Capítulo 34

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Raul

Cavalgamos até outro barracão, esse ainda muito maior que o outro e de longe já era possível ver as vacas. Nos aproximamos e descemos dos cavalos. Observei o pai de Fernanda com vários funcionários cuidando do lugar.

— Aqui são as vacas leiteiras, o meu pai começou esse lugar tirando leite. No início eram vacas comuns e quando ele começou a ganhar dinheiro focou no melhoramento genético. Hoje além do leite, ele vende embriões das matrizes.

Notei o meu sogro caminhando na nossa direção. Ele era um homem alto, forte e muito jovem. Deveria estar na casa dos cinquenta anos.

— Não entendo nada que tem relação com o campo, estou gostando de conhecer tudo por aqui. — Confessei. O meu sogro apertou a minha mão e foi imediatamente chamado por um funcionário, pediu licença e saiu.

— O meu pai preza pelo bem-estar do animal, e já foi várias vezes premiado por isso. Eu sigo a mesma linha no haras. Animal bem tratado produz mais e vive melhor.

— Incrível! — Comentei. Acredito que nunca veria tanta vaca novamente na minha vida.

Saímos a cavalo e passamos por várias áreas destinadas a seguimentos diferentes, Fernando foi me explicando como tudo funcionava. As plantações, confinamento do gado até que paramos em frente a um cafezal enorme.

— Ual! — Não tinha o que dizer, eu sabia ser um cafezal, apesar de nunca ter visto um tão grande e bem cuidado.

— É da Nanda. — Fernando respondeu e fiquei aguardando ele continuar a história. Eu sabia que ela amava café, mas ao ponto de ter uma plantação.

— No início da adolescência ela quis plantar café aqui, nós não tínhamos ainda. O meu pai sempre apoiou as nossas vontades, trouxe um especialista e a minha irmã aprendeu tudo que precisava. Ela cuidou de cada etapa, acompanhou o preparo da terra, o plantio e a colheita. É a segunda safra, o café que consumimos na fazenda é produzido aqui mesmo.

— Não sabia que ela gostava tanto assim, ela não me disse...

— A Fernanda apesar de carinhosa e muito dedicada a quem ela ama, é bem reservada. Ela não é de falar sobre si mesma. Tô tentando convencê-la a comercializar, a qualidade do café é indiscutível e nós temos um bom estoque para ser lançado no mercado.

— É uma ótima ideia, ainda mais com o mercado aquecido que estamos no momento, o preço está lá em cima.
Como te disse, trabalho com investimento e esse, com certeza, é um segmento muito lucrativo.

— Vamos voltar, que já está quase na hora do almoço.

Montamos novamente e fazíamos o caminho de volta para casa quando Fernando começou a falar.

— Não sei se a minha irmã te contou o quanto eu fui contra ela ter ido para o Rio. Independente de qualquer coisa, ela é minha irmã, imagino que o amor que sinta pela sua filha, seja bem parecido com o meu pela Fernanda. Eu a vi nascer, crescer e é difícil aceitar que já é uma mulher. Nós ainda não nos conhecemos Raul, mas nada impede que sejamos amigos. A minha irmã gosta de você, da sua filha, e se ela está feliz ao seu lado eu também estou. Eu fico aliviado por saber que ela não está mais sozinha naquela cidade e é  muito bom ver o quanto ela e sua filha se dão bem. Desde quando nos falávamos por chamadas de vídeo já sentia que Clara era nossa.

Agradeci com um aceno de cabeça, sinceramente emocionado. Não conseguiria falar nada naquele momento. Tudo que eu sempre desejei para minha filha é que ela fosse amada, tivesse uma família unida que desejasse tê-la por perto. A rejeição da sua mãe deixou marcas que somente o amor de Fernanda e a sua família conseguiriam apagar. Um dia eu desejei encontrar uma mulher que assumisse o papel da minha esposa e mãe da minha filha, não pensei que acharia muito mais que isso em uma mineirinha linda como a minha Fernanda.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora