Capítulo 39

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Fernanda

Bruno nos acompanhou até a clínica médica e ficou do lado de fora com Clara, Raul e eu nos sentamos de frente para o Dr. Mauro, pediatra, e mais outro médico que não conhecia. Nós aguardamos enquanto o pediatra pegou uma pasta com várias folhas contendo os resultados dos exames de Clara.

— Diante dos sintomas apresentados pela Clara e consequentemente dos resultados dos exames eu pedi a presença de um hematologista, ele irá explicar com maiores detalhes e conhecimento o que acontecendo.

Apertei a mão de Raul que segurava a minha e imediatamente senti o desespero tomar conta de mim.

— Bem, eu sou o Dr. Cláudio, como o meu colega disse, sou hematologista, o que significa que sou especialista na prevenção, diagnóstico e gestão das doenças que afetam o fígado, a vesícula biliar, a árvore biliar e o pâncreas.

Troquei um olhar com Raul e pude ver o mesmo desespero que o meu. Ficamos em silêncio enquanto o médico nos explicava o que estava acontecendo com a nossa menina.

— Infelizmente a Clara apresenta um quadro de hepatite aguda, sendo uma inflamação do fígado de forma abrupta. Felizmente vocês procuraram ajuda médica no início dos sintomas o que é um ponto muito positivo no tratamento. Porém, nós temos um agravante na condição dela.

— Não. — Não consegui me segurar e comecei a chorar enquanto o médico explicava. Não pode ser, isso não pode estar acontecendo.

— Esse tipo específico de hepatite é raro. No Brasil, apenas sete casos suspeitos estão sob investigação. Entre os casos já detectados com a hepatite misteriosa, os principais sintomas eram: sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos e aumento dos níveis de enzimas hepáticas, além de icterícia — coloração amarelada na pele, olhos e/ou mucosa — e ausência de febre.  Os vírus comuns que causam hepatite viral aguda que são os vírus da hepatite A, B, C, D e E, não foram detectados em nenhum desses casos e no caso da Clara.
Esse vírus ainda é de origem desconhecida e está acometendo crianças em ao menos 20 países. Muito severa, a doença não tem relação direta com os vírus conhecidos da hepatite.

Raul estava estático e não se moveu enquanto eu só chorava tomada por um desespero que doía.

— Nós faremos exames mais detalhados e começaremos imediatamente o tratamento, mas por não ter uma causa determinada, o tratamento atual da doença visa somente o alívio dos sintomas, além de manejo e estabilização em casos mais graves. Por ora, nós faremos o que está ao nosso alcance. Eu sinto muito!

— Meu Deus, Raul! — Me levantei e percebi que não sabia o que fazer, para aonde ir ou o que dizer. Era informação demais. Uma doença desconhecida? Como ela pegou isso?

— Refaça os exames. — Exigi. — Se é uma doença nova, como vocês sabem que é isso que ela tem?

Me virei para os médicos e dei um tapa na mesa, por que ele estavam me olhando e não se mexiam?
— REFAÇA OS EXAMES! — Gritei e Raul se levantou do lugar, parou a minha frente, segurou o meu rosto com as duas mãos e pediu que eu tivesse calma.

— Raul, você precisa mandar que os exames sejam refeitos. Vamos em outra clínica, outro médico. — Olhei para ele segurando suas mãos  e os seus olhos estavam cheios de lágrimas.— Por favor, Raul.

— Eu quero que você me explique de novo. — Pedi ao médico me afastando dos braços do meu noivo. Limpei o meu rosto, porém as lágrimas não paravam de cair.  — Você tem certeza? Deve haver algum engano, um erro, ou qualquer coisa que tenha dado errado nesse seu diagnóstico. VOCÊ ESTÁ ERRADO!

— Eu sinto muito, entendo como é difícil...

— Difícil? Você nos diz que a nossa filha tem uma doença rara, desconhecida e sem tratamento e acha que isso é difícil?

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora