After Dark ── Devil's Night | Mads Mori

10. a hug can feel like love at your age

LUNA

8 anos atrás...

Eu acordei no domingo com um sorriso estúpido no rosto e passei o dia inteiro com o humor nas alturas. Conversei com a minha mãe a manhã toda, escondendo apenas os detalhes mais... Impróprios, me limitando a dizer que rolou mais que um beijo. Ela me aconselhou a dizer a verdade para meu pai e como eu já ia contar tudo a ele, achei melhor falar de uma vez. Com ela no viva voz.

– Fale algo, Ezequiel! – Minha mãe protestou.

– Eu não quero que isso se repita – a voz do meu pai era séria e isso era bem raro – Isso não é algo que eu consiga achar graça e aceitar, Luna.

– Não vai. Eu vou dizer isso a ele – concordei tentando demonstrar confiança a ele. Eu nunca faria algo que ele proibisse.

– Acho bom mesmo, minha filha. Eu também não acho legal um garoto subir pela sua janela. Nós nunca a proibimos de nada e não vai ser por causa de um interesse por um garoto que iremos a proibir de o ver – mamãe explicou e meu pai concordou.

– Você realmente não o chamou né? Por que se quisesse podia ter usado a escada e falado comigo.

– Eu sei papa. Ele veio de surpresa.

– E o que vocês conversaram? – ele me olhou desconfiado.

Eu fiquei vermelha como um pimentão. Eu tinha abertura o suficiente pra falar a verdade sem ser julgada por ele, mas não deixava isso menos vergonhoso.

Ele fechou os olhos e respirou fundo.

– Luna. Você transou com aquele garoto?

– Papa!

–Ezequiel!

Ele soltou o ar pela boca profundamente.

– Não pergunte essas coisas desse jeito. Já tivemos A Conversa com ela quando ela tinha 13 anos e ano passado também.

Eu lembrava muito bem. Quase traumatizante se não tivesse sido pelas crises de risos que os dois tinham.

Mas meu pai não estava rindo agora. E eu não gostava disso.

– Luna. Eu não preciso saber de detalhes. Eu só quero que você entenda que vocês conversaram ontem e ele subiu pela sua janela. Você não sabe como ele é com as garotas... Na verdade você mesmo disse que ele disse que não gosta de namoros. Ele tinha uma não-namorada.

Eu me remexi seriamente incomodada.

– Ele pode ser um garoto bom. Eu não duvido disso. Mas garotos, especialmente da idade deles não estão à procura de responsabilidade afetiva. Eu só quero que você pense bem antes de fazer qualquer coisa. Eu não quero que você se magoe por um garoto que você acabou de conhecer, filha.

Eu olhei para minhas mãos.

– Seu pai tem razão, pequena. Você não o conhece direito e muito menos essa cidade nova.

– Eu não transei com ele. E nem ia. Eu não estou pronta pra isso – os respondi sinceramente.

Eu havia gostado do que ele havia feito, mas se ele tivesse tentado mais eu não iria conseguir seguir em frente. Mesmo assim, eu estava envergonhada.

– Você vai fazer isso quando quiser fazer e com quem você quiser. Eu não estou te criando pra você se reprimir e ter vergonha de suas escolhas. Mas eu quero que você pense antes e não faça por que acha que deva ou que seus colegas já fazem. Você tem 16 anos e é nova. Não quero que tenha pressa para nada.