ela fique bem. Acaricio suas costas e afago seu cabelo até que ela se acalme. Quando se afasta ela enxuga as lágrimas e arrasta sua bagagem para dentro do apartamento. A levo até o quarto de hóspedes e dou privacidade para que ela possa se recompor.

Vou até a cozinha e começo a preparar um café da manhã. Retiro do forno um bolo de chocolate com muita calda que comprei ontem em uma padaria e deixo ao lado de uma xícara de café. Kate se aproxima da bancada da cozinha e senta em um dos bancos.

"Benedict e eu terminamos." Ela esconde o rosto entre as mãos. "Desculpe aparecer assim... Eu não tenho para onde ir, Scar." Ela funga. Seguro sua mão sobre a mesa.

"Está tudo bem, Kate. Enquanto eu estiver nesse plano você sempre terá para onde ir." Ela solta um sorriso fraco. "Sinto muito por você e por meu irmão. Seis anos juntos é realmente muito tempo."

"Ele não se importou com esse tempo todo quando terminou comigo ontem a noite." Ela dá de ombros.

Benedict é um estúpido!

"Ele nem ao menos se justificou?" Aperto a xícara para tentar controlar a raiva do meu irmão.

"Benedict disse que não me via mais como a mulher da sua vida, que nosso relacionamento havia se transformado em uma amizade." Ela chora e limpa as lágrimas com um pouco de raiva.

"Babaca." Esfrego a testa.

Entendo porque Katherine está tão sem chão. Nós todos crescemos juntos na fazenda dos meus pais. Somos uma grande família unida, bem... Éramos. Ela diz que não tem para onde ir porque sua única família de sangue é sua mãe que possui uma casa em nossas terras. Entendo porque ela pegou suas coisas e se mandou... Kate precisa de distância do que a estilhaçou...

"Eu tentei argumentar, questionei o que poderia melhorar, tentei dar soluções..." Soluça. "Ele simplesmente disse que não tinha volta e me deixou sozinha!"

Minha doce obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora