capítulo 32 e 33 e 34

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Com a ida ao hospital e a visita à biblioteca, passei mais tempo fora do que havia dito aos meus pais que passaria. Abri a porta de casa levando as botas embaixo do braço e a fechei com o mínimo de barulho possível, torcendo para conseguir entrar no quarto sem ser vista. Talvez eles pensassem que eu estava lá o tempo todo. Mas, quando virei, meu irmão estava parado no hall, recostado na parede, olhando para mim. — Owen — gritei. — O que está fazendo aqui? — As aulas de quarta foram canceladas, e, como só tenho aulas às segundas, quartas e sextas, tirei a sexta de folga e encerrei a semana mais cedo. — Deve ser legal estar na faculdade, criar as próprias regras, ser dono do seu nariz. — Sorri para ele. — Parece que mais alguém aqui também é dona do próprio nariz. Que história é essa de ficar na rua até tarde da noite? Revirei os olhos. — São só nove horas. E eu estava salvando o mundo, um paciente em coma de cada vez. Ele fez uma careta. — Desculpa. Ele continua mal? — Na verdade, o Dax está bem melhor. — Quem é Dax? — Dax? Eu falei Dax? Owen levantou as sobrancelhas e confirmou, balançando a cabeça.

— Era o Jeff. Ele saiu da UTI hoje. Os médicos falaram que está tudo indo muito bem. Parece que a tendência agora é só melhorar. — Eu estava me repetindo, por isso fiquei quieta. — Que bom saber que o Jeff vai ficar bem. Mas quem é Dax? Meu rosto ficou quente. — Uau — Owen disse. — Não, não é nada. É só um amigo. — Sei. Não é o que parece. Quero conhecer esse seu amigo. Empurrei o braço dele. — Para de bancar o irmão. Comecei a me afastar pelo corredor, mas ele me fez parar quando disse: — Por que está carregando essas botas? — Elas ficaram na biblioteca, fui buscar hoje. — Foi a primeira vez que voltou lá? — Foi. — E lidou bem com isso? — Por que não lidaria? — Ah, não sei, a última vez que esteve na biblioteca, você desmaiou por causa de um ataque de pânico. — Lidei bem, sim. — Com alguma ajuda. Ele apontou para a cozinha. — Vou te dar um toque: a mamãe está preocupada com sua reação emocional a todas essas visitas ao hospital. — E esse era outro motivo que me impedia de contar aos meus amigos: já havia gente demais preocupada com minhas reações emocionais. — Olha só, você chegou há quinze minutos e já está espionando para mim. Ele olhou para o relógio. — Estou em casa há duas horas. Você é que não estava. — Detalhes, detalhes. — Atravessei o hall e fui para o meu quarto. Owen me chamou.

— Vai ter que passar um tempo comigo essa semana. Não vai fingir que não estou aqui. — Amanhã escolho a cor do esmalte de unhas. — Esquece. Eu mesmo escolho a cor do meu esmalte. Sorri para ele e fechei a porta do quarto, depois sentei no chão. Senti a dor de cabeça se aproximando. Esperava poder dormir bem essa noite, em vez de ficar revendo o dia durante horas como meu cérebro às vezes gostava de fazer.

No dia seguinte, na hora do almoço, Dallin estava na ponta da mesa como se conduzisse uma reunião. A dor de cabeça do dia anterior ainda me incomodava, e eu tinha a sensação de que ela ia piorar com isso tudo. Ele bateu na mesa com o punho para chamar nossa atenção. — O Jeff saiu da UTI ontem, mas a sra. Matson pediu para ele receber só uma visita por dia. Vou mandar uma mensagem para todos vocês agora com a agenda dos próximos sete dias. Se não puderem ir no dia de vocês, tentem trocar com alguém. — Esse Dallin bravo me incomodava muito. Eu não estava acostumada com isso. Meu celular vibrou. Peguei o aparelho e abri a mensagem com a agenda de visitas.

Hoje — Connor. Quarta — Avi. Quinta — Zach. Sexta — Dallin. Sábado — Lisa. Domingo — Morgan. Segunda — Autumn. Repetir até o Jeff poder ir à festa que eu vou fazer quando ele for liberado.

Sério? Ele ia fazer esse jogo? Era óbvio que ainda estava bravo comigo. Os outros conversavam e trocavam os dias de visita. Olhei para Dallin. Ele se fazia de inocente. Lisa se inclinou para mim. — Eu troco com você. — Mas você ainda não viu o Jeff. — Tudo bem. Ele vai preferir ver você. — Não sei se ele sabe quem está no quarto. Tudo bem. — Eu podia aguentar essa, se servisse para o Dallin se sentir melhor. — Talvez Jeff comece a melhorar e a mãe dele permita que receba mais visitas. Assenti. — Tomara que sim. Quando o sinal tocou e todos recolheram o lixo, Dallin ficou enrolando até restarmos só nós dois. — É justo, Autumn — ele disse. — Você já esteve com ele várias vezes. — Tem razão. Bom trabalho. — Era evidente que ele queria me deixar irritada, mas eu estava decidida a recuperar nossa amizade.

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