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P.O.V. Narradora/Autora:

Heyoon tinha acordado mal depois de um dos piores pesadelos que já teve. É um dos piores porque está acontecendo na realidade. Ela vivia em uma casa cheia de brigas, onde seus pais a tratavam com repulsa e a chamavam de monstro. Ela acordou com os olhos cheios de lágrimas e desabou no momento que percebeu que aquela cena de seus sonhos era o que estava acontecendo ultimamente.

A garota continuava se sentindo culpada por ser lésbica. Ela se achava um erro e tinha toda a certeza que estava errando como pessoa e como filha. Odiava ver seus pais daquele jeito com ela. Sentia falta dos pais carinhosos e amáveis que antes existiam.

Hoje teria mais uma sessão de terapia e sua mãe estava animada, pois iria tentar conversar – finalmente – com a psicóloga de sua filha e entender como estava a garota. Sina sabia disso, mas não sabia como falar com a mulher. Passou a noite pensando nisso, já que Heyoon era uma paciente importante, tanto pelo fato de saber que seu problema era a família que estava apagando seu brilho quanto por ter sentindo algo – e talvez não queria admitir.

A morena chegou com sua mãe na clínica há cinco minutos e esperava a Deinert chamá-las. Sua mãe batia as unhas na capinha do celular enquanto Heyoon balançava o pé e olhava para a tela do telefone.

— Heyoon? — a recepcionista chamou. — A doutora Deinert já está esperando-a.

— Obrigada — Heyoon agradeceu, levantando.

— Te espero aqui, viu? Vou falar com ela hoje — a mãe avisou. Heyoon assentiu e foi para a sala.

Bateu na porta que foi aberta pela psicóloga. Sina sorriu ao ver a garota e pediu para entrar. Heyoon foi logo sentar no mesmo local de sempre e Sina sentou-se à sua frente.

— Como está? — a loira perguntou.

— Difícil essa pergunta — murmurou.

— Aconteceu alguma coisa?

Heyoon ficou em silêncio, apenas olhando para a doutora. Sabia que se contasse, iria chorar, e não sabia se estava preparada para isso. Mas Sina a olhava com tanta doçura que fez com que a morena se sentisse à vontade para contar.

— Eu tive um sonho... — começou. — Um sonho da realidade. De como meus pais estão me tratando e tratando minha sexualidade. Foi tão ruim, Sina! — Passou as mãos no rosto. — Eu me sinto tão mal. Sinto que sou um erro, que estou errando e pecando, que eu não sou quem eles queriam que eu fosse, que eu não deveria ter falado nada e muito menos gostar de mulheres, eu não deveria... Eu sou um erro. Isso é tão errado... — Abaixou a cabeça frustrada.

— Você não é um erro, Heyoon.

— Mas eu sinto como se eu fosse! É horrível tentar sentir atração por garotos para isso ser realmente uma fase, como meu pai disse.

— Você precisa entender que isso é sobre sua família e sobre como eles lidam com isso. Seus amigos te apoiam, não apoiam?

— Sim — murmurou.

— O problema não é você, são seus pais.

— Eu gostaria de acreditar... Mas minha mãe já deixou bem claro que eu não era normal e que ela queria uma filha normal.

Heyoon sentia lágrimas descerem de seu rosto. No primeiro momento já tinha desabado e falado tudo. Estava chorando. Ela não aguentava mais guardar tudo para si. Seu peito doía, seus olhos ardiam, as mãos tremendo e suando.

Sina colocou a mão no queixo da morena e levantou o rosto. Viu o medo explícito em seus olhos. A loira fez um breve carinho onde pousava sua mão e se aproximou um pouco. Heyoon suspirou, sentindo a respiração da Deinert bater contra seu rosto.

Solução - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora