CAPÍTULO 14 - Tomando Providências

119 18 38
                                    

Eu e Eddie acordamos num susto com a batida na porta do quarto dele. Olhando o relógio, era dez horas da manhã, talvez de um domingo, ou seja, o último dia de férias de inverno do Eddie pois amanhã começaria as aulas na Hawkins High School. Por mim, ficaríamos juntos a tarde toda deitados assistindo filmes e conversando, mas a vida tem que continuar.

Eddie me deu um beijinho na bochecha e acariciou meu rosto, sorrindo envergonhado.

- Oi, Turner.

- Oi, Eddie. - Mordi o lábio junto a um sorriso tímido.

A porta continuou batendo, e assim, o mais velho bufou alto.

- Abre a porta, Eddie! - Gritou Sr. Munson do outro lado.

- Já abro, porra! - Exclamou. - Não se assusta, Turner. A gente se ama. Mas... é um amor mais violento.

Eddie saiu da cama pelado e colocou seu roupão preto. Ele era ainda mais gostoso como veio ao mundo. Então, abriu a porta e falou com a mão na cintura para o seu tio:

- Diga, meu velho.

- Bom dia, senhor Munson! - O acenei da cama, tentando esconder ao máximo meus ombros expostos pelas cobertas.

- Bom dia para vocês também. - Respondeu o homem, que observara curioso o quarto bagunçado e depois para o sobrinho, e sua boca fez um sorrisinho de lado. - A noite deve ter sido muito boa pros dois. Escutei os barulhos de madrugada.

Uma vermelhão se formou no meu rosto. Pelo tamanho do trailer, até o barulho de uma latinha de refrigerante sendo aberta se escutaria bem, imagina de um casal transando como dois porcos pro abate no quarto ao lado. Fiz uma careta só de lembrar.

- Me desculpa... - Sussurrei.

- É. Foi muito boa. Boa até demais. - Suspirou o rapaz e me encarou maliciosamente mostrando sua grande língua, mas depois voltou ao tio. - Enfim, o que o senhor precisa?

- Vou ao mercado. Finalmente juntei o dinheiro das compras do mês. - Anunciou o mesmo. - Precisam de algo? Eddie?

Eddie pensou e falou logo em seguida:

- Dois sacos de mini pretzel, pizza e hamburguer congelado, Coca e um engradado de cerveja. E você, Turner? Pode pedir!

O cardápio do mais velho era curioso e nada saudável. Provavelmente, Eddie era daqueles caras que mesmo no auge de seus 20 anos retirava os legumes da comida, e aceitava apenas tomate e alface num hambúrguer.

- Eu não quero nada, obrigada. O que tiver é o suficiente. Ei, senhor Munson, tenho vinte pratas na carteira, o senhor pode pegar se quiser! - Avisei ao mesmo.

Ele agradeceu, mas falou que não ia pegar. Fiquei triste, queria ajudar.

- Quer que eu vá junto? - O Munson mais novo perguntou pro mais velho.

- Está terrivelmente frio lá fora, fiquem aí. E você no mercado é uma vergonha, me faz gastar o que não tenho! - Disse o tio bravo, franzindo a sobrancelha.

Eddie soltou uma risada irônica.

- Não tenho culpa se tenho alma de rico num corpo de pobre!

Me levantei tremendo de frio da cama e rapidamente pus o meu pijama jogado pelo chão. Nisso, segui Eddie e seu tio até a porta, onde ele se virou e encarou nós dois com os olhos semicerrados, dizendo:

- Eu vou indo, não abram a porta para estranhos, entenderam? Principalmente pra...ele.

- Ele, quem? - Ergui a sobrancelha, curiosa.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora