Capítulo 38

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Fernanda

— Estive pensando e acho que posso te ajudar em relação ao trabalho na fazenda. — Era noite e estávamos deitados na espreguiçadeira ao redor da piscina, a noite estava linda e bem quente e Clara já estava dormindo. Na última semana ela esteve um pouco enjoada, sem apetite, com diarreia e reclamou novamente de dor na barriga. Fiz um chá e ela melhorou. Mesmo assim marquei uma consulta de emergência com o seu pediatra, já estava na hora de fazer os exames de rotina. Raul acreditava ser devido ao exagero no chocolate.

Eu ficava em pânico toda a vez que ela reclamava de qualquer coisa e Raul, como já era experiente, sempre me acalmava. Ele contou-me que quando Clara era bebê ele também se apavorava por qualquer espirro e com o tempo foi se acostumando e entendeu ser normal esses momentos. Mesmo assim eu estava aflita, era horrível ver a nossa menina tão cheia de vida, desanimada.

— E sobre o que você pensou? — Eu amava o quanto Raul era dedicado, ele pensava em tudo e sempre encontrava uma solução.

— O café, Nanda! O seu irmão me contou que foi sua ideia, que chegou a falar com um especialista, além de ser um negócio altamente lucrativo, você pode tomar quase todas as decisões a distância.

— Eu também já pensei muito sobre isso. Faz tempo que Fernando insiste para que comercializamos, mas eu preciso de mais conhecimento para entrar nesse mercado.

— Com certeza! Eu posso te ajudar, você não precisa fazer tudo sozinha.

Uma onda de excitação me invadiu. O café era uma paixão desde criança, eu amava a bebida e quando disse ao meu pai, há alguns anos, que gostaria de plantar na fazenda, ele apoiou totalmente a ideia. Nós tínhamos a terra e a condição climática adequadas. Realmente o nosso café era ótimo, com a visita de um especialista eu aprendi muitas coisas. Não somente sobre o cultivo, mas também a qualidade dos grãos. Eu conhecia todo o processo, desde a plantação até o grão ficar pronto para o consumo. Agora eu preciso aprender como inserir o nosso café no mercado,  como criar uma marca, publicidade e todo o processo até pode colocá-lo a venda.

— Eu topo, mas com uma condição.

— Qual? — Raul perguntou interessado.

— Você ser meu sócio!

Acordei com Clara chamando do seu quarto. Levantei correndo, ela nunca chamava. Quando atravessei a porta, me assustei. Ela e a cama estavam sujas de vômito. Respirei fundo para controlar o meu desespero e fui na sua direção enquanto ela ainda tinha ânsias.

— Calma meu amor, respira!

— Eu vomitei na minha cama, Nanda.

— Não tem problema, vamos para o banheiro.

A peguei no colo e Raul apareceu confuso. Ainda não tinha amanhecido e por sorte a consulta com o pediatra seria a primeira do dia.
Raul ligou o chuveiro regulando a temperatura da água e tirei o seu pijama todo sujo. Acredito que ela estava com ânsias também por estar suja.
Assim que entramos debaixo da água a ânsia parou. Eu também tirei a minha roupa, pois ao pegá-la acabei me sujando. Fiquei só de calcinha e sutiã e lhe dei um banho bem quentinho e gostoso. Lavei o seu cabelo e no final ela já estava um pouco melhor. Enquanto Raul a pegou para secar e trocá-la de roupa, corri para o quarto e me vesti.

Busquei o meu secador para secar o seu cabelo, ela adorava. Enquanto terminava, Raul apareceu vestido, o dia estava amanhecendo e ele já havia telefonado para o consultório médico solicitando que a consulta fosse adiantada.

Clara estava muito pálida, com a boquinha branca e limpei uma lágrima que escorreu do meu olho. Eu não poderia chorar na frente dela. Quando estávamos saindo de casa, Raul com a filha no colo me um beijo rápido sussurrando que ficaria tudo bem.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora