10. Rabo de Javali

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Os três sentiam-se muito arrasados depois de sua estada no convento, principalmente Cibele, que ainda não conseguia acreditar que a pequena Marta tinha morrido em sua frente.

Laion e Pin, embora não tivessem conhecido direito a garota, compadeciam da dor de Cibele e permaneceram calados durante uns vinte e cinco minutos após deixarem o local.

Em meio ao sentimento de tristeza, comemoravam o fato de os guardas não terem os alcançado ainda e tinham esperança de que conseguiriam encontrar com facilidade o esconderijo das bruxas. Isso se ele realmente existisse.

Pin tentou puxar assunto, para quebrar o silêncio estranho que tinha ficado no local:

- Aquele guarda com a marca no rosto não é um guarda qualquer. O nome dele é Gilliard Huntbeast, mais conhecido como o caçador de bruxas. Ele é famoso por ter capturado e matado as mais poderosas bruxas que já pisaram no Território dos Cinco Reinos. Conheci esse cara quando trabalhava para o Mestre dos Ladrões. Nós tivemos sorte de sair com vida, pois encarar o Huntbeast é uma missão suicida.

- Acho que não é um bom momento para contar essa história, Pin - disse Laion. - A Cibele tá muito abalada. Olha só pra ela.

O olhar de Cibele encontrava-se distante e vazio, como se já tivesse morrido. Parecia que toda a felicidade que existia dentro dela havia desaparecido. Aquilo tinha sido muito impactante para ela, pois nunca tinha passado por uma situação parecida com essa.

Pin olhou para Cibele e falou:

- Pela cara dela, acho que nem escuta o que a gente tá falando. A gente poderia dizer qualquer coisa, que ela nem vai prestar atenção.

- Você não pode ser mais sensível? - Laion perguntou. - Ela acabou de perder uma amiga e você fica falando essas coisas. Como consegue ser assim?

Ao invés de Pin retrucar Laion, como normalmente faria, ele baixou a cabeça e ficou pensativo, o que era muito estranho da parte dele. Pin perguntou com um tom calmo de voz:

- Por que você me ajudou hoje? Mesmo depois de eu encher sua paciência, você me levantou, me carregou e me ajudou a montar o cavalo.

- Porque isso era o certo a fazer - respondeu Laion.

- Obrigado! - disse Pin, antes de um novo momento de silêncio entre os três, principalmente Cibele, que não soltou nenhuma palavra desde que atravessaram o portão do convento.

O sol já estava quase se pondo quando chegaram ao vilarejo de Thodel, há pouco mais de uma hora e meia de viagem da cidade de Vakídia.

O som das conversas e gritos das pessoas fez com que Cibele recuperasse a consciência e percebesse o que acontecia ao seu redor. Ela perguntou:

- Onde nós estamos? Já chegamos em Vakídia?

- Olha só quem voltou! - disse Pin. - Ainda não chegamos em Vakídia, mas estamos no vilarejo de Thodel. Se a gente continuar nossa viagem, logo vamos chegar.

- A gente pode parar para descansar? - Cibele perguntou.

- Descansar!? - exclamou Pin. - E correr o risco de a gente ser capturado pelo Huntbeast? Eu não tô a fim.

- Eu concordo com Cibele - falou Laion. - Eu nunca cavalguei tanto quanto hoje e minhas pernas já tão doloridas.

- Falta pouco tempo pra chegar em Vakídia - disse Pin. - Se a gente continuar agora, podemos passar a noite por lá.

Nesse instante, Cibele colocou a mão na boca, pois estava com vontade de vomitar. Tentou se segurar, mas não conseguiu e acabou vomitando em uma rua do vilarejo, enquanto várias pessoas a olhavam.

Cibele: A Bruxa do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora