Capítulo 33 - Inverno

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A mudança de estação trazendo a chegado do inverno fez com que uma nova fase se iniciasse na vida do jovem CEO. Poucas semanas após desfrutar de sua primeira noite de sono tranquila, Andrew fez questão de tomar café da manhã em sua cobertura, chamou seus dois amigos para que o acompanhasse antes de iniciarem as atividades do dia. Um típico sábado de inverno combinava muito com chocolate quente, enquanto sentados a mesa tagarelavam sobre tudo que ocorreu nos últimos tempos Andrew, desejou a presença de mais uma pessoa a mesa. A cadeira ao seu lado vazia, antes preenchida pela alegria contagiante de Katy agora só lhe trazia um ar de solidão.

A garota havia dados sinais de uma recuperação, primeiro os suspiros mais prolongados, depois alguns movimentos leves de seus dedos e até mesmo uma leve abertura de seus olhos, mas, depois de tantas expectativas Katy parecia ainda querer ter motivos para não voltar ou pelo menos era o Andrew perguntava a si mesmo, as vezes em seus pensamentos ele tentava compreender o quanto tudo teria sido um choque para que sua própria consciência não quisesse traze-la de volta a realidade. Ele ainda estaria ali por ela, ele sempre estaria ali por ela mesmo depois da tempestade passar porque ele a amava demais para desistir. Mesmo que naquele segundo ele tenha sentido novamente aquela aflição em seu peito, apenas se apegou a sensação do momento de parecer estar bem, ele precisava estar bem para as pessoas a sua volta, ele precisava ainda continuar naquela postura de forte a mesma que carregou por tantos anos. 

Ele conseguia fazer isso certo? Aguentar mais um pouco, só mais um pouco. 

Depois do café da manhã Andrew pela primeira vez sentiu necessidade de passar em um lugar antes de ir ao hospital. Andrew pegou seu carro e desta vez sem alguém do seu lado, sem seguranças para vigia-lo apenas com sua própria companhia, dirigiu até a cemitério que ficava um pouco mais afastado do centro, no caminho comprou um buque de margaridas as mais perfumadas e levou consigo. Agora ali parado a frente do túmulo de sua família, especificamente o de sua mãe ele se abaixou os colocando as flores ao lado próximo do seu pequeno retrato já envelhecido pelo tempo e marcas de chuvas. 

— Oi mãe. — ele disse encarando aquela foto. — Desculpe demorar tanto tempo para vir, eu acho que não estava pronto ainda. — ele olhou para os túmulos de seus irmãos e de seu pai por ultimo. — Eu sinto falta de todos vocês. — ele deu suspiro e coçou os olhos agora sentando de pernas cruzadas olhando para aquelas peças a sua frente. — Queria tanto poder dizer que em fim chegou inverno, lembro dessa época do ano ser a favorita de vocês... — ele olhou para túmulo dos irmãos. — Vocês estão bem não estão? — ele abaixou a cabeça agora soltando um riso por sua própria atitude. — Eu devo estar ficando louco eu acho, mas, eu precisava vir e dizer essas coisas e também dizer o quanto eu gostaria que tivessem tido a oportunidade de conhecer uma pessoa especial para mim. 

O rapaz ficou em um silêncio absoluto por longos minutos e depois finalmente se levantou, limpando barro de sua calça e encarando o horário em seu relógio de pulso. Sua mão buscaram seus lábios que transpassaram um beijo delicado que agora fora deposito na foto de sua mãe. 

— Eu te amo mãe. — ele a lágrima escorrer em seu rosto. — Por favor, se puder falar com a Katy diga a ela que estou aqui esperando que eu não quero que ela vá embora. — ele apenas disse adeus a todos e por último deu um longo suspiro encarando o túmulo do pai e sem dizer nada apenas saiu e o silêncio foi sua maior companhia dali em diante. 

Já que era fim de semana e Timy e Suzy estavam adiantados em sua tarefas, ambos foram até o hospital o que ajudou muito a senhora Miller que precisava sair para um plantão médico. Os dois ficaram sentados de frente um para outro nas poltronas do quarto, enquanto encaravam a cama de Katy assistindo seu sono profundo se prolongar mais um dia. Suzy levou as mãos até seu rosto, agora como se seus pensamentos fossem a consumir e sua expressão deixava claro isso. 

— O que houve? — Timy tocou seu braço. 

— Essa situação é frustrante. — ela encostou a cabeça na poltrona e ficou encarando a cama de Katy. — Eu passei tanto tempo com raiva dela e agora a coisa que eu mais gostaria é de ouvir a voz dela ou de vê-la correndo por ai falando alguma. 

— Eu sei como é. — Timy também olhou na mesma direção agora com uma expressão mais triste. — Ela sempre animava as coisas era diferente de nós.

— Ela vai acordar não vai? — Suzy o encarou agora. — Ela só está descansando um pouco dessa loucura toda.... — Suzy cruzou os braços e os dois ficaram em silencio. 

A porta do quarto se abriu e Andrew ficou surpreso com a presença dos dois ali, apenas fizeram um gesto de longe como uma troca de olhares e ele apenas caminhou até a cama de sua amada sentando na beirada e segurando sua mão. 

— Oi. — ele sussurrou em seu ouvido. — Eu demorei me desculpe, precisei passar em um lugar importante. — ele encostou seus lábios na testa dela e apenas ficou alguns segundos assim agora encarando seus dois amigos. — Você parece estar com ótimas companhias ultimamente não acha? Nem mesmo a mim esses dois fizeram tantas visitas na vida. — ele sorriu e os dois amigos ali fizeram caretas pela forma a qual ele se expressou. 

— Quer almoçar conosco hoje? — Suzy falou baixinho

— Pode ir vocês dois estou sem fome. 

— Certeza? — Timy parecia preocupado com seu estado. 

— Sim. — Andrew confirmou com gesto positivo e os dois apenas se conformaram. 

Assim que saíram do quarto Andrew deitou ao lado de Katy, trazendo para si suas mãos as vezes as passando por seu rosto como se estivesse sentindo seus carinhos. Ele parecia ter tanto para dizer e nenhum palavra o bastante conseguia sair de sua boca, o tempo parecia ser o seu maior inimigo agora e como ele desejava que antes da primeira neve cair ela pudesse abrir os olhos. 

Ele notou algo engraçado em meio ao seus pensamentos, as mãos dela não estavam geladas como da última vez, ou não tanto quanto algumas semanas atrás. Andrew apenas continuou encarando seu rosto paralisado e o quanto ele desejava que os olhos dela abrissem novamente, o quão eram bonitos os castanhos de seus olhos e sua pele que antes corada agora pálida pela fragilidade da situação agora também desejava que novamente ganhassem cor.

 A solidão se tornou companheira novamente durante dias, semanas, naquele quarto de hospital e Andrew todas as noites permanecia da mesma forma, deitando ao lado de sua companheira fechando seu olhos brevemente em um tentativa de conseguir dormir e o desejo de apenas que sua vida voltasse ao normal, que até mesmo os pudessem voltar aos desejos daquela lista feita por Katy para que se tornasse sua principal preocupação dali em diante, ele teria uma infinidade de amor para uma vida inteira para ela e ali agora ele só desejou tudo isso em meio a sua última súplica do inverno. 






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