Senhor Santiago (Livro 3 da "Trilogia Homens de Nome") DEGUSTAÇÃO

Capítulo Vinte e Seis

CAPÍTULO VINTE E SEIS

Brasil... São Paulo...

Sofia Lancem

Ando de um lado para o outro, volto a me sentar no sofá. A inquietação que sinto é sufocante, a ansiedade me corrói por dentro. Já faz três horas que voltei para o quarto, cada segundo que passava parecia uma eternidade. Khaol, disse que voltaria em duas horas mas suas palavras eram apenas um blefe. Provavelmente pensou que eu estaria dormindo quando voltasse. Penso em como eu teria sido idiota em acreditar nas suas palavras, se não tivesse visto com meus próprios olhos. Khaol, não é homem de uma mulher só, ele mesmo admitiu que não queria esse casamento. E a forma como Magot, se dirigiu a mim, ainda está bem fresco na minha mente. Khaol, é apenas um instrumento nas mãos de Magot, um soldadinho de brinquedo que obedece a cada uma das suas ordens. As coisas lentamente começam a fazer sentido na minha mente, os gestos, as palavras sutis. Recordo do jantar desastroso com Magot, e sua pergunta sobre temos filhos. É óbvio que ela sabia que Khaol, tinha feito vasectomia. Aquela pergunta que não percebi no momento tinha um segundo significa, que entendo perfeitamente agora. Magot, queria saber que Khaol, tinha feito seu papel em toda essa trama, e consumado o casamento, sei que só dessa forma o acordo entre Papai, e Magot, séria válido. Aquilo tudo não passou de um teatrinho bizarro, e que agora, considero uma humilhação. Laura, tinha razão. Mesmo suas palavras sendo cruéis, elas eram verdadeiras. Passo a mão pelo rosto, afastando as lágrimas contidas. Me sinto esgotada, sinto meu corpo no limite. Mas não quero dormir, nem mesmo quero olhar para a cama que estávamos deitados horas atrás. Me ergo, vou até a varanda. O vento frio arrepia minha pele, os prédios a minha voltam são enormes, a cidade ainda dorme para alguns. Tenho um vislumbre do mar, os primeiros raios de sol começam a surgir no horizonte. Não sabia que essa cidade tinha uma praia, preciso pesquisar melhor sobre esse país quando voltar, mesmo não tendo visto muito dele, gostei das pessoas, a arquitetura diferente e principalmente o calor. Mordo o lábio inferior, eu sou muito idiota. Fiz promessas, promessas que jurei jamais quebrar. Joguei tudo para o alto, por alguém que não tem caráter. Caí como um patinho em seus planos. Duas batidas na portam chama minha atenção, de início penso ser Khaol, mas esse pensamento logo se desfaz. Esse é o quarto dele, ou melhor. Seu abatedouro. Vou até a porta, agradeço a mim mesma mentalmente por trocar de roupas minutos depois que cheguei ao quarto. Sem checar quem quer que seja, abro a porta. Sou recebida pela expressão séria de Tony, cruzo os braços em frente ao corpo.

— Sra, Santiago. Seu celular — pego o aparelho sem cerimônia, o que eu mas precisava agora era falar com Maze. Quero perguntar por Khaol, mas escolho ficar em silêncio. Sei que não vou conseguir tirar nada de Tony. A forma como ágil no saguão, me provou como é fiel ao seu chefe. — infelizmente o Sr, Santiago. Vai demorar mais que o imprevisto para voltar, ele pediu para que ficasse atenta. Em breve ele irá ligar.

Apenas aceno ouvindo suas instruções. Noto sua postura está mas firme, sua expressão não me revela nada. Por fim um silêncio incomodo se instala, se Tony, se sente incomodado com meu olhar, ele não demonstra. Como se entendesse que essa é sua deixa para sair, ele se vira e vai em direção aos elevador. Meus olhos vão até o aparelho na minha mão, aperto com tanta força que posso ouvir os nó dos meus dedos estralar, e as pontas dos dedos ficarem branca. Ficar aqui dentro desse quarto é deprimente, não quero está aqui quando Khaol, voltar. Durante essas horas que estive aqui pensei na possibilidade de ir embora, fiquei imaginando formas de fazer isso. Só com o simples pensamento de ver Khaol, começo a sentir uma queimação no peito, e lágrimas voltam a brotar. Não acho que vou conseguir segura-las por mais tempo. A visão da praia que tive da varanda de repente surge na minha mente, quero pelo menos ver o mar, antes de ir embora.