38. evergreen

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LUNA
Atualmente...


Meus olhos ardiam todas as vezes que eu olhava pra aquela luz branca. Era forte demais pros meus olhos cansados, mas eu recusava em me mover dali.
Eu havia memorizado todos os objetos daquele daquele corredor, mas teimosamente tentava achar novos para encarar e tirar meus pensamentos de tudo de ruim que me rodeou em vez de continuar pensando no que doía.

Eu deveria ter começado terapia anos atrás, assim eu achava que lidaria melhor com a dor. Pelo menos era um jeito de continuar me torturando em me mostrar na quantidade de merda que eu fazia por não gostar de pensar demais.

Pensar nunca foi meu forte. Sempre quando eu chegava em casa e não tinha nada pra fazer, eu tinha que arranjar algo. Nem que seja caminhar no centro de Madri as 2 da manhã ou ir comprar churros com chocolate no food truck que ficava a poucos metros do meu apartamento, sem mesmo estar com fome, apenas pra ficar conversando Paollo, o senhor de idade e vendedor. Tudo que eu fazia pra tirar minha atenção das minhas dores, era o que me ajudava a corre da fina linha que deixava minhas feridas abertas.

Eu cheguei nessa linha poucas vezes em todos esses anos e a última vez foi quando Mads me
deixou depois da nossa última noite que transamos. E eu sentia agora que eu estava cêntimos dessa linha e a cada dia que Mads não acordava, era difícil de fugir e eu chegava mais perto.

Eu suguei o ar pela boca, sentindo o ar gelado chegar até meus pulmões e me levantei olhando para o meu lado.

Banks olhava pro filho pelo vidro que dava pro seu quarto da UTI. Pela primeira vez eu acho que seu rosto mostra a derrota que sente por dentro. Ela provavelmente esperava Kai, que fazia a transfusão de sangue pra Mads.

– Os medicos estão positivos em relação ao estado dele – ela comentou quando eu parei ao seu lado.
Olhar pra ele doia. Eu preferia passar entre brasas de pés descalços a ver Mads da maneira que ele estava. Os tubos de oxigenio pela sua boca, os fios colados em cada parte do seu corpo.

O bala passou direto por ele, mas mesmo sem resquícios, ela havia atingido o meio do seu abdômen, quase colocando em risco seus órgãos e teve que passar por uma cirurgia no momento que chegou no hospital. Ele não acordou ainda e cada segundo dele desacordado me agoniava cada vez mais. Não importava o quanto os médicos disserem que ele está se recuperando bem, eu só irei ficar bem quando eu ouvir a voz dele.

– Como está seu ombro? – ela perguntou olhando para o mesmo.

Eu olhei ao meu lado, diretamente para o ferimento coberto pela minha camisa. eu havia acabado de trocar o corativo.

Meu ferimento havia sido leve, a bala passous pelo meu ombro esquerdo, então não teve um estrago enorme. Eu precisei de ponto e uma atadura para segurar meu braço e não fazer muito esforço. Eu sentia dor, mas os remedios davam conta disso por mim.

– Eu as vezes esqueço que está machucado – eu admiti. Eu não senti o tiro até Mads apontar para ele agonizando.

Eu lembro que eu só comecei a sentir dor, quando nós dois fomos levados pela ambulancia. A bala também não ficou alojada em meu ombro, então não foi dificil tratar a ferida e o sangramento.
Eu tive alta no mesmo dia, mas continuei ali no hospital. Me recusando a ir embora. Saia meia noite pra ir tomar um banho e voltava de manhã a duas semanas. Eu me recusava sair do seu lado.
Assim como sua mãe também.

– Kai foi resolver algumas coisa do dojo e está vindo pra cá.

Eu concordei silenciosamente, ainda com os olhos vidrados no homem deitado na cama de UTI.

– E... Indie me disse que você recebeu uma carta.
Eu suspirei cansada me lembrando da carta que eu recebi ontem a noite. Uma notificação para ser mais exata, da imigração. Eu fui embora da Espanha com o pensando de que iria voltar em um mês e agora meus planos mudaram completamente. Mas eu tinha que voltar pra assinar os papéis da minha demissão e daqui a um mes meu visto irá acabar e eu precisava sair dos Estados Unidos pra renovar novamente. Eu iria fazer isso e eu sabia como, havia pesquisado que não precisaria passar mais de duas semanas de volta na Espanha pra conseguir novamente o visto.

After Dark ── Devil's Night | Mads MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora