capítulo 31 e 32

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31

O sr. Peterson devia ter contado para ele quem estava esperando, porque Dax apareceu na varanda pronto para sair, calçado, de jeans e jaqueta. Ele fechou a porta e se dirigiu ao meu carro depois de um "oi" rápido. — Oi — respondi, e corri para alcançá-lo. Quando entramos no carro, olhei para ele. — Dia ruim? — Melhor agora. Agarrei o volante, porque não queria ver a expressão que acompanhava essas palavras. Nós dois ainda precisávamos evitar vínculos. Ver Jeff hoje era a confirmação de que ele melhoraria e tudo voltaria a ser como deveria. Eu não sabia para onde estava indo, até parar na frente da biblioteca. Dax também parecia surpreso com minha escolha. — Tem lição de casa para fazer? — ele perguntou. — Preciso pegar os meus sapatos. — Ainda não pegou? — Não faz tanto tempo. — Entrei na garagem subterrânea. Andamos juntos até a porta. A primeira sala em que entramos estava vazia, e isso trouxe de volta os sentimentos daquelas primeiras horas na biblioteca. Mas, quando chegamos à sala principal, havia várias outras pessoas andando de um lado para o outro, o que tornou tudo melhor, diferente. — Está tudo bem? — ele perguntou.

Respondi que sim com a cabeça. Passamos pela passarela de vidro e descemos até a biblioteca principal. Olhei primeiro embaixo da cadeira, torcendo para não ter que perguntar a ninguém. Não estavam lá. Fiquei parada, lembrando de Dax lendo naquela cadeira, recordando onde havíamos dividido o saco de dormir, bem embaixo dela. Ele lembrava a mesma coisa? Nós nos olhamos. — A gente devia ver se tem alguma maçã para roubar na cozinha — cochichei. Ele sorriu. Respirei fundo e fui até a recepção. A mulher atrás do balcão esperou que eu falasse. — Deixei um par de botas pretas aqui. Sabe se alguém encontrou? — Botas pretas... — Ela olhou embaixo do balcão, pegou minhas botas e as colocou em cima dele. — Ah, isso é uma bota de cano curto e plataforma — Dax sussurrou baixinho, ao meu lado. A mulher olhou para mim de um jeito duro. — Você deve ser a garota que ficou presa aqui no fim de semana passado. Eu não estava preparada para ser desmascarada. Só assenti. — Sua mãe nos deu uma lista de novos procedimentos para a hora de fechar as portas. Que resposta eu podia dar? Ela estava brava comigo? — Acho que foi uma boa ideia — Dax falou, depois pegou minhas botas e se afastou. Eu não conseguia acreditar que minha mãe tinha feito isso. Tudo bem, na verdade eu acreditava. Era a cara dela, mas eu estava morrendo de vergonha. Antes de subirmos a escada e voltarmos para a passarela de vidro, Dax disse:

— Quem liga para o que ela pensa? Essa mulher não é ninguém. Não se preocupe com isso. Não sei se ele achava que eu não podia enfrentar a escada nesse momento, mas Dax me levou para o elevador e apertou o botão. — Eu não ligo — garanti. E não ligava mesmo. A luz se acendeu e as portas se abriram. Entramos no elevador. Quando ele ia apertar o botão para descer, eu apertei o da cobertura, e as portas se fecharam. Ele ainda segurava as minhas botas, e eu as peguei e apertei contra o peito. — Já viu a torre do sino? — perguntei. — Não. — Devia ver. Considerando que só precisávamos subir dois andares, o elevador demorou uma eternidade. Quando as portas finalmente se abriram, nós saímos. Eu não sabia se a porta para a torre do sino continuava destrancada ou se teríamos que voltar e descer. Empurrei a barra e ela se abriu com um rangido alto. Dessa vez estava escuro, e eu acendi a lanterna do celular. A escada para o topo não dava a impressão de ser mais sólida do que na última vez que subi aqueles degraus. E agora, com os dois em cima dela, eu ria de nervoso a cada passo. Chegamos ao topo e abri a porta. Respirei fundo, absorvendo o ar frio. A coruja de madeira no alto do corrimão olhava para nós quando sentamos no pequeno espaço, de onde dava para ver o telhado inclinado. O espaço era muito pequeno e nossos joelhos se tocavam. — Não é legal? — Desliguei a lanterna do celular, porque as luzes da rua eram suficientes para iluminar um pouco o local. — É. Não sei como não vi isso antes. Nossa estadia não foi minha primeira vez na biblioteca. — Mentira — respondi, fingindo surpresa. Ele sorriu, depois levantou a cabeça.

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