7. O Convento

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Os três fugitivos cavalgaram na direção da cidade de Vakídia para que pudessem encontrar uma seita de bruxas, que segundo Laion, viviam em uma floresta próxima a ela.

Já tinham cavalgado por muito tempo, e se levassem em consideração a posição do sol, já tinha passado do meio-dia.

O trio sentia muita fome, pois não tinham comido quase nada depois que acordaram e agora passavam por uma estrada cercada por árvores em todos os lados. Não havia lugar para comer.

- Será que vai demorar muito para chegarmos em Vakídia ou algum lugar que tenha comida? - Cibele perguntou.

- Você também tá com fome? - disse Laion. Sua barriga roncava.

- Quando a gente passou pela cidade de Bounmont, uma hora atrás, ninguém tava reclamando de fome - falou Pin, com um tom irritado. - A gente pode até voltar, mas vamos nos atrasar bastante e todos sabemos que não é uma boa ideia ficar perambulando por aí durante a temporada de caça às bruxas.

- De novo essa história? - perguntou Laion, irritado.

- O que foi? É sério! A Lua de Sangue tá se aproximando e se virem a Cibele por aí, vão prender ela e a gente junto.

- Pin está certo - disse Cibele. - Não podemos nos arriscar demais, mas eu estou ficando com fome e logo precisarei de comida.

- Pelo que eu me lembro - falou Pin -, tem um convento de freiras logo à frente. Se quiserem, a gente pode passar um tempinho com elas.

- Você tá maluco? - Laion gritou. - Elas provavelmente tão do lado dos inquisidores. A gente não pode ficar lá. Agora nós somos os três fugitivos mais procurados de todo o Território dos Cinco Reinos.

- Você fala demais, loirão - disse Pin. - Acho que seria mais lucrativo levar o corpo de vocês até Darkalna e ficar com a recompensa para mim. Quanto será que pagam pela cabeça da rainha e do seu amante?

- Por que vocês transformam tudo em briga? - perguntou Cibele, irritada. - E Laion não é meu amante. Mas em um ponto vocês dois têm razão, já que todo mundo vai querer nos caçar para conseguir uma recompensa. Por isso é hora de mudar o visual.

- Que ótima ideia! - disse Pin com ironia. - Se três estrangeiros chegarem em uma cidade e irem direto a um barbeiro mudar o visual, ninguém vai desconfiar de nada, não é?

- E quem disse que a gente precisa de barbeiro? - falou Cibele. Ela desceu do cavalo e caminhou até um pequeno riacho. Os outros foram atrás dela.

Ao ouvir o som da correnteza, Cibele sentiu muita tranquilidade e olhou seu reflexo na água. Ao fazer isso, sentia uma forte conexão com sua mãe.

Com simples movimentos das mãos, a bruxa fez seus longos cabelos ficarem mais curtos. Agora eles passavam poucos centímetros para baixo de seu queixo. Mudou também a cor deles de preto para loiro, assim como o cabelo de sua mãe e sua irmã.

- Boa ideia usar a água como espelho. E gostei do cabelo, majestade - falou Laion após descer do cavalo. - Com todo o respeito.

- Obrigada, mas não precisa me chamar de majestade - Ela ficou na frente de Laion e passou a mão perto de seu rosto enquanto movia os dedos.

- Ficou bom em você, Laion - disse Cibele enquanto ele passava as mãos pelo cabelo e percebeu que estavam mais curtos. 

Laion olhou seu reflexo na água do riacho e estranhou o que viu. O cabelo levemente comprido e loiro do taverneiro ficou curto e preto, com um pequeno topete na frente, além de ganhar barba e bigode. O que ele tinha gostado mais do que sua nova aparência, era o elogio da bruxa, mesmo que muito sutil.

Cibele: A Bruxa do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora