5. Sem Máscaras

23 10 0
                                    

Os três fugitivos tiveram uma noite tranquila de sono, tudo o que precisavam depois do susto que levaram na noite passada e de toda a adrenalida da fuga.

Laion foi o primeiro a acordar na manhã seguinte. Quando abriu os olhos, viu que seu braço estava por cima do peito de Cibele. Mais que depressa tirou seu braço dali, pois não queria parecer um tarado.

Ao se mexer, Laion acordou Cibele. A bruxa se assustou e deu um grito.

- Me desculpa, Cibele - Laion falou, apressado. - Eu não queria te assustar.

- Está tudo bem - Ela sentou na cama. - Só não estou acostumada a acordar num lugar desses.

- Você morava no palácio? - Laion perguntou, sentando-se ao lado de Cibele, que logo levantou e começou a mexer no armário à procura de alguma roupa que lhe servisse. Ela não poderia ficar para sempre com aquela camisola.

- Sim - respondeu ela, enquanto escolhia alguma roupa. - No castelo havia luxo por todos os lados, mas essa casa é bem simples. Estranhei quando acordei.

- A vida no castelo deve ser cheia de mordomias - disse Laion. -, menos para os serviçais, né?

- Exatamente. É difícil uma vida onde devemos seguir um monte de ordens.

Laion observava a bruxa que vasculhava o armário, mas havia poucas peças úteis, pois praticamente tudo estava rasgado ou muito velho. Depois de muita procura, Cibele encontrou um simples vestido marrom e decidiu vestir, mas não queria tirar sua camisola na frente do homem. Quando Laion percebeu, virou-se de frente para uma parede.

Cibele tirou a sua camisola branca, que já estava marrom por conta da sujeira, e ficou apenas com suas roupas íntimas. Enquanto sentava-se na cama, Pin falou:

- Uau! Você fica mais linda sem camisola.

- Pensei que estivesse dormindo! - Cibele gritou, enquanto escondia seu corpo com o vestido. Laion também se virou e lançou um olhar zangado contra Pin, que olhava para os dois.

- O que foi? - perguntou Pin. - Reconheço um belo corpo feminino quando vejo um.

- Tenha mais respeito com ela, seu babaca! - Laion ergueu a voz e levantou-se, apontando o dedo para Pin, enquanto Cibele vestia-se rapidamente. Ela se irritou ao perceber que os dois estavam brigando.

- Pra quê tanta raiva, loirão? - Pin provocou com um ar de deboche. - Foi só um elogio, e aliás, em minha vida já vi mais mulheres peladas do que vocês dois juntos.

- Fique você sabendo que também já vi mulheres peladas - Laion falou, tentando não deixar sua masculinidade quebrar na frente de uma garota.

- Vocês dois querem parar de discutir para ver quem é o mais machão daqui? - perguntou Cibele, que não aguentava mais as discussões ridículas dos dois e já tinha terminado de se vestir. - Eu sei muito bem que querem se exibir na minha frente para me conquistar com esse jeito pegador, mas isso não vai funcionar, pois eu não sou como essas meretrizes que vocês veem em qualquer vilarejo.

Cibele saiu irritada do quarto e deixou os dois sozinhos lá dentro. Laion aproximou-se de Pin e falou em um tom que apenas o outro ouviu:

- Muito obrigado por atrapalhar o momento, seu folgado. Cibele e eu estávamos nos dando bem. Ela até tava me contando sobre a vida dela. Ao contrário de você, eu sei respeitá-la.

- Eu também respeito ela, e inclusive, até fiz um elogio se não percebeu - disse Pin, sem demonstrar medo algum. Os dois transmitiam muita infantilidade enquanto discutiam. - Mas não é por isso que você deve me agradecer. Me agradeça por ter feito ela dormir com você essa noite. Tenho certeza que foi bom, e pelo jeito que ela te olhava, aposto que ela gostou também - Pin deixou o quarto e, ao passar por Laion, deu dois tapinhas em suas costas. - De nada, amigo.

Cibele: A Bruxa do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora