Desejos

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Acabamos indo para o sofá.  Eu me sentei de lado te colocando sobre o meu peito para acariciar seus cabelos. O apartamento estava silencioso, um vento bom vinha do lado de fora da sacada.

Fechei os meus olhos, aproveitando o máximo daquele momento contigo. Não importava se estivéssemos fazendo amor, ou se eu somente te tinha descansando em meus braços, de qualquer jeito, era bom ficar você.

Dei um sorriso pensando nessas coisas e te dei um beijo sobre a cabeça, o que te fez rir e suspirar mais alto.

-...no que esta pensando? - te perguntei, fazendo uma carícia em um dos seus braços que estavam sobre a minha barriga.

-...em nós dois. Em mim mesma... nisso tudo que ta acontecendo...

- uhn... e no que exatamente, esta pensando sobre isso?

Você respirou fundo antes de se sentar de frente a mim. Eu acabei sorrindo quando vi seus longos cabelos caídos sobre seus seios nus. Era muito linda, incansável de se admirar.

-... estava pensando, me perguntando, sobre o que pensa de mim.

- Como assim?

-...eu sei que esta apaixonado, mas eu fico refletindo sabe Adrien, se você não pensa que eu sou uma pobre coitada, que estava sofrendo por um casamento que só existia na minha cabeça. Se você for ver, caso não tivesse aparecido na minha vida... sabe o que eu estaria fazendo agora?

- Eu posso imaginar.

- É isso mesmo. Eu estaria aqui, nesse sofá vendo TV. Sozinha nessa casa enorme até a noite, onde eu teria de ligar pra ele, porque ele não teria feito o mesmo. Aí ele iria vir e me dizer: desculpe "meu amor", eu estava muito ocupado, não deu tempo. Aceitaria essa desculpa, iria desligar o telefone com um sorriso conformado no rosto, porque acabaria chorando sozinha na cama, cheia de saudade de um amor que foi esquecido...de um amor, que não existia mais. Olha, como isso isso não é algo degradante?! Não é triste?!

- Marinette, por favor, esqueça isso... - te toquei no rosto, tentando de trazer para mim, mas você se esquivou levantando-se. Com o olhar apático, olhou na direção da sacada que dava para o jardim. Seus cabelos voaram levemente, mostrando um pouco mais dos seus seios.

Eu inclinei o meu rosto, sustentando ele com a mão enquanto te via caminhar devagar até a porta de vidro, com as mãos cobrindo sua nudez. Você se recostou no metal, olhando para o lado de fora da sala.

Eu te ouvia, quieto. Sua respiração, seus suspiros tomados de pensamentos. Era uma caixa de surpresas meu amor. Uma vez que te entendia, eu não sabia lidar com certos medos teus, certos recuos, mas te dava razão por pensar do jeito que estava pensando. Não era fácil.

Eu só queria que soubesse, que eu estaria contigo para enfrentar qualquer problema. Só bastava que você me chamasse, que me desse cada vez mais espaço na sua vida.

- Adrien...

- ... o que?

-...eu quero te pedir algo.

- ... o que quiser.

Virando-se para mim, com um meio sorriso e colocando duas mãos para trás, você se recostou na portal de vidro. - ...sabe aquele restaurante que fomos da ultima vez?

- Sei.

-... queria, que me levasse até lá.

-... quer voltar lá?

- Quero. Lá é um lugar muito bom, afastado... e foi o local do nosso primeiro encontro. Eu quero terminar a noite de uma maneira diferente do que da ultima vez. Eu não vou mais fugir de você.

Me levantando, caminhei na sua direção e te segurei pela cintura com uma das mãos, te dando um beijo rápido. - ...não tem mais como fugir de mim.

- Eu sei, e eu não quero.

- Ótimo. E eu te levo sim ao restaurante, vai ser um prazer... só que eu tenho uma condição.

- ... e qual é, posso saber?

- Quero que pare de pensar em coisas ruins quando estivermos juntos, e até mesmo, quando estivermos separados. Não lutei tanto por você, para ter você, pra que fique pensando desse jeito. Apenas pense que eu te amo e me deixe te amar... é o que eu te peço.

Você sorriu finalmente e me envolveu nos ombros, ficando na ponta dos pés para que trocássemos mais um beijo.

Ah meu amor, claro que te levaria ao restaurante. Passaríamos um momento agradável jantando, dançando a nossa primeira dança juntos depois de tantas turbulências...mas isso ficaria para o sábado, porque eu não queria sair com você naquele dia.

Ainda faltavam muitos lugares para te amar, para te dar prazer, e nós dois só estávamos recuperando as energias. Sem contar que depois do jantar, eu queria te levar também para minha casa e fazer recordações boas lá contigo.

Naquela altura, nós só tínhamos feito amor a tarde, mas eu queria a noite, eu queria a madrugada para nós dois.

Queria estar do teu lado, queria estar beijando o teu corpo nu, te fazendo minha mais uma vez na cama do filho da puta, quando ele se desse conta que não tinha ligado naquele dia, e resolvesse te ligar.

Iriamos começar a nos divertir com a cara dele, assim como ele fez tantas vezes contigo Marinette.

...e se do outro lado, tivesse uma mulher qualquer deitada do lado dele enquanto falava com você, no nosso lado da linha, existiria nós dois fazendo amor.

Sonho ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora