19. O Mausoléu

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Cibele foi uma das primeiras a acordar na manhã seguinte. Ao sentar em seu colchão e olhar ao redor, pôde ver que o salão subterrâneo da taverna estava cheio de pessoas dormindo. Alguns deles roncavam alto. 

A bruxa levantou-se e foi até o andar de cima para que pudesse comer alguma coisa. Ela não se sentia muito confortável em um local cheio de pessoas estranhas.

A taverna estava com pouco movimento, já que o dia mal tinha amanhecido. Havia três homens tomando seu café da manhã, enquanto olhavam com desejo para Edith, que limpava as mesas. 

Cibele sentou-se ao lado da janela e Edith veio atendê-la, ainda triste por causa da morte de Geralt:

- Bom dia, Cibele! Dormiu bem?

- Dormi sim - respondeu ela. Estava feliz ao ver o rosto conhecido de Edith. Elas já tinham se tornado amigas, e desta forma, não ficaria tão desconfortável. - Olha só o jeito daqueles homens - ela se referia aos homens que olhavam para Edith, e agora, também olhavam para Cibele. Dava a impressão de que a qualquer momento puxariam elas para o canto e tirariam suas roupas. - Parece que nunca viram uma mulher antes.

- Os homens daqui são assim mesmo - falou Edith. - Já me acostumei, mas tem algumas garotas da taverna que xingam eles. Você quer comer alguma coisa?

- Eu vou querer pão com geleia e café bem amargo para beber.

- Tudo bem. Já vou preparar.

- Não quer ajuda? - perguntou Cibele, assim que Edith se virou. - Não quero ficar perto daqueles homens.

- Pode vir - concordou Edith. - Assim podemos conversar.

As duas foram até a cozinha para preparar o café da manhã de Cibele. O local era bem espaçoso, com vários armários e prateleiras para guardar comida e utensílios. Cibele comeu na cozinha mesmo, enquanto conversava com Edith:

- Me contaram que você era uma princesa. É verdade?

- Pois é! Meus pais são de Wesseris, mas eu desisti daquela vida chique e me juntei à guilda quando Pin assaltou nossa carruagem - Edith parecia muito feliz quando falava e não deixava de sorrir por um segundo sequer. - Ele me salvou de um casamento arranjado. Ninguém nunca fez algo tão especial para mim assim.

- Esse Pin é uma figura - Cibele completou. - No começo eu tinha ranço do jeito dele, mas percebo que ele é uma boa pessoa.

- Ele teve uma história sofrida. Acho que todos nós tivemos, então é compreensível. O mundo seria um lugar melhor se todos percebessem que somos feitos de erros e acertos, não acha?

- Sim, eu concordo - Cibele tomou mais um gole do café amargo.

- Mas me conta uma coisa - Edith quebrou um ovo na frigideira. - Está rolando algo entre você e o Laion? Ouvi alguns boatos.

Cibele nunca teve uma amiga antes com quem pudesse conversar sobre garotos, namoro ou apenas fofocar. Ela sentia que era estranho conversar sobre isso, mas ao mesmo tempo sentia uma grande confiança em Edith, como se fossem amigas há muito tempo.

- Bom - Cibele passou a mão por cima da orelha, arrumando seu cabelo. Seu rosto estava vermelho. - Eu acho que o jeito ingênuo e meio bobo dele é encantador. Minha irmãzinha adorava histórias de príncipes e dizia que um dia a gente encontraria nossos príncipes encantados. O Laion não faz o tipo de príncipe galã, mas para mim ele é perfeito.

- Own, que fofo! Ele me parece muito simpático e é muito melhor do que o Galron, não é?

- Comparar Laion a Galron deveria ser um crime - As duas riram. - Mas e você? Achou seu príncipe encantado?

Cibele: A Bruxa do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora