REFÉM | LIVRO 3 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ

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Todo homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objetivos, a certeza provém das próprias forças propulsoras.

Escrito por | Simone de Beauvoir

FELIPE

Cheguei na mansão e minha irmã estava jogada no sofá da sala de estar com um pijama que parecia mais uma roupa de um evento chique, segurando o ipad na mão e um sorrisinho quando me viu entrar.

Anajú: Qual a boa de hoje? — ela sentou no sofá colocando o ipad do lado — Poderíamos pegar uma baladinha, o que acha?

Felipe: Amanhã o dia começa cedo Anajú, e você deveria fazer o mesmo já que quer ser meu braço direito na Academia, certo? — revirou os olhos e riu baixo.

Anajú: Certo... — fez um suspense e continuou me olhando — A sua nova peguete deve ser muito boa mesmo já que você não quer nem sair. 

Felipe: Menos Anajú, e outra ela não é minha peguete. — encarei ela nos olhos por alguns segundos.

Anajú: Ok, não precisa ser tão intimidador assim. — ela abriu um sorrisinho.

Felipe: Acabou o interrogatório?

Alberto: Na verdade precisava falar com você. — meu pai apareceu na sala e seu olhar estava preso em mim — Vamos até a minha sala por favor.

Respirei fundo, segui o meu pai até a sala dele, o mesmo esperou eu entrar e fechou a porta atrás de mim. Fiquei em pé apoiado no encosto da cadeira enquanto ele sentou, o meu pai nunca teve rodeios, ele sempre foi muito direto ao ponto e comigo era ainda pior.

Alberto: Está cada vez mais difícil o contato com os Bottini's, eles não deixam passar nenhum X9 e..

Felipe: Mandou mais homens até eles? — neguei com a cabeça. — Você é inacreditável.

Alberto: Olha a boca filho. — ele encostou as costas na cadeira e cruzou os braços — Você seria a melhor opção, tem a idade do filho mais velho do Marcos que inclusive. — limpou a garganta sem tirar os olhos de mim — É o braço direito do pai.

Felipe: Desde o começo sempre deixei claro quais são as minhas escolhas, é difícil de você aceitar isso? — ele levantou e o segui com os olhos.

Alberto: Na verdade acho que você está querendo que tudo seja pelo jeito mais difícil, e filho. — suspirou — Se tiver que escolher pela dor vai ser muito pior, vai por mim.

Felipe: A minha resposta continua sendo não. — fiz uma pausa — Boa noite.

Saí de lá indo direto para o meu quarto, tranquei a porta e fui direto para o banho. Ele estava me pressionando mais do que nunca, e nessas horas eu me perguntava o porquê da minha mãe se envolver com um homem como esse. Deitei na cama só vestindo uma samba canção confortável da Tommy e peguei meu celular para terminar de organizar a surpresa para a Lara amanhã, vamos passar a noite em um Iate só nós dois e mandei fazer uma decoração e bolo para comemorarmos juntos.

Será que isso significa que estou apegado até demais? É uma grande merda levando em consideração o quanto a minha família é difícil e que eu sempre vou ter que colocar a organização em primeiro lugar, é lei, é o que a família Italiana segue e eu não posso mudar mas evito ao máximo me meter, só que meu pai está pegando cada vez mais no meu pé, e sinceramente não sei por quanto tempo consigo insistir nisso.

Quando deu 00h enviei uma mensagem para Lara e acabei pegando no sono em seguida, dormi a noite toda até o celular despertar às 07h e dei um pulo da cama, vamos para mais um dia. Cheguei na academia ela já estava lá, ainda mais linda, Lara é uma daquelas pessoas que ficam lindas com o uniforme do trabalho, mesmo se fosse calça larga e blusão, o impossível é ela ficar feia. O seu olhar foi de encontro ao meu, ela estava na recepção liberando o acesso de um aluno.

Felipe: Bom dia. — falei baixo antes de passar a catraca e fitei o seu olhar.

Lara: Bom dia senhor Felipe. — sua voz soou rouca, ela manteve os olhos no computador enquanto digitava algo e em segundos me olhou com um sorrisinho de lado, mordi os lábios terminando de passar pela catraca.

Será que um dia iria viver algo maior do que isso? Esses joguinhos me atraem, me deixa excitado pra caralho, principalmente quando é alguém que você não pode ter. Lara é o meu oposto, ela é meiga, racional e calma, e na cama a química é do caralho... mas será que isso permaneceria mesmo depois dela saber a real sobre a minha família? Sobre mim?

Entrei na minha sala perdido nos meus pensamentos, sentei e já abri o notebook ligando o mesmo e ouvi uma risadinha, levantei meus olhos e era a minha irmã. Desviei o olhar para o relógio que marcava 8h30 da manhã, mas já?

Felipe: Bom dia irmãzinha. — forcei um sorriso e ela revirou os olhos.

Anajú: Essa garota está te afastando de mim, não estou gostando disso.

Minha irmã sempre precisou de atenção demais, e ela está acostumada comigo sem ter nenhum tipo de relacionamento ou mulher, na verdade nenhuma mulher fixa. Nunca neguei uma balada com a minha irmã e ela estava acostumada com essa vida, e para entender que a minha vibe mudou seria meio difícil.

Felipe: Que garota? — arqueei a sobrancelha e digitei a minha senha no notebook.

Anajú: Não se faça Felipe. — ela caminhou até a poltrona que ficava na frente da minha mesa e apertou a mesma com as unhas longas- eu vejo o jeito que você olha pra ela, e você nunca olhou pra nenhuma assim.

Felipe: Não mete essa Anajú. — entrelacei uma mão na outra e encostei minhas costas na cadeira — Ela é minha amiga, e ajudo pra caralho no treino e somente isso.

Anajú: Então vamos pra uma balada comigo hoje, por favor. — ela choramingou — As pessoas não me conhecem como conhecem você, você tem carta branca pra tudo.

Felipe: O problema é esse? Faço um telefonema e resolvo na hora irmãzinha, mas hoje não vai rolar.

Anajú: Certo. — ela me deu uma última olhada, e eu conhecia bem aquele olhar.

Felipe: Ana Júlia. — a chamei quando ela virou as costas e a mesma virou me olhando por cima do ombro — Não faça nada do que vá se arrepender depois.

Ela não respondeu, saiu batendo a porta e suspirei. Se ter filhos é passar por esses problemas a vida toda, eu realmente estou fora.