Capítulo 24

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Fernanda

Foi difícil Clara pegar no sono, ela ficou muito agitada contando para o pai todas as coisas que conversou com meu irmão. Raul não gostou quando eu disse que dormiria no meu apartamento, por mais que eu amasse passar a noite com ele, também queria aproveitar o meu espaço, ler, pensar e me curtir um pouco sozinha. Eu adorava ter esses momentos para refletir, fazer uma comidinha rápida, beber um vinho de frente a minha janela panorâmica. Achava engraçado, pois eu imaginei tanto esses momentos e agora estava vivendo exatamente como planejei.

Dispensei o motorista que Raul ofereceu e pedi um taxi no aplicativo, estava passando pela portaria quando um carro parou ao se aproximar de mim. O vidro escuro abaixou e vi Tatiana que não se esforçou em disfarçar o desprezo com que me examinou de cima a baixo.
Mulherzinha arrogante, pensei!

- Não vai fazer hora extra na cama do patrão hoje, babá?

Não acreditei no que estava ouvindo, quem ela pensava que era pra falar comigo daquele jeito? Eu poderia respondê-la, descer no seu nível e causar até um barraco, mas não foi essa a educação que minha família me deu. Eu jamais faria uma cena na porta do condomínio do meu trabalho. Com que cara eu olharia para Raul na manhã seguinte? Que exemplo eu daria a Clara agindo como uma desequilibrada? Apenas sorri, bem debochada e continuei andando.

Ouvi o barulho da porta do carro batendo e em seguida senti uma mão com unhas enormes apertando meu braço e me puxando. Isso já era demais.

- Você ficou maluca? Solta o meu braço agora! - Gritei raivosa, espumando de tanta raiva. Um dos seguranças se aproximou, no entanto ela não me soltou.

- Eu acho melhor você voltar para o buraco de onde saiu, sua caipira. Ou eu vou acabar com você.

- Tira sua mão de mim. AGORA!

O segurança interveio afastando a de perto de mim! Eu tremia de raiva. Quem ela pensava que era pra me ameaçar?
O pior ainda estava por vir. Ela fez o maior escândalo tentando se livrar das mãos do segurança que mal a tocou. Os carros dos moradores que entravam e saiam do condomínio estavam parando para olhar a confusão.
Não demorou para eu ver de longe Raul caminhando apressado em nossa direção.
Antes que ele estivesse perto o suficiente para ouvir ela me ameaçou mais uma vez.

- Raul é meu, eu vou acabar com você.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele envolveu meu rosto em suas mãos e preocupado me questionou se eu estava bem. Só tive a reação de confirmar com a cabeça. Queria sair dali, odiava esse tipo de situação.

- Eu quero ir pra minha casa.

- Não. - Ele discordou sem direcionar um olhar para Tatiana. - Você vem pra casa comigo. - Seus dedos entrelaçaram nos meus.

- E quanto a você Tatiana...

Ela nem o esperou terminar e já foi me acusando. Era muito descarada.

- Ela me atacou Raul. Eu estava indo na sua casa e ela parou o meu carro me xingando.

- Eu não vou ficar aqui ouvindo isso. Você é louca.

- Fora daqui Tatiana. Você ultrapassou todos os limites. Eu te avisei mais de uma vez. Quero você fora do meu escritório.

- O QUE? Você ficou maluco? Está me demitindo, Raul?

Ele não disse mais nada e eu que já estava além do limite do meu autocontrole me deixei ser levada de volta pra casa dele. Ainda ouvimos Tatiana berrar e me perguntei mentalmente o que fiz para que ela me tratasse daquele jeito. Nos vimos pouquíssimas vezes, nunca tivemos uma conversa. A troco do que ela me ataca dessa maneira? O que Raul e eu tinhamos não era do conhecimento de praticamente ninguém.
Ficávamos mais em casa, ou saíamos eventualmente com Clara. Além de dona Rosa e Bruno acredito que mais ninguém saiba do nosso envolvimento. Nem mesmo Clara sabe que estamos juntos.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora