4. O Povoado de Pafhan

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Após derrotar os guardas que faziam a escolta da carroça onde estavam presos, os três fugitivos cavalgaram para o norte durante um bom tempo. Pin estava na frente e indicava o caminho que os levaria a um lugar que conhecia para que pudessem passar a noite.

Laion perguntou:

- Essa estrada vai pro povoado de Pafhan. É pra lá que a gente tá indo?

- Exatamente - respondeu Pin. - Podemos ficar lá essa noite.

- Eu já fui nesse povoado algumas vezes e é bem pobre - Laion explicou enquanto diminuia a velocidade de seu cavalo. - Eles nem têm estalagem ou lugar pra gente dormir.

- O que quer dizer com isso? - perguntou Cibele, confusa.

- Eu acho que é algum tipo de emboscada.

Os três pararam seus cavalos. Pin se aproximou de Laion e disse com um tom sério:

- Vocês me ajudaram a escapar daquela carroça, e agora, graças à minha maldita ética, eu tenho que recompensar vocês de alguma forma. E você tá certo. No povoado de Pafhan não tem nenhum lugar decente pra ficar, mas eu tenho uma casinha lá e também conheço alguns moradores que tão devendo uns favores pra mim, então eu vou dar um jeito. Agora vamos antes que a gente congele. Não que eu me importe com o fato de vocês congelarem.

Os três continuaram sua viagem e Cibele percebeu que Laion estava zangado. Embora ela não tivesse intimidade com nenhum dos dois, decidiu fazer uma pergunta para Laion, a fim de puxar assunto para se distrair durante o caminho:

- Por que você gosta tanto de implicar com o Pin?

- Eu não fico implicando com ele - Cibele fez uma expressão que dava a entender que não acreditava nele. - Tá, eu implico sim, porque não gosto dele.

- Ele tem um jeito meio controlador, como se gostasse de estar no comando, mas a minha intuição diz que no fundo ele é um bom homem.

- Você ainda é muito jovem pra saber essas coisas - falou Laion. - Tem quantos anos?

- Eu tenho dezenove - respondeu ela, que já estava ficando irritada.

- Você ainda tem muito o que aprender. Acabou de se tornar adulta e não pode confiar em qualquer um.

Ao falar isso, Laion percebeu que Cibele ficou com uma expressão de ódio em seu rosto, por isso perguntou:

- O que aconteceu?

- Eu posso ser nova, mas só eu sei o quanto eu sofri - falou ela, amargurada. - Então não diga isso para mim de novo.

Cibele perdeu a vontade de conversar durante a viagem. Um silêncio tomou conta dos três que permaneceram calados até chegarem ao seu destino. Quase trinta minutos depois, puderam avistar o povoado de Pafhan logo à sua frente, e como Laion descrevera antes, parecia ser realmente muito pobre.

Havia cerca de trinta casas bem pequenas de madeira e telhado de palha. Algumas delas tinham dois andares, mas também eram muito simples. Dentro de uns cercados de madeira ficavam algumas vacas magras e também era possível ver pequenas plantações de trigo que rodeavam o povoado.

Quando chegaram no local, Pin desceu do cavalo e puxou-o pelo cabresto na direção de uma casinha. Cibele e Laion apenas o seguiam.

Não havia nenhuma movimentação de pessoas naquele povoado e tudo o que dava para ouvir era o som de grilos e dos chocalhos das vacas.

Pin aproximou-se de uma casa e abriu a porta. Em seguida fez sinal para os demais entrarem. Assim eles fizeram, mesmo muito desconfiados.

Havia uma mesa no cômodo e alguns armários que foram rapidamente abertos por Pin, que estava procurava algo para comer.

Cibele: A Bruxa do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora