Desde então, resolvi que era melhor te deixar um pouco em paz.Eu não podia mais insistir, isso poderia te causar aversão em mim por definitivo, então eu tentei viver a minha vida, mantendo na minha cabeça apenas a lembrança e a recordação do seu rosto, do seu toque, do seu beijo.
Criei o habito de passar perto das flores.
Eu não ligava para isso antes, mas as tulipas começaram a me chamar atenção. Elas eram tão bonitas e delicadas como você, possuíam o mesmo aroma, o mesmo toque suave nas pétalas, e a cor dos teus olhos. Azuis como o oceano que eu queria mergulhar.
Ah Marinette, como você me fazia falta.
Eu me questionei durante esses dias que estivemos longe um do outro, se eu tinha feito de fato a coisa certa, se tinha sido melhor eu ter aberto o meu coração, ou se deveria ter me calado, me mantido em silêncio.
Não poderia saber como estava se sentindo, mas eu não deixava de pensar, nem de me desligar nenhum minuto de você.
Dos bons momentos que passamos juntos.
Até mesmo, daquele beijo roubado que tanto eu quanto você queríamos.Eu queria repeti-los, eu queria muito mais. Te buscava a cada amanhecer no meu travesseiro, eu não parava de lembrar. Mesmo com as pessoas, com meus amigos ou andando só nas ruas. Eu apenas pensava em você e tudo me fazia te amar mais.
Então, forcei a ocupar ainda mais a minha mente com outras coisas. Só saía pra correr a noite, mas passei a fazer durante a manhã e nos finais de semana. Não tava dando mais pra ficar sozinho em casa com a minha insuportável solidão que seria ocupada apenas com a tua presença.
Eu corria pelo parque, pelas calçadas, corria te buscando, olhando para ver se sem querer, poderia te encontrar. O suor que escorria pelo meu rosto, no meu corpo, clamava pelo teu. A gente grudado um no outro, suando juntos. Seria melhor do que qualquer exercício físico. Eu queria perder o fôlego contigo. Você não me dava uma chance!
Naquela manhã de sexta, eu estava de folga a meu pedido mesmo. Quase que tinha feito uma merda no dia anterior. Luka já estava me deixando perturbado, eu 'tava a ponto de cometer uma loucura, uma briga fodida no escritório. Ele para variar tinha saído da cidade com a Chloé, em mais uma "pequena viagem à negócios".
Quantas mais ele precisava fazer, para você se dar conta de que não era uma verdade?
Eu quando soube dessa merda, joguei todas as minhas coisas no chão e por pouco não quebrei o computador sobre a minha mesa.
Inventei estar passando por problemas pessoais e pedi desculpas, como já tinha muita hora extra acumulada, a Bourgeois me deixou sair de folga e então, eu preferi correr pela manhã.
Mal tinha dado algumas voltas, e o sol quente do verão em Paris queimava a minha pele.
Eu me sentia sufocado, em combustão. Sedento, louco para esmurrar a cara de filho da puta do teu marido e fazer amor contigo, na frente dele se fosse preciso. Só para que ele visse o quanto um outro homem muito melhor do que ele poderia te fazer feliz e que você, nunca mais seria feita de idiota, não nas minhas mãos.
Eu corria, dando voltas e voltas, com o olhar tão focado na minha frente que não te percebi me encarando pelo lado de trás das grades do parque.
Na minha ultima volta, diminuí os meus passos passando a caminhar até chegar a você. Soltei o ar pela boca, passando a mão no meu rosto molhado. Estava sem camisa, mas mesmo assim o meu corpo inteiro pegava fogo pela quentura do sol, e por te ver de novo.
Dando um meio sorriso, encostei uma das mãos na grade, te olhando. Não era novidade você estar linda, mas naquela manhã, o sol clareava ainda mais seus olhos e sua pele. Usava um vestido de alça fina solto pela cintura. O meu coração acelerou no peito. Nem que eu corresse uma maratona, iria me sentir tão sem ar só por aqueles poucos segundos com você.
- Olá Adrien. – você então se forçou a falar, com um sorriso um pouco tímido. Sua boca pequena estava pintada de vermelho claro. Era irresistível.
- Oi Marinette. Tudo bem?
- ...tudo bem, e com você?
- Eu estou indo.
- ... sabe, eu vim fazer compras num mercado aqui perto, e acabei te vendo. Não esta trabalhando?
- Não, hoje não. Pedi um dia de folga.
- Ah entendi...
- Vai fazer compras?
- Sim, mas é pouca coisa. Como o Luka não vai pra casa jantar hoje, só vou fazer uma comidinha pra mim. Eu não como muito.
- Uhum. Eu percebi das vezes que comemos juntos.
Nós dois então, começamos a caminhar um em cada lado das grades que nos separavam.
Um vento gostoso começou a soprar, e a secar o meu suor assim como teu perfume invadiu o meu olfato. Caminhávamos lentamente, medindo nossos passos, tornando tudo devagar para que aquele momento durasse mais.
- E depois das compras, vai fazer o que?
- ...vou ficar em casa. Não tenho nenhum lugar pra ir.
- Claro que tem.
Você abaixou a cabeça, respirando forte com as duas mãos dadas na frente da sua barriga. Sabia o que eu poderia te propor, e mesmo que não quisesse admitir, queria sim, que eu o fizesse.
- Será que eu tenho mesmo?
- Tem, só basta você dizer que quer.
-...Adrien, eu-
No final, as grades acabaram e finalmente ficamos frente a frente sem que nada mais me impedisse de me aproximar, e te encarar profundamente em seus olhos.
- Vai. Admite pra mim. Admite que não deixou de pensar um minuto em nós dois. E que sentiu a minha falta.
-...eu...
- Se não fosse assim, não teria vindo aqui falar comigo, sabendo que eu ainda te quero muito, e que eu to doido pra sentir você.
- ...você me deixa entre a cruz e a espada quando fala essas coisas.
- Quando eu falo a verdade?
- É esse o maior problema. É que a sua verdade, esta me deixando louca! Eu não sei mais o que pensar! Se eu continuo vivendo uma farsa, uma mentira que é o meu casamento, ou... se eu quero viver uma outra mentira com você, mas que me parece muito mais real...
-... é porque você sabe que não é uma mentira.
-... eu não sei!
- Escuta.... já que estamos conversando, o que acha de eu ir lá no mercado com você e te ajudar a fazer um almoço? Eu não trabalho nem hoje e nem esse final de semana, podemos conversar melhor e mais a vontade.
-... você quer ir pra minha casa?
- Já não fiz isso antes?
- Sim, mas é que, agora eu...
- Naquela época eu já te amava, a única coisa era que você não sabia.
-...mas então, agora que eu sei....!
- ...torna tudo melhor.
- Adrien...
- Marinette. – eu me aproximei, ficando poucos centímetros de distancia. - ...se quiser que eu vá embora, eu vou. Mas pense bem. Voltará pra casa sozinha e passará esse final de semana, mais uma vez sozinha. É isso o que quer? Ao invés de ter um homem ao teu lado que vai te fazer bem... me diz, o que você quer? Se me disser para me afastar, eu me afasto. Mas se não... Eu vou contigo, e ficarei contigo.
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Sonho Imperfeito
RomantiekAdrien era um homem que não se apaixonava fácil. Achava que não iria acontecer, até conhecer Marinette, a esposa do seu colega de trabalho a quem traía com a supervisora do departamento de logística. [ Releitura da minha fic Loveless Revenge ]