CAPÍTULO 13 - Matando a Saudade

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— Então, Turner, está me dizendo que fugiu da casa dos seus velhos e agora quer viver a vida como se nada tivesse acontecido?

Expliquei para Eddie cada passo da minha fuga até chegar aqui enquanto estávamos na cama dele, lado a lado mas com meus pés perto do seu rosto e minha cabeça perto dos seus pés.

Já eram cerca de duas horas da manhã e ainda estávamos acordados curtindo a presença um do outro.

Após parar pra pensar uns segundos, o lance da atitude da fuga foi extremamente besta. Fugir como uma covarde, deixando meus pais preocupados. Eu poderia ter sentado e tido uma discussão madura e amigável querendo me mudar, mas não, não fiz isso.

Só de pensar que eu saí de Hawkins para cuidar do meu pai, jurando nunca mais sair do lado dele até estar cem por cento curado me dava reviradas no estômago. Sou uma filha de merda.

Mas a culpa não é totalmente minha. Se eu estivesse ainda em South Lake, não sei o que aconteceria comigo se estivesse ao lado de Joshua, por exemplo.

Ele foi o culpado de ter me causado a merda da doença e perdido a virgindade com alguém que nem lembro, mas também me sinto uma parcela de culpa por confiar tanto nele.

E não quero falar isso para Eddie, pelo menos agora. Prefiro abrir um sorriso e pensar que tudo estava sob controle, apesar de sentir que eu estaria fodida daqui em diante.

O Munson mais novo me encarava como se eu fosse a pessoa mais louca da face da Terra.

— Basicamente, sim. – Respondi dando de ombros. – Enquanto moro aqui com você.

— Não. Isso é loucura. – Negou Eddie, balançando seus cabelos de um lado para o outro.

— Não é loucura, é uma forma de sobrevivência!

Eddie colocou a direita em seu rosto, ainda negando e agora estava rindo. Nisso, falou incrédulo:

— Turner, por mais que eu chame meu trailer de castelo... ele não é um, sacou?

— Eu tô cagando se é um trailer ou um castelo, Eddie. Quero que entenda que quero reiniciar minha vida morando aqui em Hawkins, e preciso da sua ajuda. – Falei, tentando me defender.

No entanto, Eddie ainda parecia descrente com tudo aquilo e decidiu me ignorar.

— Pra piorar, você esqueceu que é uma fugitiva! Eu sei muito bem o que é isso, meu velho foi um e fui o otário que teve que o esconder porque Hawkins inteira estava caçando ele! Pensa que o bostinha de doze anos Eddie Munson soube mentir? – Ele abaixou o tom de voz. – Na primeira pergunta do policial, eu mijei nas calças!

Mordi o lábio tentando disfarçar a risada.

— Por isso aquelas manchas amareladas na cama que seu tio tirou para eu dormir?

— Eu não sei do que você está falando, Turner. – Eddie se sentiu ofendido.

Assim, me recompus com uma tossida alta e falei séria:

— A questão é que eles vão entender e me deixarão em paz. Relaxa, ninguém vai bater na sua porta te ameaçando onde eu estou! E outra coisa, vou ficar aqui até procurar um lugar pra morar.

— Ah, sério? – Debochou o rapaz. – Com que dinheiro?

— Eu posso arrumar um emprego ou até mesmo vender drogas junto com você. Simples.

— Não quero que venda drogas. Não viaja, Turner. Eu já estou correndo o risco fazendo isso sozinho, imagina nós dois. E arrumar emprego que preste aqui em Hawkins é que nem achar um coelho que coloque ovo. É impossível. Se ganhar um dólar a hora agradeça. Vai por mim.

𝟏𝟗𝟖𝟔 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐞𝐬! - 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora