Eu te vejo, do outro lado.

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POV OLIVIA

Acordei no colo da Janaina, que faz um cafuné tão gostoso.

- Desculpa eu apaguei,

- Sem problemas. – Ela me sorriu. – Levante-se menina.

- Tá bom. – Me levantei e estendi a mão para ela levantar. – É engraçado você me chamar de menina.

- Porque?

- Porque eu sou mais velha do que você, eu tenho 26 e você?

- Quinze.

- É... Onde vamos?

- Eu vou voltar para o meu plano, continuar cuidando das crianças desencarnadas, recebendo-as.

- E eu? Eu vou junto cuidar?

- Não. – Ela segurou em minha mão. – O criador disse que ainda não é a sua hora.

- Eu não vou morrer? – Falei com toda alegria, quero abraçar meus pais.

- Não.

- Nesse cochilo que eu tive, o Criador esteve aqui?

- Ele está em todo lugar, até mesmo quando acham que ele não está.

- Eu queria ver Deus.

- Deus está no outro... Eu vejo Deus em você. – Ela me sorriu. – Para você, para mim, foram algumas horas... Quando você retornar, e aos poucos recobrando a consciência, vai perceber que se passou bons dias, descansando seu corpo.

- O tempo é relativo?

- Isso... Siga em direção a aquela luz.

Comecei a andar, olhei para trás e Janaina me olhava emocionada. Voltei.

- Você precisar ir.

- Mas e você? Digo, ok, colônia de crianças... Mas, eu não queria te deixar aqui, eu queria mais tempo com você. Eu sinto uma coisa inexplicável. – Comecei a chorar. – Quando você me abraçou eu senti uma alegria uma paz. Eu não deveria ter dormido! Eu queria dançar com você.

- Eu te prometo, vamos dançar juntas. - Ela se aproximou colocando as duas mãos em meu rosto. - Você precisa voltar, até mesmo para poder encerrar um ciclo, um ciclo que é meu também. – Ela percebeu minha cara de assustada. – Se calme, cuide da sua recuperação que não será fácil, cuide da sua mente, cuide do seu coração... Deixe alguém quer cuidar do seu coração. Sem culpa, me ouviu menina?

- Sim.

- Por favor, não me diz que quando eu voltar eu vou te esquecer, eu não quero esquecer você.

- Eu nunca te esqueci, e você nunca vai me esquecer, ou esquecer do que conversamos, da nossa pele se tocando, eu te juro, eu vou continuar como sempre estive, do seu lado.

- Quem é você?

- Eu, sou você... Você, é a minha continuidade, você é meu amor verdadeiro. Todas as vezes que você dançou, não era você, éramos, somos nós.

- Eu não compreendo.

- No tempo certo, quando a maldade toda for descoberta, você saberá. – Ela me abraçou forte. Depois de um longo abraço, ela me soltou. – Vá menina, uma vinda inteira te espera.

- Obrigada. – Disse sem de fato saber o porque de estar agradecendo. – Te vejo do outro lado? – Gritei antes de entrar na luz.

- No veremos do outro lado.

A luz me consumiu.

Sabe aquela sensação de estar caindo da cama? Foi assim que me senti.
Abri os olhos pesados, olhei em volta e ninguém, um quarto que mais parece um aquário.

Uma luz vermelha piscando sem parar, cadê todo mundo?
Um enfermeiro entrou correndo na sala, voltou até a porta para falar algo que eu não consigo entender bem.

- Olivia, estamos aqui com você se acalme, regule a sua respiração se acalme.

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