CAPÍTULO 11 - O Reinicio de Uma Nova Vida. Mas, será?

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Senti a brisa fria do início de outubro na sacada do nosso apartamento enquanto observava as montanhas amarronzadas de South Lake ao longe. Eu gostava de tomar meu café e comer minha torrada com ovos junto a essa vista magnífica.

Definitivamente, uma cidade lindíssima. Lindíssima até demais para alguém que já estava acostumada com a aparência melancólica e acinzentada de Hawkins.

Apesar da melancolia, o que coloria Hawkins eram as pessoas. Apesar dos defeitos, elas se preocupavam com as outras. Já aqui, ninguém olhava para ninguém e todos iam viver suas vidinhas merdas de cabeça baixa.

Mas eu não estava aqui por conta própria. Eu estava aqui pelo meu pai. Queria ver dia pós dia sua melhora e obviamente, dar suporte para minha mãe que não estava em suas melhores condições.

Nada contra Joshua, mas ele se tornou uma página virada e por mais que seja meu amigo, não era mais a mesma coisa. Reler algo que você já leu inúmeras vezes não é algo de se apreciar, tendo em vista que você já estava lendo algo totalmente novo.

Nisso, escutei o telefone tocar.

- Ninguém encosta no telefone! - Anunciei. E corri para atender.

Só tinha uma pessoa, na verdade duas que me ligavam cedo da manhã.

- Alô?

- Alô, Mary Ann! - A voz feminina anunciou eufórica.

- Robin, Meu Deus, que saudade!

- Como está aí em South Lake?

Na verdade, eu estava odiando. Mas vida que segue, não é?

- Está tudo bem, na medida do possível.

- Ah, que bom! Estamos sentindo falta de sua beleza aqui em Hawkins, não é fácil olhar pra cara de gente feia todo dia. NÃO É, STEVE?

Escutei um resmungo do outro lado da linha, e em seguida um gritinho histérico. O gritinho podia ser de qualquer um.

- Me dá esse telefone, Robin! - Ele falou, sem muita paciência. - A Mary Ann não tem o dia todo!

Robin deu uma bufada alta e disse ríspida:

- Já te dou o telefone, Steve! E quando eu te dar esse telefone vou enfiar ele bem no meio da sua...

- Opa, opa, opa! - A interrompi as pressas. Eu não queria ver e muito menos escutar telefones irem para outros orifícios. - Robin, passa pro Steve, antes que ele tenha um treco.

- Tá bom. Ah, valeu pela fita, eu amei a música! Tchau! Não me morde, Harrington.

Eu rio com sua resposta. Após uns segundos de silêncios, ouvi Steve.

- Bom dia, lindona. - Sua voz estava levemente em um tom galanteador. - Sabia que não parei de pensar em você desde que foi embora de Hawkins?

- Eu também não parei de parar de pensar em você, bonitão. - Provoquei mordendo o lábio. - Aliás, obrigada pelas flores que mandou, são magníficas.

- Flores me lembram você, por isso mando flores a uma flor.

- Que nojo. - Falou Robin do outro lado. - Só de escutar me deu sangramento nasal.

- Cala a boca, Robin. Deveria fazer isso com a sua namorada. - Debochou. - Ah, lembrei, você não tem.

Steve era extremamente romântico e galanteador. Ele enviava algumas flores junto com cartas perfumadas desde que me mudei. Eu nunca foi tão romântica, então isso era novo para mim. Eu estava gostando dele como uma espécie de paquera, e que poderá evoluir para algo um dia. Era um relacionamento saudável.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora