Desgovernada

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POV MAITE

A noite saiu como o planejado... Transamos, foi bom... E depois do banho jantamos. Conversamos muito.

Eu e Koko somos bons em conversar, na conversa dissemos o quão desconexos estamos um do outro, como o trabalho tem nos engolido. E prometemos maneirar nos projetos, nunca foi sobre quantidade de tempo, e sim qualidade de tempo. Nos perdemos na empolgação do trabalho.

Ele quis uma segunda vez, depois do jantar... A primeira vez da noite eu achei que seria incrível de novo, mas, foi... ok.

Já a segunda, eu até gozei... Mas só consegui isso quando me vi pensando em outra pessoa que não era ele, eu me peguei pensando nela, Olivia.

O cérebro de fato é a arma mais perigosa que existe, foi como se ele fizesse uma seleção dos sorrisos dela, das vezes que conversamos e ela estava de short curto e regata, ou dela dançando em cima do palco sensualizando, piscando... Ela em cima da palco, é transformador. Aquela mulher quieta, tímida brincalhona, sai e dá lugar para uma mulher sexy, cada movimento dela, as mordidas nos lábios carnudos, as piscada de olho, ou como ela se meche e se toca... Um furacão. 

Certa vez, procurando no Youtube sobre cenas da Olivia em shows, alguém fez dos momentos mais sensuais dela no palco... É uma mulher e tanto, uma força da natureza, um vulcão que convida a gente para se jogar no centro da lava.

São quatro da manhã, não posso ligar para ela... Se aquela hora ela já estava indo dormir, ela não deve estar acordada. E se tivesse? O que eu iria falar?

Três meses depois

- Oi. – Falei assim que ela abriu a porta para mim.

- Oi, obrigada por me receber.

- Ai imagina amiga, sou sua amiga acima de tudo! Acha mesmo que eu iria te deixar chorando por ai. – Joy me abraçou. - Vem... vamos sentar ali, eu preparei um chá para nós duas, o tempo tá meio frio não é mesmo? – Ela me perguntou, eu concordei com um gesto. – O que está acontecendo?

- Eu estou me sentindo um carro... Trem sem controle! – Comecei a chorar. – Eu... Eu tô assustada!

- Calma, me conta, porque você está se sentindo assim?

- Eu sou atriz, cantora, dubladora... Empresária! Eu tenho uma carreira sólida! Eu tenho dinheiro para viver com tranquilidade sem fazer mais nada! – Joy balançava a cabeça concordando com tudo.

- Calma, respira... Miga eu sou sua empresária eu sei do seu currículo. Ela disse rindo, e eu dei um soco na parede. - Ok... Senta, calma... Não vou brincar mais. Fala.

– Eu tenho 32 anos, tenho uma família maravilhosa, eu estava em um relacionamento estável... Eu tinha tudo sobe controle, e agora. – Respirei fundo. – Eu não consigo parar de pensar nela, dá vontade de falar com ela o tempo todo... O som da risada dela, as conversas por horas e horas... Eu te juro Joy, não teve uma conversa com segundas intenções, ela nunca tentou algo além, pelo amor de Deus o que está acontecendo! - Coloquei as mãos na minha cabeça. - Se você procurar meu histórico de Youtube, são só vídeos dela, feito por fãs dela... Vídeos editados meu e dela no clipe... Eu já li três fanfics que escreveram minha e dela na época de Roma! Eu tô sem rumo, eu tô descontrolada!

- Até que enfim... Até que enfim.

- O que?

- Até que enfim duas vezes, Mai, eu te amo... Mas você sempre foi uma pessoa muito certa de cada próximo passo que você dava... O próximo projeto, e até mesmo na vida pessoal. Metódica, assertiva... Eu sempre me peguei pensando quando que a vida ia te mostrar que existem imprevistos, que nem tudo sai como planejamos.

- Tá me falando que isso é um castigo?

- Não! Isso é paixão... Eu vi você terminar com o Guido, te conheci nessa época, vi você engatar mais duas paixonites ai antes do Koko aparecer, e lembro bem como você ficou, como você se sentiu quando se apaixonou por ele. E minha amiga, não estou dizendo que não era paixão. Só que, digamos que você estava acostumada com sentimentos calmos... Rasos, e ai surge ela, despretensiosamente e gera um baita tsunami dentro de você! E ai, o que você vai fazer agora? Você está apaixonada por ela... Você deveria falar isso com ela.

- E correr o risco de afastar ela de mim? Nem ferrando!

- Fala com ela... Mas fale com ele, por mais que eu não goste como ele te trata como um estepe... Ele merece ser comunicado que não está rolando mais. – Ela me abraçou. – É dona Maite... Você é lésbica! – Ela começou a rir. – Acho que é tanta reza das meninas e mulheres que querem te ver beijando outra mulher.

- Eu nunca tive problema com minha sexualidade... Não que agora eu tenha, mas é que eu nunca me imaginei me apaixonando por outra mulher, me sentindo atraída por outra mulher.
E a questão nem é de fato por ela ser mulher... É que nunca ninguém me fez perder o controle assim, nem nas paixonites na adolescência.

- E foi justo por quem? – Joy tomou mais um pouco de chá. - Justo pela sua fã numero um... Justo uma celebridade... Mas eu te entendo, quem não se apaixonaria pela Olivia, pelo amor de Deus que mulher linda, e gente boa. É um milagre ela estar solteira até agora. - Me levantei da poltrona, e peguei minha bolsa. - Onde você pensa que vai?

- Eu vou para Los Angeles

- Que? Quando?

- Agora... eu sei que ela está lá eu vou falar com ela.

- Meu Deus... Tem certeza?

Dei um abraço nela e entrei no carro.

- Ligar para Olivia. – Dei o comando de voz para o celular.

- Oi. – Ela me respondeu, e só de ouvir a voz dela eu sorri...Um barulho de violino atrás. – Mai?

- Oi! É você vai estar em Los Angeles nas próximas cinco horas?

- Sim, porque?

- Eu estou a caminho do aeroporto, vou comprar uma passagem e vou para aí.

- Legal! Mas, está tudo bem?

- Sim, só pensei que podíamos jantar juntas hoje, temos feito isso muito virtualmente, pensei que seria uma boa... Tem um hotel que eu sempre fico, é de um grande amigo meu, podemos nos encontrar lá.

- Claro!

- Assim que chegar, e se instalar, me fala que eu te encontro sim.

- Perfeito, até...

- Até.

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