CAPÍTULO 10 - Uma Lembrança de Cada Um

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Eu não conseguia ver meu pai naquela situação, muito menos minha mãe. Nem ninguém. Dustin decidiu que ficaria em casa com o Steve enquanto minha mãe, tia Claudia e eu fossemos para o hospital. Na verdade, essa ordem foi organizada as pressas por recorrências óbvias.

Permaneci sentada na sala de espera em estado de choque, pois não tinha mais lágrimas para chorar. O médico disse que papai desmaiou porque estava com anemia, consequência do câncer e pela sua perda de peso.

Eu rezava a Deus e todos os santos possíveis para ele sair dessa merda e voltar a ser o homem que sempre foi, forte, guerreiro e cheio de amor pra dar e receber.

Olhei em volta do hospital, e para minha surpresa, percebi uma máquina de lanches, doces e refrigerantes no canto direito. Nisso, me levantei e puxei um dólar do meu bolso, e escolhi o que queria. Uma coca cola e barra de chocolate. Extremamente saudável.

Enquanto esperava as comidas caírem, assisti o que passava na tv. Era a reprise de um show de metal. Não sou especialista, mas pelo que sei parecia o Metallica, uma banda que estava em fase de ascensão.

Minha boca abriu um sorriso largo. Eu havia me lembrado do Eddie. Ele amava Metallica.

Mary Ann, sua trouxa burra do caralho. Perdeu o cara que te tratou com valor.

Eddie era especial. Nunca havia conhecido alguém igual a ele. Seu estilo, sua personalidade e sua beleza eram únicas. Me lembrei do toque de suas mãos, os olhos brilhantes e os cabelos bagunçados. Os momentos que tive ao seu lado foram mágicos, e pra ser sincera, dos melhores até as pequenas brigas.

- Mary Ann! - Gritou a voz aguda.

Franzi o cenho confusa e olhei para o lado. Nancy Wheeler. A garota mais incrível de toda Hawkins. Ela estava linda com seu vestido listrado rosa e branco e um cabelo perfeito de permanente. Desde que a vi, percebi seu crescimento. Nancy já era uma mulher madura.

- Nancy!!!

Abri um sorriso largo e corri até ela num abraço.

- Finalmente nos encontramos. - Falei. - Depois de alguns meses. Enfim, como você está?

Ela concordou sentida.

- Eu que te pergunto, Ann. Liguei pro Dustin pra desejar os parabéns atrasado e me desculpar por não ter ido na festa e...me contou que o senhor Turner desmaiou e que você estava no hospital. E aí eu fiquei preocupada e você sabe...

- Papai ainda está desacordado. O médico disse que ele pode acordar a qualquer momento. E eu e mamãe estamos, bom, desgastadas. - Suspirei.

- Fico feliz por isso! - Ela me encarou, aliviada.

- Mas não vamos falar de mim, vamos falar de você.

Segurei sua mão e a puxei empolgada, fazendo ela sentar na cadeira da sala de espera. Nancy ficou assustada, e assim afirmei:

- Vai entrar para a faculdade dos seus sonhos? Deixa eu me lembrar... Emerson!

Ela fez um suspense e deu um sorrisinho.

- Sim! Jornalismo!

Demos um grunhido alto, e a recepcionista soltou um shiu bem alto. Que maravilha ver seus amigos crescerem.

- Isso é ótimo, Nancy! Eu estou tão orgulhosa de você! Imagino que Barbara também esteja!

Seu rosto murchou e ela olhou cabisbaixa pro chão, como que se lembrasse de uma lembrança triste e estivesse prestes a chorar.

Eu não entendi.

- Vocês não são mais amigas? - Perguntei preocupada.

- Não... É que... - Ela engasgou com as palavras.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora