nas alturas

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Ao anoitecer.

Quando a porta do escritório se abriu, ele enrolou os dedos em torno do cabo de marfim da pistola. No entanto, ninguém passou pela soleira.

— Colin? É Crispin. Não atire.

Colin praguejou.

— Entre logo

O escocês entrou, e a respiração de Colin entalou na garganta.

O rosto de Crispin estava tenso e sério, e um Wally ainda mais sombrio o seguiu. Quando Bates apareceu atrás deles, Colin se levantou tão abruptamente que sua cadeira caiu para trás.

— O que aconteceu? — explodiu ele.

— Não temos certeza. Tiramos as gavetas da mesa de Daniel e jogamos metade dos livros no chão, caso ele precisasse que soletrássemos que havia sido saqueado. — Crispin respirou fundo, sua expressão ficando ainda mais séria. — A culpa é minha. Vim direto para cá, caso você fosse precisar de ajuda. Wallace ficou para ficar de olho na Casa Hovarth.

— E?

Wally pigarreou.

— Mallory foi para casa como esperávamos. Menos de cinco minutos depois, ele saiu correndo como alguém que viu um fantasma, montou num cavalo e partiu. — O homem se remexeu, visivelmente nervoso.
— Achei que ele estava vindo para cá, então fui ver se o Bates tinha voltado para mandá-lo atrás dos papéis que você queria.

Colin sentou-se lentamente no canto da mesa.

— E para onde Mallory foi? — perguntou ele, apertando tanto a mandíbula que as palavras mal conseguiram sair. — Por um acaso, sei que ele não veio para cá.

— Não sabemos, Colin. Quando percebemos que não estava aqui, ele já havia desaparecido por horas.

— Os clubes — vociferou Colin, endireitando-se e marchando para a porta. — Vamos nos dividir.

— Sin, nós…

— Mas que inferno, Crispin! Por que demorou tanto tempo para me falar? — Ele virou-se de supetão e pressionou um dedo no peito do escocês. — Esqueça o que acabei de falar. A culpa é toda minha por tentar ser espertinho em vez de só atirar no desgraçado.

— Nós já verificamos os clubes — informou Crispin. — E todas as lojas na Bond Street.

O sangue de Colin congelou com o mau pressentimento.

— Verifique de novo. Vou até a Casa Mallory, e é melhor que o tal Jack saiba para onde o patrão foi.

— Para onde você acha que ele foi?

— Apenas o encontre — disse Colin em um tom sombrio enquanto sentia o peito apertar —, pois não quero pensar para onde mais ele pode ter ido.

Mesmo sem dizer as palavras em voz alta, ele sabia. Mallory não escapara de qualquer indício de culpa por dois anos sendo tolo.

Penelope poderia ter ido a qualquer lugar sozinha. Em sua ânsia por protegê-la , Colin poderia muito bem tê-la colocado em uma bandeja para um assassino. Se alguma coisa acontecesse, ele nunca se perdoaria.

— Colin?

— Vamos nos encontrar aqui em uma hora. Capturem Mallory caso o vejam. Não me importa como.

Milo estava parado no saguão quando eles saíram do escritório, sua expressão uma mistura de aborrecimento e perplexidade. Era hora de parar de se esconder nas sombras e confiar um pouco nas pessoas, decidiu Colin.

— Milo, preciso que fique de vigia aqui para caso lorde Mallory apareça. Escolha três criados e armem-se.

— Mi-milorde?

Just let me adore you (Apenas me deixe te adorar)Onde histórias criam vida. Descubra agora