A Chave Para Minha Vida

Capítulo 1 - Realidade

Los Angeles - 10:30 am

Telefones tocando loucamente, vozes em sintonias alternadas, passos constantes de um lado para outro, o cheiro do café fresco posto sob a pequena mesa de escritório e aquela pequena tela do computador que era o mundo inteiro em um único lugar. Esse era o constante dia rotineiro de Katy Miller.
Ali parada analisando mais uma matéria, estreitando os olhos cansados e pesados para conseguir concluir o último parágrafo, a jovem ansiava em seus desejos de que poderia um dia ir além. Sonhava que poderia realmente escrever algo que tinha realmente vivenciando. Já que se queixar não era sua melhor opção no momento, trabalhar para a segunda revista colocada pelo décimo ano consecutivo não parecia uma escolha ruim, muito menos fosse ruim ter aceitado essa proposta para ficar na redação. O grande X da questão era que Katy, finalizou o superior em Jornalismo há 3 anos, constantemente envia relatórios para subir de cargo o que parece ser algo totalmente improvável. Ela constante tenta lidar com a presença de uma jornalista mais experiente, Tiffany Willians, que sempre é escolhida para melhores matérias.
Rolou o mouse pela tela principal do site da revista, guiando para seguinte manchete:
10 ANOS PARA EMPRESA W - A PRIMEIRA EXCLUSIVA DO CEO

Aquela era uma grande chance para eles ficarem finalmente no primeiro pódio do ranking deste ano. Ela já conseguia imaginar os comentários pelos corredores, o quanto seu chefe se gabaria todos os dias, o quanto Tiffany chegaria ao topo da sua hipocrisia e intimidaria qualquer novo estagiário.
Seus olhos reviraram só de imaginar, depois seu estômago retorceu, não pelas ideias de sua mente, mas, sim, pela constante dor de estômago que tinha por não conseguir se alimentar direito. Com a correria do dia a dia, as coisas em casa estavam um pouco apertadas já que, constante sua mãe virava em plantões médicos. Sua alimentação estava resumida a uma única refeição, as vezes conseguia comer alguns lanches quando saia para cobrir alguma notícia com seu colega de trabalho Henry. Por ali todos trabalhavam em duplas, pelo menos os setores que cobriam notícias nas ruas constantemente.
Isso era o que mais lhe causava frustrações, já que as notícias que cobriam quase sempre não ganhavam credibilidade e ficavam com uma pequena linha no final da página do site.
Cansada mentalmente, psicologicamente exausta pelos problemas pessoais e profissionais Katy, afastou-se daquela tela, espreguiçando-se um pouco na cadeira agora encarando seu colega que estava todo curvado, em sua pequena mesa. O mesmo sofria de constante insônia e as vezes cochilava sem querer enquanto revisada algum artigo.
— Ei. — chamou em quase um sussurro. — Henry! Acorde!
— Não fui eu. — ele pulou ligeiramente da mesa a encarando com rosto vermelho.
— Teve uma noite ruim de novo? — ela o questionou com preocupação.
— Sim. — ele ajeitou os óculos. — Noite ruim.
— Quer descer e tomar um café?
— Sim. — ele levantou já animado.

Os dois caminharam até final do corredor, pegando um elevador até o primeiro andar. Logo se dirigiram até a lanchonete, sentando na mesa de sempre próximo a janela.
Enquanto tomavam café e olhavam descontraídos para a movimentação do local, Katy encarou a torre com enorme símbolo da empresa W.
— Vai ser essa noite. — Henry puxou assunto. — Viu a manchete enorme que eles postaram?
— É claro que vi.
— Essa vai ser a maior cobertura de todas. O nosso chefe já está se gabando por sermos a escolhida do tão famoso Andrew Evans.
— Com certeza rolou alguma verba...
— Nossa Katy.... — ele se aproximou mais para cochichar. — Fiquei sabendo que a quantia foi bem recheada.
— Para aguentar a Tiffany realmente precisa rolar muita grana.
— Eu não sei porque eles insistem nisso, você conferiu os pontos de audiência das últimas semanas?
— Todos nós vimos! — ela expressou indignação no tom de voz.
— Falaram que vai rolar até uma matéria completa só sobre a vida do CEO.
— Ele é tudo isso para uma página inteira?
— Tudo? — ele arregalou os olhos. — Ele saiu no ranking dos homens mais ricos, fora a influência sobre a midia
— Me parece triste... — ela continuava encarando a janela. — Ele é uma pessoa solitária.
— O cara anda com uma elite de seguranças, secretarias, tem uma empresa toda dele, não consigo imaginar ele solitário.

Depois que retomaram ao trabalho a matéria logo estava publicada algumas horas depois. A história do famoso CEO estampou todas as redes sociais da revista, sua história veio a tona depois de tempos quase esquecida.
Lá estava o jovem garoto, que surgiu de uma tragédia e se reergueu com grande império. W uma das maiores empresas investigativas a qual foi fundada com objetivo de salvar inocentes, pegar os culpados e solucionar crimes. Talvez por trás de tanta estrutura, planejamento e riquezas incontáveis, Andew fosse um rapaz realmente solitário como a mera repórter acreditava.
Ele enfrentou uma tragédia muito cedo, quando em uma noite ao chegar em casa seus pais e dois irmãos mais novos estavam mortos, todos com balas na cabeça feitos por alguém muito profissional em tiro. Para ele aquela tinha sido a pior coisa que lhe aconteceu, mas, é claro que tudo piorou depois já que o júri, apelou para uma acusação óbvia alegando que o único culpado era o único que sobreviveu. As alegações contavam por causa da fortuna, seguro de vida e até mesmo fundos os quais seu pai tinha guardado. 

Robert Yeon Evans foi um grande nome entre os melhores e mais influentes empresários da Coreia do Sul, o qual fundou o categoria de tiro esportivo das olimpíadas até que encerrou sua carreira para se dedicar a família, deixando muitos com inveja de todo seu património. 
A defesa buscou todas as formas e justificativas para inocentar o garoto Andrew, o que lhe custou meses na prisão até o seu julgamento acontecer. Um bom tempo depois, foram executadas provas o suficiente para inocenta-lo, mas, o assassino continuou sendo um grande ponto de interrogação.
Quem era? Por que fez o que fez?

Mesmo diante de tantas perguntas sem respostas, o sucesso da empresa W era inigualável o que resultou finalmente na sua primeira e oficial festa aberta ao público da grande sociedade e imprensa.
O evento acontecerá no grande prédio principal, o qual conta com instalações para funcionários, restaurante particular e a cobertura principal a qual vive o CEO, ou pelo menos é o seu local de residência até o presente momento.
Para uma entrevista exclusiva ele falará pela primeira vez, dando detalhes de tudo que rola nos bastidores e claro respondendo perguntas dos curiosos e fãs de seu trabalho.

Quando a matéria saiu foi o motivo de grande alvoroço na revista, todos festejavam a grande noite de hoje. Katy já estava desligando seu computador, recolhendo suas coisas, pois, expediente havia terminado e ela queria que acabasse logo aquele dia.
— Ei. — gritou um homem de cabelos grisalhos, testa franzida, óculos caído sob a ponta do nariz, apontando em sua direção.
— Agrh....— ela se abaixou, fingindo que não tinha ouvido ele falar, mas, outro grito fez ela estremecer.
— Katy e Henry na minha sala agora!

Os dois estremeceram como se aquele homem fosse uma bruxa dos contos infantis. Apenas caminharam lado a lado, até a porta da sala do chefe o qual estava acelerado caminhando de um lado para o outro.
— Senhor....— disseram em coro, com suas vozes mais baixas
— Venham, venham logo!
— Aconteceu algo? — o rapaz teve a coragem de questionar.
— Eu preciso de ajuda! — ele gritou, seu rosto estava soado, seus olhos arregalados e mãos trêmulas. — Aquela mimada quer me arruinar! — ele parecia estar muito alterado.
— Quem? — questionou Katy perplexa com a situação. — Como podemos ajudar senhor?
— Vocês dois... — ele foi até a mesa puxando uma folha com relatório. — Os dois, as sete em ponto, quero prontos e com trajes melhores, não esqueçam do jaleco com nome da revista. — ele se referia ao uniforme ridículo que criou para funcionários.
— Desculpe senhor, nossas matérias de hoje nós terminamos...
— Não terminaram. — ele jogou os jalecos. — Vocês dois vão cobrir o evento de hoje, eu só tenho vocês, eu preciso de vocês hoje.
— O que? — Henry amoleceu ao compreender a situação. — O evento da W?
— Por que? Cadê a Tiffany? — questionou Katy um pouco pálida.
— Não me lembrem desse ingrata. Quero vocês dois lá, cheguem na hora, sigam o roteiro e não pense em me decepcionar. — ele foi se aproximando jogando ambos contra a parede. — Entenderam?
— Sim, senhor! — responderam em coro agora paralisados.
— O que estão esperando? Vão, corram, corram. Faça essa noite ser a melhor de suas vidas, agora vão!
Ele recitou as últimas palavras quase como se estivesse usando um alto falante, os dois reportes correram seguindo aquelas instruções, correram para a melhor cobertura que já fariam, caminharam diante da porta para uma nova oportunidade, para mudar tudo e como isso mudaria