Capítulo 33

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Raul

Acordei e o quarto estava escuro com as cortinas fechadas. Ouvi uma conversa longe e procurei o meu celular para olhar a hora. Me assustei ao ver que já passava das 8h da manhã. Eu nunca dormia até tarde assim.

Na noite passada depois que Fernanda saiu do quarto pensei que demoraria para adormecer, mas estava tudo tão silencioso, sem o barulho do trânsito, buzinas, sirenes ou qualquer tipo de poluição sonora tão comum na cidade grande. Apesar de morarmos num condomínio fechado não ficávamos livres do barulho.

Fiz a minha higiene matinal, coloquei uma roupa confortável e saí do quarto. Parei em frente ao quarto da minha namorada, mas como já previa não encontrei ninguém. A cama já estava arrumada e as janelas abertas.

Desci as escadas e fui para a cozinha. Beatriz, minha sogra, estava cortando algo no balcão da pia e dona Tereza sovava uma massa sobre o mesmo balcão.

— Bom dia! — As duas se viraram sorridentes na minha direção e a minha sogra parou imediatamente o que estava fazendo. Na pia tinha mais uma moça lavando louças.

— Bom dia, Raul! Dormiu bem, querido? — Beatriz perguntou e veio ao meu encontro, ganhei um abraço afetuoso e uma ordem para me sentar e tomar café da manhã.

— Dormi muito bem, tanto que acordei tarde como não acontece a anos.

A mesa estava muito apetitosa, com pães caseiros, alguns tipos de bolos, biscoitos, bolachinhas, frutas, sucos, leite...

— O café está fresquinho, acabei de coar. — Disse dona Tereza.

Eles eram todos muito simpáticos e acolhedores. Exatamente o jeitinho da Nanda. Sempre com um sorriso no rosto, alegre e fazendo de tudo para nos agradar. Era uma casa feliz, uma família unida e amorosa.
Observar a interação deles desde o momento que chegamos me fez lembrar de quando o meu pai ainda era vivo. Como também éramos unidos. Infelizmente a sua morte nos fez seguir por caminhos diferentes. A minha mãe afundou-se na depressão, a minha irmã foi embora do país e mesmo com o nascimento da minha filha, o que julguei que fosse nos reaproximar, continuamos afastados, distantes.
Era bom sentir-me num lar de verdade novamente, e estava muito feliz por minha filha ter sido tão bem recebida e amada por pessoas tão boas.

Dei um gole na bebida forte e fumegante e constatei o porquê Fernanda sempre reclamava do nosso café.
Aquele era o melhor café que já bebi na vida.

— Agora entendo a implicância da Nanda com o café.

Beatriz sentou-se na minha frente sorrindo e colocou a bebida numa xícara para ela também.

— Minha filha adora café desde pequena. Dava um trabalho, porque ela queria beber e nós precisávamos regular. Ela já era agitada, com uma dose de cafeína ficava impossível.

Sorri do seu jeito carinhoso e engraçado de contar, o sotaque deles era maravilhoso. O cheiro estava ótimo e como estava morrendo de fome me servi de tudo um pouco.

Estava numa conversa boa com Beatriz lhe contando um pouco sobre minha família quando ouvi vozes animadas se aproximando. Na cozinha, que era muito grande e bem equipada por utensílios e eletrodomésticos, havia duas portas. Uma delas dava para um corredor que ligava a sala de visitas a outra para os fundos da casa. Não demorou para Nanda, minha filha e Fernando aparecerem. Clara estava com uma cesta nas mãos e quando olhei para minha namorada fiquei paralisado por um tempo, meus olhos passearam pelo seu corpo.
Ela usava uma calça jeans justa que moldava o seu corpo, bota nos pés, uma camisetinha e para completar, um chapéu na cabeça. Era uma legítima garota do campo, como ela havia dito. Minha boca encheu de água e precisei disfarçar o tesãö que fiquei.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora