CAPÍTULO 15 - Arco-íris Após a Tempestade

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— Ruby, eu trouxe tacos. – Falou Rebecca atrás de mim.

Ruby? Quem porra é Ruby?

Ah, sou eu.

Ruby Lewis. As vezes acabava esquecendo que não sou mais a Mary Ann Turner.

Rickonha foi um anjo em ter feito uma identidade falsa pra mim. Eu devia minha vida e a vida da Ruby a ele. No entanto, embora muitas pessoas estivessem me confundindo com a Mary Ann, eu fingia total confusão até convencer que não era ela.

Eu tive que até enganar a dona do único teatro de Hawkins, Selena, pra conseguir a porra do emprego. E aqui estou. No intervalo, comendo tacos com ingredientes duvidosos feitos pela Rebecca, filha da Selena. Becky tinha catorze anos, a idade do Dustin, e ela nunca fora uma garota fácil.

Sempre brinquei que Becky era uma mistura de Wandinha Addams com Gremlin, não a versão fofa, mas a versão assustadora e reptiliana. Mas, consegui finalmente derreter o coraçãozinho de gelo dela.

As vezes ela me lembrava o Dustin. Saudades da teimosia dele.

— Eles estão deliciosos, mas como sempre, muito apimentados! – Eu disse após dar a primeira mordida na comida. – Você quer me matar com pimenta?

— Se eu quisesse te matar, definitivamente não seria dessa forma. E aliás, você é legal, nunca te mataria.

— Sabia que essa é a frase mais dita pelos assassinos antes de matar suas vítimas, Becky? – Afirmei um pouco assustada, fazendo Rebecca rir.

— Você é uma cretina. Ei, a escola continua um inferno?

— Digamos que... O calorzinho do inferno é interessante. – Dei de ombros.

Digamos que estou gostando do fato de eu comer todos os dias no banheiro feminino junto com a pessoa que menos esperava.

Max Mayfield, ou com mais intimidade, vizinha.

Max já desconfiava do meu disfarce desde que me viu perambulando pelo trailer do Eddie há uns dias.

Flashback On

" Dei a última baforada no cigarro no lado de fora do trailer antes de ir pra escola. Nessas duas semanas, eu aprendi a fumar junto com o senhor Munson e o Eddie, e percebi o quanto fumar me acalmava.

Eu só saí pra fora porque vi que a barra estava limpa, mas estava completamente enganada. Acho que os devaneios me deixaram cega em perceber que tinha uma garota na minha frente segurando a mesma caixa daquele dia que estive no Eddie.

— Mary Ann? O que você está fazendo aqui?

Arregalei os olhos quando vi a Max falando meu nome. Contra a parede, tentei negar nervosa. Merda. Merda.

— O que? Quem é a Mary Ann? Meu nome é Ruby.

Max ergueu os olhos sem um pingo de paciência e respondeu:

— Caso não saiba, eu não nasci ontem. Embora você esteja irreconhecível com esse cabelo e tudo mais, te vi chegando no trailer na noite do dia primeiro. Ah, e esse seu sotaque francês está impecável!

— Você jura? – Me senti lisonjeada.

— Sim! É uma ideia muito inteligente, parece até feita por uma criança do maternal!

Ela estava sendo sarcástica. Caramba, Max, não precisava ofender desse jeito.

Mas, o mais terrível é que Max me descobriu. Eu estava fodida e tendo um fim de merda.

— Está bem, você me pegou. – Ergui minhas mãos em rendição. – Pode ir lá contar pro Steve e pro Dustin que estou no Eddie. Já estou ferrada mesmo.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora