Se perde comigo

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Passaram-se dois dias desde essa nossa última conversa.

Você não havia me ligado e eu já estava achando que não iria. Fiquei pensando que talvez tivesse te pedido demais, dizendo que poderia manter contato comigo como se nós fossemos amigos.

Não. Eu não era seu amigo, porque eu não sentia a menor vontade de ser.

Eu queria ser o seu homem.

Me contive muito para não fazer a besteira de te ligar. Isso poderia te afastar e te dar exatamente a ideia, de que eu estava atrás de você.

Essa era a verdade.

Merda. Como foi difícil contralar os meus instintos.

Todas as coisas, me lembravam e me faziam pensar em você. Rosas perfumadas, a paisagem de Paris, o cheiro do café, o sexo que eu via na televisão nos filmes depravados da madrugada quando me sentia sozinho e cheio de saudade.

Eu não queria outra mulher na minha cama. Eu só queria uma. E essa única, não me procurava.

Naquela altura, já havia perdido as esperanças. Sabendo que naquela semana Luka estava fora e nem um sinal teu.

Mas como eu havia dito antes, o destino estava do meu lado.

Então mais a noite na sexta feira, quando estava deitado vendo TV, não pude acreditar e deixar de sorrir quando peguei o meu celular e vi seu número chamando. Apesar de estar inseguro, e de não acreditar que viria me procurar, uma parte de mim tinha certeza de que você também, queria mais.

Eu atendi a sua ligação sentindo sua voz tremula. Estava nervosa, deu para perceber. Tudo bem. 

O rumo do nosso relacionamento também me deixava nervoso.

Pela tua honra, eu me contive em te procurar, mas pelo meu desejo, eu não iria mais me conter.

Eu queria você, já estava mais do que imerso nessa necessidade, e todas as vezes que você me correspondia, nem que fossem mínimas, tal como aquela ligação, eu me sentia mais encorajado.


- Oi Adrien.

- Boa noite Marinette. Tudo bem?

- Sim, e... com você?

- Melhor agora, que estou falando contigo.

Um silêncio veio da sua parte. Eu fechei os olhos sorrindo. Deveria não ser tão atirado, mas somente a sua voz, já me fazia mandar a minha razão para o inferno.

-...bom... - você pigarreou limpando a garganta. -... Está ocupado, pode falar agora?

- Claro que sim. Estou aqui pra você.

Novamente você se calou, custando a me responder. Estava te deixando muito nervosa, claro que eu sabia.

E a verdade era, que eu estava adorando.

- ... que bom...! Quer dizer, é que eu tô aqui sozinha e... estava pensando em... fazer alguma coisa, não... Digo, ver alguma coisa sei lá, conversar.

- ... claro. O que quer ver comigo?

- Que tal um filme?

Não importava. Se fosse para estar contigo, ouvindo o som da tua respiração do outro lado da linha, a paz do teu silêncio enquanto estivéssemos vendo qualquer coisa na televisão, para mim seria a mesma coisa de poder estar de mãos dadas a você, lado a lado na cama.
Colocamos então o filme que você  escolheu. Era um romance, eu não conhecia. Por isso te pedi para comentar o que achava... na verdade, só queria ouvir tua voz. 

Sonho ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora