Jardim Oculto

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Abine Akello Jackson
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 O sol morno toca minha pele de maneira tão gentil. O vento brando beija minha pele. Sinto meus pés tocar a grama. Está molhada e gelada. Consigo sentir tudo aqui como se fosse de verdade. Esse lugar é tão cheio de paz.

— Abine, sem sombra de dúvidas você é uma das mulheres mais lindas que já passou por aqui! — uma voz doce e, ao mesmo tempo, grave, diz ao longe. Me viro em direção ao som adocicado. Michael. Mais velho, porém, Michael — Você é realmente muito apaixonada por ele, não é? — pergunta ao se aproximar de mim. Ele é bonito, bem bonito. Seus cabelos estão lisos e está usando um terno branco com dourado. Ele deve ter por volta dos 50 anos — Acho bonito toda essa paixão que você sente por ele, mas, não sei se isso vai ser bom para o bebê! — arqueio uma das sobrancelhas para ele que se senta ao meu lado direito na grama

 Me aproximo um pouquinho mais para me sentar bem pertinho dele. Dobro minhas pernas e trago meus joelhos para perto. Abraço minhas pernas e apoio meu queixo entre os joelhos. Sonho com esse homem que se parece Michael, só que mais velho, desde sempre. Fazia tantos anos que ele não aparecia em meus sonhos.

— Faz tempo que você não aparece — sussurro para ele e suspiro em seguida — Fiz algo que você não gostou? — viro meu rosto para o encarar

 Ele para de encarar o laguinho, a nossa frente e também vira seu rosto na minha direção. Seus olhos misteriosos e doces me fitam. Ele pisca lentamente enquanto faz isso.

— Estou preocupado com o futuro do bebê — fala mais firmemente olhando bem na minha alma — Abine, vamos concordar que você a cada ano que passa mais possessiva fica. Entendo e sei exatamente como ficou assim, mas, eu estava lá, eu vi tudo!

— Estava? — falo bem baixinho, ele assente positivamente para mim bem lentamente — Deus deixa?

— Sim, ele me deixa ir e fazer o que bem entendo! — ele fala em um tom orgulhoso — E eu tenho visto tudo Abine!

 Abaixo a minha cabeça e olho para a grama. O som daqui é de uma cachoeira. Ela deve ser muito alta e grandiosa para o som dela chegar até aqui.

— Abine, eu gosto de você, sabe disso. Você é uma boa pessoa e eu odiaria ver você tratando sua filha como rival. Você sabe Abine, sabe bem que isso vai acontecer. Pode até estar acreditando que isso é maluquice, não é. Você acabará fazendo isso porque sou ele e sei, ele vai se dedicar inteiramente a esse bebê e quando ela crescer ela vai continuar sendo o foco principal da vida dele. Não, ele não vai te amar menos. O que você não enxergará que ao cuidar dela, ele está cuidando do amor de vocês também — ele respira profundamente — Procure ajuda Abine ou tente se controlar mais. Sabe aquela garota que você adora? Chama ela pra ficar um tempo com você e aprende com ela. Aquela menina de 19 anos sabe mais do que você imagina!

— Anely — sussurro; ele leva a mão até a cabeça, desvia seu olhar para longe e coça enquanto tenta segurar um sorriso. Ele olha de volta para mim e se recompõe

— É que ela me deixa sem jeito toda vez que a vejo! — ele começa a rir muito. Ele está nervoso só de falar dela?

— O que uma menina dessa idade pode me ensinar que não posso aprender sozinha? — ele arqueia uma das sobrancelhas — Eu só quero entender — digo em um tom mais baixo

— Abine, essa garota de 19 anos vai te ensinar uma lição valiosa que vai simplesmente abrir seus olhos! — fala firmemente — Essa garotinha vai te ajudar a se amar e você só perceberá que é isso que falta em você, quando você começar a se tratar como a coisa mais preciosa da sua vida e tratar seu bebê como sua melhor amiga! É de amor-próprio que você precisa, quem tem amor-próprio não se sente em constante competição como você. O que você precisa é se amar e priorizar esse bebê! — fala com firmeza — Comece agora ou ela não virá ao mundo, não deixarei! Não deixe para amanhã! AGORA! — a voz dele ecoa por todos os lugares. Está bravo. Muito bravo.

Inimigos DeclaradosOnde histórias criam vida. Descubra agora