CAPÍTULO 1 - Let's Go, Hawkins!

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Julho de 1985, Hawkins, Indiana.

Olhei para o relógio e já eram quase 19 horas. Finalmente cheguei em Hawkins. Foi uma viagem cansativa de avião de South Lake City até Indianápolis e outra de táxi até Hawkins. Não tenho culpa se minha idade real é 17 anos e a coluna é de 80. E pra piorar, minha coxa grudou no carro do taxista e quase arranquei minha pele quando saí. Ironicamente, amo o verão.

As vezes eu me perguntava durante a viagem, por que Hawkins?

Pela beleza da cidade? Definitivamente não. Pela beleza dos habitantes? A única pessoa bonita que mora em Hawkins é a Nancy Wheeler, então não. Pelo shopping magnífico? Se Hawkins teve um shopping, não estou sabendo.

É por que quero um pouco longe dos meus pais e me descobrir como pessoa? Sim.

Eu não podia reclamar. Ir para Hawkins foi uma escolha minha. Poderia ser qualquer lugar dos Estados Unidos, mas aqui era o único lugar que eu tinha uma família pra me ajudar e meus pais tinham confiança na tia Claudia. E óbvio, terminar o ensino médio em um lugar diferente. Vai que eu seja popular.

O taxista deve estar pensando o que eu fui fazer nesse fim de mundo, por isso o desânimo do cara. Aquilo me deu vontade de dizer: Desovar um corpo. Brincadeira, só falaria que ia buscar umas drogas pra vender.

Assim, quando cheguei na casa dos Henderson, peguei a mala no táxi e fui até a porta, dando duas batidinhas nervosa. Após um tempo, quem atendeu a porta foi tia Claudia, a mulher gordinha e baixinha que segurava um gato laranja em seus braços. As vezes eu esqueço que ela ama gatos.

— Mary Ann! Você chegou, finalmente! Venha, entre! - Disse minha tia em total alívio e felicidade.

Enfim, ela largou o gato e abriu os braços, me dando um abraço extremamente apertado.

— Oh, minha linda! Eu quase não a reconheci! Desde a última vez, você era uma criança fofa, e agora está uma mulher! Deve ter deixado vários namoradinhos lá em Utah!

— Deixei... Deixei muitos! Eles imploraram pra eu ficar em South Lake, acredita? - Debochei fingindo tristeza. - Eles se ajoelhavam pedindo pra eu ficar, mas tive que impedir... Com um chute na cara.

Uma cara de cu se forma na cara de tia Claudia. Ri dela. Ela é tão comédia.

— Sua bobinha. Por isso você e Dustin se dão tão bem. Enfim, posso levar sua mala lá pro quarto, se quiser.

— Não será necessário, obrigada, tia. Não quero que se canse. Com licença.

Quando me virei pra sair da sala, me lembrei de uma coisa, e perguntei:

— Aliás, cadê o Dustin?

— Ele está no quarto de cama, querida. Dustin teve uma gastroenterite nesse verão, deve ser nervosismo em voltar as aulas. Primeiro ano do ensino médio, não é?

— Claro. Vou lá ver ele.

Enquanto eu largava a mala no quarto de visita, percebi que algo estava errado. É paranoia minha, eu sei, mas parecia que Dustin não estava naquele quarto. Dustin tende a se tornar muito dramático quando está doente, e se estivesse, estaria aos cantos gemendo de dor.

Nisso, andei até a porta fechada e dei duas batidas com a direita.

— Dustin, cheguei! Não quer dar oi pra sua prima favorita? Eu trouxe um presentinho pra você lá de Utah!

Nada. Não escutei nada. E isso me preocupou um pouco. Vai que ele tenha se engolido com o próprio vômito? Ou um sequestrador russo raptou o Dustin? Se bem que ele não ia aguentar um dia com ele por conta da chatice, mas enfim.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora